Às Vezes, O crime parece ter êxito porque o pensamento criminoso faz suas maquinações sem ser detectado. Nomes falsos, subterfúgios, intimidação e até negócios aparentemente legítimos são algumas das maneiras de a criminalidade tentar se acobertar.
Os esforços sinceros na prevenção do crime são importantes para impedir a delinqüência e proteger o público. Mas o sigilo em que se desenvolve a trama criminosa parece dar-lhe alguma vantagem. Será que a humanidade, a despeito de seus esforços para conseguir segurança, está condenada a viver à mercê do crime?
A Ciência Cristã, a lei divina do bem, demonstra que, na realidade, a existência do homem é ordenada pelo Amor divino e não é obscurecida pelo mal. Essa revelação da harmonia absoluta do ser real não implica, de modo algum, que devamos ignorar o mal. A Ciência Cristã encara com firmeza o erro, sob a ótica da onipotência do bem. Dessa maneira, a Ciência põe a descoberto o mal como uma mentira. Discernindo a falsidade do mal por meio da Ciência do cristianismo, podemos detectar exatamente o disfarce atrás do qual todo e qualquer crime tenta se esconder: a crença de que o mal seja real.
A pretensão do mal, de ser tomado como realidade, leva enganosamente o gênero humano a aceitá-lo como algo vindo de pessoas, como se tivesse identidade na forma de um malfeitor ou de uma vítima. A Ciência arranca esse disfarce e mostra a verdadeira natureza da criação. Auxilia-nos a compreender que o relato bíblico, no primeiro capítulo do Gênesis, o qual revela a criação de Deus como sendo totalmente boa e o homem como Sua imagem, é a absoluta e irreversível realidade do ser. Essa realidade é comprovada ao longo de toda a Bíblia. Cristo Jesus, especialmente, demonstrou, por meio de suas obras curativas, que o homem é imaculado, puramente bom, como seu Criador. Jesus realizou curas apesar de todos os tipos de evidências contrárias à bondade de Deus e triunfou sobre os mais escusos elementos do pensamento mortal. Demonstrou, assim, que o quadro desmoralizante do mal, representado nos três capítulos seguintes do Gênesis, na forma de tentação, maldição e crime, é um mito.
A mítica suposição de haver uma mente má é chamada, nas palavras do apóstolo Paulo, “pendor da carne”. Essa suposta mentalidade mortal é o verdadeiro criminoso. O delinqüente não é o homem à semelhança da Mente divina e única que, como a Ciência mostra, é a única e verdadeira identidade do homem. Assim sendo, o mal nunca é realmente nosso pensamento ou o de outrem. Isso está explicado da seguinte maneira, no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, da Sra. Eddy: “O erro quer ser aceito como se fosse mente, como se fosse tão real e tão criado por Deus como a verdade; mas a Ciência Cristã não atribui ao erro nem entidade nem poder, porque o erro não é mente, nem o produto da Mente.” Ciência e Saúde, p. 555.
Segue-se daí que o crime não tem inteligência. Qualquer que seja a forma que ele possa assumir, o crime é, no seu fundamento, a falsa crença em uma mente separada de Deus. É a crença de que o homem tenha uma mente e uma vontade pessoal, separada de seu Criador, e que ele possa agir contrariamente à lei de Deus. No entanto, a existência não é uma ameaçadora confusão de mentes em conflito. Há apenas uma fonte de inteligência: a Mente divina. O homem reflete essa Mente única. E como a lei da Mente, o bem, é inviolável, o homem tem de ser obediente a ela.
Os pensadores espirituais da Bíblia previram que as maquinações do mal seriam trazidas à tona e que o bem triunfaria finalmente. Por exemplo, o Salmista discernia: “Faz-se conhecido o Senhor, pelo juízo que executa; enlaçado está o impio nas obras de suas próprias mãos.” Salmos 9:16.
Jesus curava o pecado da mesma forma como curava a doença e a morte, com base no fato de que o pecado não faz parte da boa vontade de Deus para com o homem. Provou que o homem coexiste com o Princípio divino, o Amor. Sua parábola do joio e do trigo Ver Mateus 13:24–30. indica o inevitável triunfo do bem sobre o mal. Ela também pode auxiliar-nos nessa questão de pôr o crime a descoberto e curar seus pretensos resultados.
Segundo a parábola, um crime é cometido na calada da noite, contra um inocente agricultor. Alguém semeia joio daninho no campo de trigo e há a possibilidade de grande perda. Ao saber do crime, o agricultor não tenta descobrir a cara ou o nome do malfeitor, não indaga quem ou por que teriam tentado prejudicá-lo. Não recrimina a si mesmo nem a seus empregados por permitirem que o crime ocorresse. Não se ilude com o disfarce que encobre o mal, ou seja, a insistência mentirosa de que este tenha uma identidade pessoal e por isso tenha de ser real. O agricultor rapidamente identifica o culpado.
