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A importância da espiritualidade em questões relacionadas com o meio ambiente

Da edição de março de 1996 dO Arauto da Ciência Cristã


Contribuir Para Que todos possam viver em um ambiente saudável é um objetivo bastante nobre, para o qual muitas pessoas estão voltadas hoje em dia. Por outro lado, está se tornando cada vez mais evidente para muitos pensadores, em todo o mundo, que, para haver justiça em assuntos relacionados com o meio ambiente, é necessário crescimento espiritual.

O desenvolvimento espiritual implica expressarmos diariamente em nossa vida as qualidades divinas que nos ajudam a provar que a verdadeira natureza da existência é pura e boa, ou seja, inteiramente espiritual. O livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, refere-se às qualidades de "humanidade, honestidade, afeto, compaixão, esperança, fé, mansidão, temperança",Ciência e Saúde, p. 115. como os elementos morais de transição do pensamento, associados ao desaparecimento do mal. Portanto, o crescimento espiritual exige que expressemos uma noção mais elevada de humanidade. Esse crescimento nos prepara para aceitar o fato científico de que o universo é governado por leis espirituais, não materiais, e que essas leis são justas. Essa mudança na consciência humana nos permite compreender o que é realmente "verdadeiro" e, dessa forma, aprender a melhorar nosso meio ambiente.

Invisível aos sentidos materiais, a realidade divina perfeita só pode ser percebida através do sentido espiritual, que é nossa capacidade natural de compreender a Deus e Sua bondade. Esse sentido é cultivado à medida que crescemos espiritualmente. Ele nos ajuda a perceber que a verdadeira natureza do homem está unida a Deus, o Espírito divino, não pela absorção da Divindade, mas pro seu reflexo. E a compreender que o governo de Deus sobre Sua criação é imparcial e benfazejo.

Cristo Jesus foi quem melhor expressou a espiritualidade na pureza de pensamento e no amor altruísta que viveu, demonstrou e ensinou. O Sermão do Monte, que ele proferiu, resume de forma maravilhosa as recompensas que resultam de nossa obediência às exigências espirituais de Deus. Ver Mateus, caps. 5–7. Mas esse espírito cristão nunca nos coloca em uma situação fora da realidade, em que não tenhamos mais nenhum bem terrenal. Pelo contrário, ele satisfaz à nossa necessidade humana, seja ela qual for. A espiritualização do pensamento nos habilita a curar com compaixão, como Cristo Jesus curava.

Contudo, não nos tornamos cem por cento semelhantes ao Cristo de uma hora para a outra. Tampouco resolvemos problemas ambientais simplesmente declarando que a humanidade tem o direito de viver em um ambiente puro e produtivo. Aos poucos precisamos entender a verdadeira natureza espiritual da vida e agir de acordo com essa compreensão. Precisamos desenvolver conceitos cada vez mais profundos, altruístas e de longo prazo, com respeito aos nossos recursos. A humanidade está começando a entender que, simplesmente porque talvez tenhamos o poder tecnológico, econômico ou político de alterar a face do globo, seja como gerenciadores de recursos, seja como consumidores, não devemos tomar atitudes ambiciosas e de pequeno alcance, que acabam por degradar nosso planeta.

Como cientista ambiental, percebi que o crescimento da espiritualidade é essencial para que o verdadeiro progresso se manifeste. Fui designada para trabalhar em um projeto que envolvia um litígio numa disputa por terras. Uma grande empresa de mineração desejava expandir suas operações, perto de um grande parque onde se preservava intacta a natureza.

Na condição de ecologista do grupo que trabalharia no local, eu deveria estudar a flora daquela área, e como gerente do projeto, cabia a mim o contato com o superintendente da empresa de mineração. Se, por um lado, esse homem parecia não ter nenhuma preocupação com o meio ambiente, por outro, eu sabia muito pouco sobre a operação de empresas mineradoras. Durante as investigações de campo, contudo, aprendi muito sobre as atividades de mineração ali desenvolvidas. Entretanto, não parecia haver sinal de progresso com relação ao fim da disputa. Orei para reconhecer com convicção que a lei da bondade divina era a única força governante em operação. E compreendi que tem de manifestar-se humanamente o fato científico de que todas as idéias de Deus relacionam-se harmoniosamente umas com as outras.

Certo dia, enquanto estava ajoelhada no chão examinando umas flores muito pequeninas, o superintendente passou por mim. Ele não fazia idéia do que é que eu estava fazendo ali. Com muito entusiasmo falei-lhe sobre as diversas variedades de flores silvestres que crescem na terra árida. Com certa dose de surpresa, ele comentou que nunca havia notado a existência dessas plantas. Em poucos minutos ele também estava agachado, observando algumas prodigalidades da natureza. Compreendi que ambos estávamos aprendendo, com a natureza, alguma cosi sobre o amor de Deus pelo homem. "Os apóstolos florais são hieróglifos da Divindade",Ciência e Saúde, p. 240. diz a Sra. Eddy. Que alegria sentimos ao nos tornar co-descobridores dessa beleza!

Essa experiência foi decisiva no sentido de preparar o caminho para que, alguns meses depois, o processo judicial fosse suspenso e a disputa resolvida harmoniosa e amigavelmente. Chegou-se a um consenso sobre como fazer justiça ambiental, satisfazendo a ambas as partes. Como resultado, as áreas de preservação da natureza ficaram protegidas e as operações de mineração continuaram a ser desenvolvidas de uma forma benigna ao meio ambiente.

