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Nós e os sem-tetos

Da edição de outubro de 1996 dO Arauto da Ciência Cristã


Pode Parecer Presunçoso alguém, que nunca passou fome nem privações, dizer que compreende o sofrimento das multidões que vivem destituídas, famintas e desamparadas, nas ruas das cidades e nas regiões estéreis, seja devido à seca, seja devido à corrosão. Se pensarmos bem, no entanto, muitos de nós, (inclusive a autora deste artigo), já sentimos de certa forma essa sensação de abandono: talvez por que a família se tenha desfeito, ou por que se perdeu um emprego e parecia não haver dinheiro para pagar o aluguel ou a prestação da casa. Ou simplesmente porque nos sentimos rejeitados, solitários, sem raízes.

Tendo ponderado esse problema, estou convencida de que, independentemente da forma que ele tome ou de quem ele atinja, todas as suas manifestações têm aspectos em comum. Com essa convicção, comecei a sentir certa afinidade com as pessoas que, nos dias de hoje, são classificadas como “semtetos”. Já não penso nelas como uma massa de indivíduos sem identidade, que não têm nada a ver comigo. Do fundo do coração, sinto algo em comum com elas. Esse sentimento aprofundou meu desejo de ajudá-las.

É evidente que podemos fazer doações a organizações idôneas, para ajudar a suprir necessidades imediatas de alimento e abrigo. No entanto, eu me pergunto: “Que posso fazer para ajudar a erradicar a miséria para todos nós, num sentido mais amplo e de forma duradoura?”

A Ciência Cristã deu-me a resposta. Posso orar, não apenas pedindo a Deus que ajude, mas compreendendo de tal forma a eterna presença e o poder dEle, que Sua lei de harmonia venha a atuar sobre esse tipo de problema e resultem daí efeitos práticos. O poder da oração nos foi demonstrado por Cristo Jesus, quando alimentou as multidões no deserto e aliviou os desesperançados.

Deus não é o causador do sofrimento, nem é Ele responsável pelos falsos conceitos mortais que ocasionam o sofrimento. Por meio da Ciência Cristã, adquirimos uma sólida compreensão dEle como Princípio criativo, ou EU SOU, que é inteiramente bom e causa apenas o bem. De acordo com a Bíblia, a Ciência Cristã revela a Deus como o Espírito infinito, que dá origem e sustenta toda a realidade genuína. Ele é a Mente que em tudo põe ordem, é a consciência divina que está sempre presente, na qual temos nosso ser. Na Ciência aprendemos a ver através e além do falso quadro que o mundo apresenta sobre o homem, como se ele fosse composto de matéria e, portanto, sujeito a falhas e à morte. Tal perspectiva aceita o homem como vítima em potencial de forças destrutivas e imprevisíveis. No entanto, na Ciência Cristã aprendemos a ver o homem sob o ponto de vista espiritual, completo e harmonioso, refletindo o Criador, a Mente perfeita. Deus é a causa perfeita e o homem é Seu resultado perfeito. Eles são um, como Pai e filho! Assim fundamentados, podemos, em nossas orações, reivindicar para toda a humanidade o direito divino ao bem-estar, compreendendo que cada pessoa habita em um estado espiritual de consciência onde as nuvens e tempestades da privação e da miséria não podem ameaçar nem prevalecer.

Quais são os erros da crença mortal que parecem levar o homem barranca abaixo, até à falta de teto? E quais são algumas das verdades espirituais com as quais nossas orações podem anular essas crenças?

Antes de examinar essas questões, é importante que comecemos com um senso mais elevado do verdadeiro significado de lar. Como o revela a Verdade divina, o lar é muito mais do que quatro paredes e um teto, localizado num determinado lugar. Não é algo que esperamos que alguém traga até nós. Lar é uma experiência subjetiva, um estado mental. É, na realidade, uma idéia espiritual inerente ao homem criado por Deus, é parte integrante de nosso ser espiritual. Podemos pensar no lar como a consciência inerente ao Cristo, sobre nossa segurança e inteireza divinas, estabelecidas à imagem de Deus. Ali, reconhecemos que estamos estabelecidos no Princípio, alimentados, em companhia e ao abrigo do Amor divino. A estabilidade e a segurança estão presentes. Não há sentido de tristeza nem de privação. Não há vazio. Não há falta. O lar é a consciência celestial onde a voz de Deus é ouvida e seguida, onde o afeto e a compreensão se aprofundam e permanecem. Também podemos pensar no lar como o centro a partir do qual nosso amor emana para ajudar a todos, onde quer que estejam, confortando os sobrecarregados e alimentando os famintos.

Suponhamos, no entanto, que nos sintamos sufocados e desanimados pelo medo, pela desilusão e pelo desespero diante dos males com que nos defrontamos hoje em dia, tanto no governo como na vida particular: corrupção, crueldade, abuso e negligência. Talvez sintamos vontade de desistir diante de tudo isso, ou então, sejamos tentados a fugir do problema, fazendo uso de drogas ou entregando-nos à luxúria, ou seja, fazendo uma série de coisas, mas sem enfrentar o assédio do erro, sem assumir a responsabilidade de dar um basta à sua influência. Se é assim que nos sentimos, precisamos nos voltar mais completamente a Deus, que nos ama. Ele é a Mente que nós refletimos. Podemos nos apoiar nEle para que, passo a passo, nos guie para uma vereda melhor. O Amor divino não abandona o coração honesto que anseia por consolo e regeneração.

