Há alguns meses, foi realizada em Boston uma conferência de três dias sobre “Espiritualidade e cura na medicina”. A audiência, de quase mil pessoas, incluía médicos, psicólogos, enfermeiros, profissionais da saúde, assistentes sociais, clérigos e pessoas que desejavam simplesmente aprender mais sobre a cura espiritual. Provinham de quarenta e sete estados americanos, além do Japão, Malásia, África do Sul, Canadá, Caribe e diversos países europeus e latino-americanos.
A conferência foi patrocinada pela Faculdade de Medicina de Harvard e pelo Instituto Médico Mente/Corpo do Hospital Deaconess, sob a direção do Dr. Herbert Benson. Este explicou que um dos objetivos do evento era demonstrar que há maneiras importantes de se transpor o aparente abismo existente entre ciência e espiritualidade.
O Arauto oferece aqui algumas observações sobre essa conferência sem precedentes.
LAÇOS MAIS ESTREITOS
“Olhe à sua volta e surpreenda-se”, disse o Dr. Dale Matthews, professor de medicina na Universidade de Georgetown, Washington, ao observar a audiência. Olhou também em direção às câmeras de televisão, microfones e computadores portáteis de quarenta e três jornalistas que estavam fazendo a cobertura do evento.
Entre eles estava a diretora de vídeos e documentários, Geri Lennon, que não pôde deixar de fazer um comentário pessoal: “Só o fato de se encontrarem, sob o mesmo teto, profissionais da medicina e pessoas que se dedicam à cura espiritual, já é fabuloso!” disse ela. “Muito embora sejam necessários dados apoiados em fatos para possibilitar uma troca de idéias como esta, temos de simplesmente reconhecer o júbilo e os milagres. ... Uma conferência como esta está espalhando as sementes da mudança.”
No jantar de abertura, houve um discurso proferido por Sir John Templeton, presidente de uma fundação que está empenhada em estreitar os laços entre a ciência e a religião e que dá apoio a mais de trinta projetos e estudos que buscam ampliar a compreensão da humanidade a respeito de Deus.
Ele disse que em todos os campos de pesquisa, no mundo de hoje, há um esforço constante de ultrapassar os limites do conhecimento atual, exceto no campo do conhecimento espiritual.
Contou que seu avô era médico do Exército Confederado, na Guerra Civil Americana. Sir John tem três filhos (inclusive uma nora) que também são médicos. Hoje, disse ele, sabemos cem vezes mais sobre o corpo, o universo físico e até sobre economia. “Mas esses meus filhos”, continuou, “não sabem praticamente nada a mais do que meu avô sabia, há cem anos,... a respeito da espiritualidade!”
Sir John disse que, em suas pesquisas, havia chegado à conclusão de que provavelmente 90 por cento dos pais, nos Estados Unidos, prefeririam orar por um filho que estivesse gravemente doente. Por que, então, perguntou ele, existem apenas sete faculdades de medicina, de que ele tem conhecimento, que oferecem diminutos cursos sobre oração e cura espiritual?
COMPARTILHANDO SUA FÉ
Representantes de oito grupos religiosos falaram na conferência sobre a prática de cura em suas igrejas. Inclua-se aí Virginia Harris, presidente do Conselho de Diretores da Ciência Cristã, que falou do privilégio de se encontrar e trocar idéias com tantos sanadores, e dos fortes laços que os uniam a todos.
“Cada um de nós acorda todos os dias com o desejo de curar, consolar, aliviar o sofrimento, no maior número possível de casos e de circunstâncias”, disse ela. “Viemos [a esta conferência] com a pergunta: Será que existe algum aspecto importante em nossa prática curativa, que talvez ainda nos falte conhecer? Será que existe um universo maior de saúde e sanidade, que precisamos compreender? E, em nossa busca de compreensão, poderemos apoiar-nos melhor mutuamente, para o bem da humanidade?”
A Sra. Harris contou quatro exemplos de curas físicas importantes, realizadas inteiramente pelo tratamento na Ciência Cristã, sem recorrer a nenhuma intervenção médica ou remédios.
Assim como fizeram diversos outros oradores, nesse simpósio, a Sra. Harris lembrou à audiência que durante todos os tempos, homens e mulheres espiritualizados oraram e curaram a si e a outros física, moral e emocionalmente. Há uma clara vinculação de cura na religião e na Bíblia. “O método de cura que praticamos na Ciência Cristã provém dessa herança,” disse ela, “herança que inclui vidas modificadas e físicos curados.... Mas o efeito... mais importante foi o de vidas transformadas, regeneradas e consolidadas na compaixão e na espiritualidade.” A palestra proferida por Virginia Harris foi publicada na íntegra no número de maio deste ano, do O Arauto da Ciência Cristã.