“Um inimigo fez isso”, diz ele. Do ponto de vista espiritual, o infrator da lei é identificado, corretamente, como sendo a mente carnal, que, de acordo com Paulo, “é inimizade contra Deus”. Romanos 8:7. Não há, portanto, nenhuma necessidade de autocon-denação, amargura ou vingança, que apenas prolongariam os aparentes efeitos do crime. Assim, à pretensa vítima não lhe é roubada a paz de espírito nem é ela induzida, por intimidação, a tomar atitudes impensadas. O agricultor dá ordens para que deixem o trigo e o joio crescer juntos até que possam ser separados com toda a segurança, na hora da colheita. Dessa maneira, os frutos do trabalho consciencioso não se perdem.
Será que não está havendo a necessidade de uma colheita no nosso pensamento, para fazer uma separação entre a mentira do mal e nosso conceito sobre o homem, cuja verdadeira identidade é espiritual e ideal? O resultado desse trabalho é a destruição dos efeitos da má intenção e o reconhecimento da inocência espiritual do homem.
Quando nos dedicamos de todo o coração a aprender mais sobre a absoluta presença do bem e sobre seu governo, estamos mais preparados para detectar aquilo que acoberta o mal. E isso, forçosamente, contribui para desvendar o crime. Também nos ajuda a apoiar mais eficazmente aqueles que são classificados como vítimas. Promove o arrependimento e a reforma dos chamados delinqüentes.
Um amigo meu teve provas disso. Orando assiduamente com base na totalidade de Deus e da semelhança do homem com Deus, o bem, conseguiu prevenir o crime em diversas ocasiões. Uma vez ele evitou ser vítima de um batedor de carteiras. Em outra ocasião, a ameaça de agressão física foi neutralizada. De outra feita, quando ele e outros pareciam estar sendo vítimas de um crime, a oração de acordo com a Ciência Cristã ajudou-o a manter o equilíbrio espiritual. Desse modo, pôde, passo a passo, descobrir uma forma de melhor contribuir para uma solução justa. Mais recentemente, um esquema de fraude foi descoberto a tempo de proteger pessoas inocentes. Meu amigo pôde apoiar diretamente a regeneração moral de presos e de outros em liberdade condicional, assim como ajudou vítimas de crimes a continuarem levando uma vida normal. Não teria conseguido nada disso, diz ele, sem a crescente compreensão da verdadeira identidade do homem como filho de Deus. Com essa compreensão, o mal é desmascarado e visto em sua própria condição: uma mentira.
O Cristo, a idéia espiritual de Deus, que revela a verdadeira natureza do homem, está sempre presente na consciência humana. Ele desperta o pensamento para confiar na autoridade do bem. A mentira do mal talvez pareça atormentar a sociedade sob a forma de crime. Os transgressores podem pensar que estão escondidos porque as notícias dos jornais não prevêem suas maquinações. Mas quando olhamos através da lente da Ciência divina, o criminoso, ou seja, a mente carnal, tem sua ação colocada às claras; e o crime, ou seja, a noção de que o bem possa ser desafiado, está desmascarado. A Ciência mostra que os conspiradores sempre são, basicamente, pensamentos errôneos e não uma pessoa ou pessoas.
Portanto, se parece que vivemos numa área ou numa época perigosa, ou que estamos em circunstâncias ameaçadoras, fora de qualquer tipo de controle, um primeiro passo para a nossa segurança pode ser o de lembrar-nos que o criminoso é a mente carnal, não uma pessoa. É por isso que não estamos desamparados e podemos fazer algo contra o crime, mediante a compreensão da Ciência divina. O reconhecimento de que só Deus é Mente ajuda a vencer a sugestão de que há mentes pessoais capazes de agir por vontade própria, para causar prejuízo ou agredir. A percepção da unicidade da Mente faz cair por terra todo acobertamento do crime, qual seja, a pretensão de ter identidade ou existência. Também nos possibilita tomar parte na destruição da aparente atuação dessa pretensa mente. Inspira-nos para ajudarmos a provar que Deus, o bem infinito, governa a todos, e que todas as identidades são obedientes à Mente.
Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: “A Verdade, por suas leis eternas, desvenda o erro. A Verdade constrange o pecado a se trair e estampa no erro a marca da besta.” E, na página seguinte: “A imagem do Espírito não pode ser apagada, já que ela é a idéia da Verdade e não muda, mas torna-se mais nítida na sua beleza, com a morte do erro.” Ciência e Saúde, pp. 542, 543.
Por meio da oração e do exercício do sentido espiritual que Deus nos deu, podemos discernir que o crime é apenas um aspecto da mentira de que o mal seja real. Podemos silenciar a noção de que o homem possa às vezes ser menos do que a semelhança do bem, ou que o Princípio divino, o Amor, possa às vezes ser menos do que onipotente. Podemos glorificar a Deus, o bem, por ter autoridade sobre o homem e por mostrar cabalmente, a toda a Sua criação, a supremacia da lei do Amor.