Cada vez que compreendemos o poder supremo e a infinidade de Deus, vemos esta compreensão agir na consciência, como uma lei que anula o mal em todas as suas formas. Podemos nos apoiar firmemente na poderosa verdade de que o único poder do mal é o de confundir-se, desmascarar-se e destruir a si mesmo. Em suas atividades, o homem criado por Deus não é motivado pelo mal, mas pelo bem. O Amor é a realidade e o Amor nos traz a paz. Um hino da Ciência Cristã diz isso da seguinte forma:

Sem lar já não irás viver,
permanecendo no Amor,
pois livre estás do vil temor,
o Amor mantém perfeita paz.Christian Science Hymnal, N° 93.

A seguinte afirmação, encontrada no livro-texto da Ciência Cristã, de autoria da Sra. Eddy, também nos serve de alento: “O mal não é supremo; o bem não é impotente; nem são primárias as assim chamadas leis da matéria, nem é secundária a lei do Espírito.” E continua: “Só há uma causa primária. Portanto, não pode haver efeito algum de qualquer outra causa, e não pode haver realidade naquilo que não proceda dessa causa grande e única.” Ciência e Saúde, p. 207. Essa é a verdade do ser em que podemos conscientemente envolver-nos a nós mesmos e a todas as amadas criaturas que vagueiam famintas pelo mundo. O amor do Cristo é maior do que o ódio, a crueldade e a desolação!

Suponhamos que uma série de veredictos negativos sejam feitos a nosso respeito com relação a hereditariedade, raça, classe social, nacionalidade, meio ambiente, idade, criação, falta de escolaridade. Suponhamos, também, que o pensamento mortal afirme que fomos irreversivelmente marcados por esses fatores, de forma a agirmos de maneira prejudicial ao nosso êxito e à obtenção de uma moradia adequada. Essas perspectivas não fazem parte do plano de Deus para nós! Precisamos rebelar-nos contra tais falsidades. Elas não procedem de Deus e portanto não são válidas. Em pensamento, devemos ver a todos, inclusive a nós mesmos, livres de limitações e de quaisquer outros fatores que possam influir negativamente sobre nossa vida. Temos de reconhecer que o homem é eternamente abençoado pelo amor do Pai, pois é Seu filho amado, honrado e reconhecido, que progride continuamente, expressando utilidade e domínio.

Quando aprendemos a ver o trabalho, não como um mero “emprego”, mas como um reflexo espiritual, em que Deus é a fonte que desenvolve todo o bem em nossa vida, deixamos de perder tempo com queixas contra a economia, culpando fatores externos pelo fracasso. A partir daí seremos capazes de enfrentar os desafios do mundo profissional com segurança e sabedoria. Na infinidade do céu do Amor, ninguém é supérfluo, rejeitado, ninguém está sujeito a ser repentinamente dispensado. Se reconhecermos que nosso propósito na vida é glorificar a Deus e Sua bondade, e nos esforçarmos para cumprir esse propósito, poderemos certamente progredir em nosso trabalho e a expressão correta de lar também se manifestará.

Outra estrofe do hino anteriormente citado diz:

Perfeita paz só Deus te dá,
tumulto e ódio faz calar.
Divinas ordens vais cumprir,
em plena ação exultarás.

E se a justificação própria e o mau gênio tiverem envenenado nossa vida de tal modo que hoje a amargura, a rivalidade e o ressentimento sejam constantes em nossa experiência, a ponto de a convivência familiar ser insuportável? Esses fatores derrotam nossas melhores intenções. Na Ciência, porém, o fato é que Deus é o único Ego e nós refletimos esse Ego como idéias da Mente. Portanto, não incluímos nenhuma qualidade contrária à natureza divina. Quando humildemente aceitamos essa verdade, conseguimos superar tendências negativas e sentimos a certeza de que não estamos sujeitos à “classificação” que o pensamento mortal nos atribui. “Procura apresentar-te a Deus aprovado”, 2 Timóteo 2:15. lemos na Segunda Epístola a Timóteo. A Deus, não à mente mortal! Refletimos paciência e graça como expressão de Deus e elas podem silenciar o conflito.

Talvez surja a dúvida: “Como pode minha oração individual ter eficácia sobre um mal tão monstruoso como a falta de habitação em nível mundial?” Lembremo-nos, então, que se Jesus não tivesse fé na oração individual, não teria iniciado a era cristã. Nem teria o apóstolo Paulo, sem essa fé, nos dado suas valiosas epístolas. Nem teria a Sra. Eddy cumprido a imensa tarefa de apresentar a Ciência Cristã a um mundo cético. Sim, nossa oração individual é suficientemente poderosa para ajudar a toda a humanidade.

Que privilégio o nosso! Sermos capazes de incluir os desabrigados e desesperançados de todo tipo, no mesmo amor sanador que guiou com segurança os filhos de Israel pelo deserto, na época de Moisés, e alimentou as multidões nos dias de Jesus! Esse mesmo poder sanador está presente conosco ainda hoje, atuando em nossas orações e não pode perder a eficácia nem deixar de dar fruto.

Podemos saber que em toda a infinidade do Amor divino não existe uma única pessoa que não tenha direito inato a um lar, como dádiva divina. Portanto, cada um pode ser despertado pelo toque sanador da oração e sentir, de forma tangível, a bênção de um lar dado por Deus. Um trecho de uma carta da Sra. Eddy, endereçada a uma igreja da Ciência Cristã, proporciona uma base vigorosa para orarmos por nós mesmos e para a humanidade: “Firmes como estais sobre a rocha do Cristo, ao se abaterem a tempestade e a tormenta sobre esse fundamento seguro, vós, protegidos e a salvo na forte torre da esperança, fé e Amor, sois os filhotes de Deus; Ele vos aconchegará sob suas asas até a tempestade passar. Em Seu céu da Alma não entra nenhum elemento da terra para expulsar os anjos, ou para silenciar a infalível intuição que vos guia em segurança ao lar.” Miscellaneous Writings, p. 152.

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