Intacto. Pense Nessa palavra, na terna segurança que ela encerra. Fala ao coração sobre algo que permanece ileso, inalterado, intocado, algo que retém sua condição original e sua harmoniosa inteireza.
Quem não deseja ardentemente estar seguro de que aquilo que temos de mais precioso — o amor, a substância, a saúde — realmente permanecerá intacto, será o mesmo, tanto daqui a dez anos como hoje, ou no ano passado? Não parece, porém, que a vida é cheia de desafios que tentam usurpar ou diminuir nosso ser?
A Ciência Cristã, baseada na autoridade da Bíblia, apresenta um referencial de realidade completamente diferente. Afirma que Deus é o único EU SOU, ou Ser, para sempre completo e intacto, e que o ser do homem, como a imagem exata de Deus, está seguro e para sempre intacto nesse Ser divino, que é Espírito, a única substância indestrutível. Além disso, Deus é o próprio Amor, eterno, imutável. Esse Pai-Mãe adorável envolve Seu universo por inteiro e o Amor mantém, com ternura, tudo completo dentro de sua infinidade, momento a momento, em permanente unidade. Nem um til da expressão do Amor jamais foi, e jamais será, tirado do universo (o que inclui você e eu).
A Sra. Eddy diz isso assim: "A Ciência divina cumpre a lei e o evangelho, em que Deus é Amor infinito, não inclui nada desagradável, não produz nada diferente dEle mesmo, a natureza verdadeira do Amor intacto e eterno." Message to The Mother Church for 1902, pp. 6–7.
Compreender e sentir essas verdades perfeitas estabelece a saúde. Essa visão espiritual da criação é uma visão interior, o reino dos céus que é descoberto dentro da consciência, no mais íntimo do coração. À medida que nos mantemos dentro dessa duradoura estrutura do Espírito, a realidade elimina e dissipa a estrutura mortal (que parece tão verídica) na qual tudo está destinado a mudar e chegar ao fim, mais cedo ou mais tarde.
No que consiste, então, essa estrutura que apresenta, uma após a outra, tristes visões de amor, saúde e substância, que hoje vemos, mas amanhã talvez desapareçam? Alguém pode pensar, em meio a uma dessas crises: "Ah, se fosse apenas um sonho!"
Bem, em essência é exatamente isso. O sonho da mortalidade. Como a Vida é Espírito, conforme Cristo Jesus demonstrou, tudo o que tem começo e fim, tudo o que pode se deteriorar ou perder-se, tem de ser irreal, apenas uma miragem, representando pessoas, lugares, acontecimentos. Esse sonho mortal continua repetindo seus próprios ciclos de medo, carência, alegrias efémeras, fracassos, perdas e ganhos. Apresenta-se como "minha história" ou "nossa história", quando nada mais é do que sua própria história, porque nosso ser e nosso histórico reais encontram-se somente em Deus. Esse fato é o alfinete que estoura o balão do sonho mortal. A Sra. Eddy escreveu em sua autobiografia: "É bom saber, caro leitor, que nossa história material, mortal, é apenas um registro de sonhos, e não da existência real do homem, e o sonho não tem lugar na Ciência do ser." Retrospecção e Introspecção, p. 21.
Uma estudante da Ciência Cristã, por sua própria culpa, pôs a perder o relacionamento mais querido que ela jamais tivera. Disso resultou uma visível perda de peso, perda de cabelo e uma hemorragia. A situação obrigou-a a dar uma boa repassada em toda sua história mortal. Com a ajuda de um praticista da Ciência Cristã, enfrentou, com a oração, certos padrões de comportamento que costumava adotar devido ao medo de perder o que lhe era caro.
Uma determinada citação bíblica lhe voltava sempre ao pensamento. Eram palavras do profeta Jeremias: "A mim me veio, pois, a palavra do Senhor, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci." Jeremias 1:4, 5. Tornou-se claro para ela que todo ser real, espiritual, perfeito e sem falhas preexiste à história humana. Compreendeu que toda sua história mortal nada mais era do que um sonho e por isso os temores, falhas de caráter e suas conseqüências não tinham mais substância do que um mero sonho. Primeiro, ela foi capaz de sentir o amor de Deus, limpando cada lembrança dolorosa daquela história. Depois conseguiu identificar-se com seu ser espiritual, a ponto de dissolver-se, na presença do Amor intacto, toda recordação da experiência e da perda.
Todos os nossos amanhãs estão a salvo no terno coração do Amor sempre presente.
Nenhuma discórdia, em realidade, jamais acontecera a seu verdadeiro ser. Conseqüentemente, tudo o que lhe era caro estava intacto, inclusive sua saúde, com todas as funções voltando ao estado normal. Para sua alegria, ela descobriu que havia sido curada também de um antigo receio de ter herdado distúrbios mentais. Encontrou uma paz mental interior que nunca experimentara.
Essa experiência fez com que seu pensamento se firmasse dentro do referencial da Ciência do ser. Ela havia comprovado, em certa medida, as palavras da Sra. Eddy: "Os mortais não são, como os imortais, criados segundo a própria imagem de Deus; mas como o Espírito infinito é tudo, a consciência mortal cederá finalmente à realidade científica e desaparecerá, e o conceito verdadeiro acerca do ser, perfeito e para sempre intacto, aparecerá." Ciência e Saúde, p. 295.
A única verdadeira libertação de males mortais está em ver a irrealidade de toda a estrutura mortal, em vez de esforçarse para corrigir ou curar circunstâncias desagradáveis ou trágicas dentro desse referencial da mortalidade. Algo no nosso íntimo nos diz que o ser perfeito tem de existir. Essa intuição nos permite reconhecer e aceitar que tudo o que seja diferente da perfeição nada mais é do que um sonho.
O sonho de vida dos mortais é exatamente como um sonho noturno. Não tem substância real, pois aquilo que parece ocorrer durante o sonho cessa no momento em que o sonhador acorda. Além disso, a pessoa que está sonhando nunca, em verdade, entra no sonho. Nem Deus, nem Sua expressão, o homem, se converteram em sonhadores, nunca entraram no sonho dos mortais, nem se perderam ou se encontraram nele.
Renunciar à estrutura toda da história material não anula de modo algum o bem, pelo contrário, nos une indissoluvelmente a ele. No livro Unity of Good, a Sra. Eddy escreve: "Tudo o que for belo e bom em tua consciência individual é permanente. O que não for assim é ilusório e desvanecente." Unity of Good, p. 8. Portanto, todo o amor que é preciosa doçura, todo o ser que é intrépida segurança, toda a saúde que é serena sanidade caracterizam a própria identidade do homem e são nossos para sempre. À medida que permitirmos que o sonho ceda lugar à realidade e desvaneça do pensamento, nossa identidade como a expressão de Deus, o bem, vem à luz.
Conceitos tais como perda, deterioração e mudança são inexistentes, na realidade. Na verdade, nada jamais aconteceu ou acontecerá, a não ser o desdobramento do Amor. Eis aí a permanente segurança de que nosso ser é, com certeza, intacto, porque todos os nossos ontens e todos os nossos amanhãs estão a salvo no terno coração do Amor sempre presente, e o Amor é nossa Vida, completamente boa.
 
    
