As Reuniões Das quartas-feiras à noite, nas Igrejas de Cristo, Cientista, são sempre muito especiais para mim. Certa ocasião a reunião me foi tão proveitosa, que um dos trechos lidos permaneceu em meu pensamento muitos anos.
Naquela noite, o Primeiro Leitor, que é quem conduz a reunião de testemunhos, havia apenas começado a ler trechos da Bíblia. Então ouvi a seguinte passagem de Jó: "Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? ... quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?" Jó 38:4, 7. Foi como se alguém estivesse falando diretamente comigo. Essa mensagem estava sendo lida para todos os presentes, mas parecia estar sendo dirigida somente a mim.
Ao ponderar as perguntas de Jó (e eu não me lembro de nenhum outro trecho da leitura daquela noite), veio-me a resposta: "Eu estava lá." Que mensagem maravilhosa aquela! "Eu estava lá." Para mim, isso significava que, como idéia espiritual da Mente divina e única, Deus, eu nunca estivera separada da fonte de toda a verdadeira consciência. Eu não poderia ter estado em outro lugar a não ser com Deus. Eu estava e ainda estou lá, assim como todos nós estamos. Nada pode desalojarnos do lugar que é nosso no Amor eterno: nem nascimento nem falecimento no corpo, nenhum crescimento material e nenhuma pretensão do ser físico.
Aquela inspiração angelical continua comigo até hoje. Sinto que foi uma comunicação vinda diretamente de meu Pai-Mãe Deus. Ao acalentar tal pensamento, a realidade de minha preexistência como semelhança de Deus tornou-se mais clara para mim. Também comecei a perceber que essa preexistência era verdadeira com relação a meus filhos e a todas as outras pessoas, quer se tratasse de alguém vivo naquele momento ou que tivesse vivido e morrido no passado, ou mesmo alguém que ainda estivesse por nascer. Cristo Jesus estava ciente da realidade da preexistência espiritual. Seu nascimento singular ilustra, em certa medida, esse grande fato; ele certa vez comentou que já vivia antes mesmo do primeiro patriarca hebreu, que o antecedeu em cerca de dois mil anos. Jesus disse: "Antes que Abraão existisse, EU SOU." João 8:58.
A compreensão de nossa relação com a Vida imortal nos capacita a superar as limitações impostas pelas crenças falsas relacionadas com o físico, bem como a de que temos uma existência separada de Deus.
Diversas vezes os efeitos curativos desse conhecimento evidenciaram-se em minha vida. Duas minhas filhas apresentaram em diferentes ocasiões febre alta e dificuldade em reter alimento. Quando isso aconteceu pela primeira vez, minha filha passou bastante mal, sem poder reter alimento durante uma semana. Chegou a perder mais de cinco quilos nessa ocasião. Pedi a uma praticista da Ciência Cristã que me ajudasse em oração e trabalhamos juntas para entender que minha filha tinha sempre existido como idéia do Amor e que, naquele momento e para sempre, ela era coexistente com Deus e nada poderia interromper essa união. Quando o reconhecimento da união inquebrantável da criança com seu Pai-Mãe expandiu-se e preencheu meu pensamento, a cura completa se manifestou.
Na segunda vez em que o problema apareceu, quando minha outra filha adoeceu, eu já estava mais alerta para reivindicar sua inseparabilidade de Deus e para reconhecer sua pre-existência como idéia do Princípio divino, o Amor. A cura dessa menina manifestou-se mais rapidamente.
Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy escreve: "Na Ciência o homem é o descendente do Espírito. O belo, o bom e o puro constituem sua ascendência. Sua origem não está no instinto bruto, como a origem dos mortais, e o homem não passa por condições materiais antes de alcançar a inteligência. O Espírito é a fonte primitiva e derradeira de seu ser; Deus é seu Pai, e a Vida é a lei de seu ser." Ciência e Saúde, p. 63.
Quando reconhecemos que a "Vida é a lei de [nosso] ser" refutamos a pretensão de que sejamos mortais, mortais jovens, mortais velhos, mortais que estão envelhecendo, mortais doentes ou pecadores. Tomamos posse de nossa herança como idéias espirituais que se desdobram continuamente, completas no reflexo permanente do Espírito, mas expressando continuamente novas facetas de nossa identidade à semelhança de Deus. A compreensão de nossa relação com a Vida imortal nos capacita a superar as limitações impostas pelas crenças falsas relacionadas com o físico, bem como a de que temos uma existência separada de Deus.
Todavia, parece realmente haver ocasiões em que nos sentimos separados de Deus, como aconteceu com as figuras alegóricas de Adão e Eva, depois de terem comido o "fruto proibido". A Bíblia nos diz que eles ficaram envergonhados e amedrontados. Em Ciência e Saúde lemos estas palavras: "Enquanto não for aprendida a lição de ser Deus a Mente única que governa o homem, a crença mortal terá medo, como teve no começo, e se esconderá ante a pergunta: 'Onde estás?' Esta pergunta terrível: 'Adão, onde estás?' tem sua resposta na confissão da cabeça, do coração, do estômago, do sangue, dos nervos, etc.: 'Eis-me aqui, a procurar a felicidade e a vida no corpo, porém, nada mais achando senão ilusão, uma mistura de falsas pretensões, de falsos prazeres, de dor, de pecado, de doença e de morte.' " Ibidem, p. 308.
A pretensão da crença mortal, de que o homem é completamente ou em grande parte físico, dependente de órgãos e de funções do organismo, é progressivamente destruída pela compreensão de que o ser verdadeiro é completamente espiritual, ilimitado, livre.
Os anos se passaram e a revelação da preexistência espiritual do homem tornou-se cada vez mais estabelecida em meu pensamento, mas eu às vezes me perguntava por que parecia não haver nenhuma outra revelação ou inspiração nesse sentido. Até que, certo dia, recebi a resposta: a primeira mensagem foi completa! Ao entender melhor isso, encontrei a resposta a muitas outras perguntas. Tive curas e o grande amor de Deus se tornou patente para mim.
A Sra. Eddy escreve em Unity of Good: "O homem, na Ciência, é tão perfeito e imortal agora, como 'quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus.' " Un, p. 42.
Ao aprender mais sobre a verdadeira identidade do homem como idéia perfeita e imortal de Deus, inseparável da Mente divina, conduzida pelo Princípio divino, protegida pela Verdade invencível, desimpedida e livre na Vida eterna, inspirada pela graça da Alma, mantida pelo Espírito, inesgotável e cuidada ternamente pelo Amor universal, compreendemos o relacionamento inquebrantável com nosso Pai-Mãe e nos libertamos para expressar a harmonia e a alegria que são naturais para a criação de Deus.
 
    