George H. Gallup Jr., um dos diretores da Organização Gallup, definiu a conferência como sendo um marco no esforço de estabelecer relações entre a espiritualidade e a saúde, de focalizar o mundo interior, e não o mundo exterior.
“As barreiras entre a fé e a razão estão desmoronando”, ele disse. “Muitos americanos estão morrendo de doenças auto-induzidas, que em parte poderiam ser atribuídas ao estado turbulento em que o mundo se encontra; à falta de tempo para a reflexão e para colocar a vida em ordem; e ao desligamento de Deus em que essas pessoas caíram. A proximidade de Deus é uma dimensão importante na vida das pessoas”, acrescentou ele.
DEBATE FRANCO
Durante o período de perguntas que se seguiu às palestras proferidas por dezenove oradores, muitos falaram da naturalidade e inevitabilidade da cura espiritual quando há um aprofundamento e ampliação no conceito que as pessoas têm de Deus.
Samuel Solivan, Ph.D., que falou sobre a cura espiritual nas igrejas pentecostais hispânicas, recebeu uma ovação. Ele contou sua experiência pessoal de cura de dano cerebral e desfiguração, quando ainda criança.
“Isso sim, é algo notável!” exclamou um pastor presbiteriano que trabalha com uma congregação predominantemente negra, perto de Los Ângeles, e que, até aquele momento, estava se sentindo um tanto irritado com a atenção dada às estatísticas médicas. “Agora eu sei com certeza que estou no lugar certo!”
Uma pessoa que trabalha com aconselhamento pastoral em Pawcatuck, estado de Connecticut, nos disse que estava satisfeita com a nova abertura entre a comunidade médica e os religiosos. “Nunca houve nada igual, até agora”, disse. "Chegou a hora de fazer tudo de forma diferente. Os médicos precisarão se arriscar a ir mais a fundo, ao mesmo tempo em que nós também teremos de nos deixar guiar pela intuição.”
Esse tipo de sentimento também foi expresso por diversos oradores, inclusive Steven Matthysse, professor de psicologia na Faculdade de Medicina de Harvard. Ele disse: “Se a cura espiritual for incorporada à medicina, deverão ser aplicados os mesmos padrões para aferir a eficácia do tratamento.”
Essa observação provocou muitos sinais de assentimento na audiência, como os que George Gallup Jr. provocara anteriormente, quando indagou: “Como iremos medir o amor, a generosidade, o perdão?”
CORAGEM DE DIZER ESSAS COISAS
O Rev. Samuel T. Lloyd III, Reitor da Igreja da Trindade, em Boston, que fez a oração no jantar de abertura, foi apenas uma das diversas centenas de participantes da conferência, que admitiram prontamente que está se estreitando o abismo aparente entre ciência e espiritualidade, na cura. “A ciência e a religião não pertencem a mundos opostos”, disse. “Elas se complementam mutuamente, em nossos esforços por compreender a realidade. Hoje em dia, cientistas e médicos estão reivindicando a coragem de dizer essas coisas.
“Na tradição cristã”, continuou, “acreditamos que o que acontece de fato durante a oração é muito mais do que a análise dos cientistas pode revelar. Na oração, deixamos que a nossa mente descanse na realidade do amor. Estamos envolvidos pelo silêncio, não abandonados. Com paciência, encontramos aquele amor que vem até nós. Quer estejamos orando por nossa própria cura ou pela de outros, o ato de abrir-nos a Deus em oração propicia oportunidades mais amplas para que o espírito curativo de Deus trabalhe em nós em prol da cura. E a oração sempre pode levar à cura, a uma maior confiança em Deus, mais coragem, clareza e entusiasmo pela vida, mesmo quando nem sempre ocorre a cura.”
Através de testemunhos e experiências pessoais, muitos dos que assistiram à conferência, assim como diversos oradores, reconheceram o poder de Deus de sarar “todas as tuas enfermidades”, como declarou o Salmista. Houve profundo interesse na confiabilidade da oração e da espiritualidade, pois foi mostrado que estas curam mesmo doenças em estado avançado e aparentemente incuráveis. Muitos perceberam que a busca da humanidade pela cura e pela saúde só poderá ser satisfeita pela espiritualidade.
Uma mulher de negócios, na audiência, nos disse: “Eu sou israelita. Esperei trinta e cinco anos para descobrir minha espiritualidade e a encontrei aqui. Aprendi tantas coisas... É por esse caminho que a medicina tem de enveredar!”
 
    
