Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

Vencer o hábito de ter medo

Da edição de novembro de 1996 dO Arauto da Ciência Cristã


A Cada Manhã, Tucker me faz lembrar que não estou livre da rotina. Ele faz isso sem palavras, é claro, pois é um gato, gordinho, peludo, branco e preto. Tucker conhece minha rotina tão bem, que ele me precede por uns bons cinco minutos, em cada uma das etapas matinais: chuveiro, cozinha, espelho onde me penteio, guardaroupa. Finalmente, quando estou pronta para sair, lá está ele, junto à porta, esperando para se despedir!

Ora, não há nada de estranho nisso. A maioria dos que têm gato ou cachorro poderia contar histórias parecidas. Contudo, pensando bem, isso chama nossa atenção para os hábitos que acabamos desenvolvendo.

É verdade que alguns são hábitos bons (escovar os dentes, economizar dinheiro, ser grato a Deus pelo que Ele faz por nós), são hábitos que nos fazem sentir bem. Muitos de nós, porém, lutamos com hábitos que não nos agradam, como, por exemplo, gastar demais, comer demais, reagir com raiva. Ou, como se deu comigo por anos a fio, ser dominada por uma emoção que se torna um hábito e que se chama MEDO.

Para mim, começou com a preocupação. Logo tudo passou a ser motivo de aflição: trabalho, filhos adolescentes, finanças, sintomas físicos. E quanto mais eu me angustiava, tanto mais as coisas se complicavam, e tudo constituía uma boa excusa para preocupar-me mais ainda.

Um dia fiquei em casa, com sintomas de dor e fraqueza que pareciam muito assustadores. Por muitas horas fiquei deitada, procurando orar, mas sentindo-me paralisada pelo medo. Subitamente, do lado de fora, um barulho ensurdecedor interrompeu o pânico que eu sentia.

Esquecida dos sintomas físicos, corri à janela para ver o que acontecia. Ali, acima de minha casa, estava um enorme helicóptero. Imediatamente, nova crise de pânico me engolfou. Por que esse helicóptero estava sobrevoando minha casa? Tinha a ver com narcotráfico? Com fuga de presidiários? Com incêndio? Mentalmente, repassei todas as horríveis possibilidades.

Mas então um rasgo de real discernimento, discernimento divino, abriu a densa neblina do medo que me envolvia. E comecei a ver como sair daquela névoa. Foi isto o que entendi: não era a dor, nem a fraqueza, nem o helicóptero, nem a percepção de qualquer outro perigo o que estava me assustando. Não. Era o meu medo o que me atormentava a mais não poder! Um terror irracional que havia se tornado um hábito e era minha reação costumeira a quase tudo o que fugisse do normal, no trabalho, em casa, em meu corpo. Até mesmo no espaço aéreo, sobre meu telhado!

Acabei dando risada, diante do absurdo de tudo isso. De alguma forma, eu havia deixado totalmente de levar em consideração o primordial e único poder do universo, isto é, Deus. Eu havia esquecido o fato de que Deus está agora e sempre próximo, mostrando a cada um de nós que não há nenhum outro poder, a não ser Sua admirável e inviolável bondade. Minhas conversas com Deus haviam se tornado comunicações de mão única (eu a comunicar-Lhe quão desesperada estava). Pouco eu havia, humildemente, escutado. Pouco havia obedecido ao preceito bíblico: "Aquietaivos vos e sabei que eu sou Deus." Salmos 46:10.

O medo crônico, habitual, pode ser superado.

Enquanto eu me detinha na janela e pensava nessas coisas, todos os temores que se haviam avolumado até proporções gigantescas, dissolveram-se instantaneamente. Os sintomas desapareceram juntamente com o medo. O helicóptero já não tinha nenhuma importância, embora eu notasse, minutos mais tarde, que ele fora embora. O mais importante é que eu vi, como nunca havia visto antes, que o medo não é algo a ser temido. O medo não é nenhuma coisa real e tangível. (Graças a Deus!) O medo é somente um estado mental, um engano a respeito do universo. É um engano acerca da realidade, na qual Deus é tudo.

Enganos e noções errôneas destinam-se a ser corrigidos, dissolvidos pela verdade. A verdade acerca do engano chamado medo é a de que você e eu estamos sempre seguros aos cuidados do único e onipotente Deus; de que somos, em realidade, espirituais, porque nosso divino Pai-Mãe é o próprio Espírito; que somos invulneráveis a ameaças provenientes de uma suposta antítese do Espírito infinito.

Tudo isso explica por que um antigo salmista podia ser tão intrépido perante enfermidades e desastres. "Em me vindo p temor, hei de confiar em ti", prometeu a Deus, "... e nada temerei. Que me pode fazer um mortal?" Salmos 56:3, 4.

Pois foi assim que consegui me sentir. Desde aquele dia, há diversos anos, nunca mais temi realmente (não mais do que por alguns instantes, talvez), o que me poderia fazer "um mortal",a mim ou a qualquer pessoa. Essa confiança me proporcionou, cada vez mais, algo que nunca pensei que iria conseguir: a capacidade de manter o equilíbrio, sob pressão. Não por alguma virtude estritamente pessoal, mas devido a Deus e à indescritível paz que pode ser sentida por qualquer pessoa que dEle se aproxime.

Essa paz celestial é uma terapia que cura o medo e a fobia que atormentam hoje as pessoas: medo de crimes, doenças, abandono, fracassos, terrorismo, morte.

No começo do ano, o jornal Los Angeles Times fez uma lista dos muitos tipos de angústias que assolam os cidadãos americanos. "Vivemos numa atmosfera impregnada de medo", escrevia o Times, "nossa vida encurralada e governada pelo medo. Medo de estranhos. Medo de sair à noite. Medo do campo. Medo da cidade. Medo dos carros que passam. Medo dos carros que vêm atrás de nós. Medo de vírus estranhos. Medo de maçãs. Medo do Tylenol. Medo da aspirina. Medo de ovos crus. Medo de reatores nucleares. Medo de fios de alta-tensão. Medo de imigrantes." Jane E. Stevens, "The Fear Factor" (O fator do medo), Los Angeles Times, 31 de janeiro de 1996.

No entanto, esse medo crônico, habitual, pode ser superado. Recentemente, o jornal The New York Times trouxe na primeira página a história tocante de uma jovem chamada Svetlana Lebenok, que aceitou um trabalho a apenas dezesseis quilômetros ao norte de Chernobil, o local onde um desastre nuclear ocorreu, há dez anos.

Ao contrário de milhares de compatriotas que fugiram do lugar, ou que estão parados depois do desastre, Svetlana resolveu quebrar o ciclo de medo e devastação que continua a paralisar aquela região. "As pessoas falam muito de como Chernobil matou nosso país", diz ela. "Pode ser que isso seja verdade. Mas muitas vezes penso que o medo é pior do que a doença."

Richard Wilson, professor de física na Universidade Harvard, concorda. "A pior enfermidade, aqui, não é a doença causada pelas radiações", argumenta. "A verdade é que o medo de Chernobil causou muito mais danos do que o desastre em si." Michael Specter, "10 Years Later, Through Fear, Chernobyl Still Kills in Belarus" (10 anos mais tarde, pelo medo, Chernobil ainda mata na Bielo-Rússia), The New York Times, 31 de março de 1996.

Por todo o mundo, as livrarias estão bem supridas de livros de auto-ajuda para superar o medo por meio de técnicas de relaxamento, hipnose, força de vontade, e assim por diante. Vicky Edwards Gehrt, "Is Fear Silly? 'Fraid Not; You Can Get a Grip on What Scares You" (É o medo uma bobagem? Temo que não; você pode vencer o que o assusta), The Chicago Tribune, 12 de março de 1996. Os métodos que excluem a Deus são, porém, insuficientes. Eles desconsideram a solução definitiva para o hábito do medo: o hábito da oração. A oração que admite a onipotência de Deus e Seu amor por tudo e por todos, ao invés de reagir às crises e terrores mortais. A oração que luta contra a sensualidade, o egoísmo e a agressividade que geram o medo. A oração que jamais deixa de amar e louvar a Deus. A Sra. Eddy descreveu tal oração em Ciência e Saúde, quando afirmou: "O esforço habitual para sermos sempre bons é oração incessante."Ciência e Saúde, p. 4.

Nada há de tedioso ou repetitivo, ou rotineiro, nesse tipo de oração. Ela é sempre inspirada. Ressoa diariamente com novas cores, nova vitalidade e influência sanadora. Num coração repleto dessa oração constante, simplesmente não sobra espaço para o hábito de ter medo.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / novembro de 1996

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.