Diversas vezes constatei que o que eu mais necessitava para completar com sucesso os projetos ambientalistas em que trabalhava, era maior progresso espiritual. Nessas ocasiões eu era forçada a elevar minha compreensão de que o verdadeiro estado do ser é totalmente espiritual. Aprendi a abandonar o conceito materialista de vida e comecei a perceber a realidade e o poder dos recursos espirituais do homem.

Certa ocasião, trabalhei em um projeto no qual deveria mapear as características ambientais ao longo de rotas alternativas propostas para desenvolvimento. Junto com meus companheiros nessa pesquisa, trabalhávamos com toda a precisão e honestidade, par registrar diversas espécies de dados científicos nos mapas. As informações seriam examinadas em uma audiência pública em que se analisaria a potencialidade do impacto que o desenvolvimento ao longo de cada rota causaria.

Quando faltava pouco tempo para revelarmos os resultados do estudo, a firma que nos havia contratado constatou que as informações mapeadas continham muitas incorreções. Não sabíamos como explicar o que havia acontecido. Devido à falta e tempo e também ao fato de o trabalho exigir um alto nível de precisão, nosso contratante ficou furioso. O clima emocional chegou a um ponto em que já não era possível qualquer contato rotineiro.

Compreendi que a situação só poderia ser resolvida pela sabedoria divina. A sabedoria e a situação espiritual são qualidades dadas por Deus, e não dependem do intelecto humano. Percebi que a resposta só poderia ser encontrada em Deus, a Mente divina. Nada que precisasse ser revelado poderia ser escondido do homem, que reflete a Mente.

Recusei-me a aceitar a idéia de que a situação fora de controle e reconheci que, no reino de Deus, onde cada um de nós vive realmente, tudo está sob o controle do Princípio divino. Quando comecei a entender que a vontade humana e o medo não têm realmente o poder de paralisar a atividade correta, senti tranqüilidade. Eu sabia que, embora não pudesse explicar as discrepâncias, a precisão do trabalho não poderia ser adulterada. O erro não pode esconder-se de Deus, a Verdade onipresente. Também ficou bastante claro para mim que nenhum de nós precisava ser envolvido no redemoinho de uma controvérsia emocional. No ambiente de Deus não existem mentes em guerra, pois ali uma única Mente governa tudo.

Pouco tempo depois um técnico descobriu a razão do problema. Os dados que havíamos registrado tinham sido transferidos para mapas muito grandes, os quais haviam sido posteriormente fotocopiados. A fotocópia dos mapas, porém, ficara um pouco expandida e, ao ser colocada sobre o mapa original, apresentava as distorções. Conseguimos corrigir o problema rapidamente e completar o projeto dentro do prazo estabelecido. Isso permitiu que a empresa que havia contratado esse projeto e o público tivessem em mãos dados ambientais corretos nos quais basear suas decisões.

Embora os exemplos descritos acima tenham envolvido documentação e comunicação relacionada com a ecologia, a lei divina pode ser aplicada a outros desafios encontrados no meio ambiente, sejam eles tecnológicos, educacionais, políticos ou econômicos. A espiritualização do pensamento através da purificação do conceito da natureza do homem auxilia aqueles que estão lutando contra o pensamento poluído, que vai da cobiça à desonestidade, passando pela sensualidade, pelo cinismo e pela obstinação. Como o homem, em verdade, é filho de Deus, é natural que ele tenha uma mente pura e tenha esperança, seja altruísta, flexível e honesto.

Os cientistas e engenheiros ambientalistas, que lidam com situações que envolvem falta de equilíbrio e limitação, podem vislumbrar um pouco da natureza infinita e perfeitamente equilibrada dos recursos do Espírito. Cada um de nós pode descobrir que, na realidade absoluta, o meio ambiente não é formado por forças ingovernáveis que agem sobre mortais indefesos. Pelo contrário, o meio ambiente verdadeiro do homem é totalmente espiritual e está sob a lei de Deus, sob Seu governo harmonioso. Como reflexo de Deus, o homem é imortal e vive na atmosfera do Espírito. A Bíblia diz: "Nele [em Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos." Atos 17:28. A compreensão disso nos proporciona ajuda prática.

Em realidade, os ecologistas concluíram que é perfeitamente possível termos um meio ambiente saudável. Áreas relativamente intocadas têm uma capacidade inata de renovação, produtividade e sustentação. A falta de justiça no que diz respeito ao meio ambiente geralmente tem origem em fatores que estão fora do equilíbrio, como muita poluição e poucos recursos. Entretanto, a humanidade vem descobrindo um volume cada vez maior de materiais recicláveis, o que está ajudando a restabelecer o equilíbrio. O que não deve ser reciclado são os maus pensamentos. O equilíbrio se manifesta em nossa vida quando abandonamos a presunção, a força de vontade mortal e adquirimos um respeito profundo por toda espécie de vida.

Nas últimas décadas, os cientistas naturais também descobriram um formidável nível de cooperação entre as mais diversas espécies em ecosistemas. Esse fenómeno aponta para o fato de que é natural expressar amor imparcial. A pureza de pensamento, que atesta a totalidade de Deus, o bem, nos capacita a progredir nessa direção. A Sra. Eddy escreve: "Só quando admitimos ser o mal uma realidade e adentramos um estado de maus pensamentos é que podemos, em crença, separar os interesses de um só homem dos interesses de toda a família humana, ou tentar, dessa forma, estabelecer uma separação entre a Vida e Deus. Esse erro redunda em muito daquilo de que temos de nos arrepender e que temos de vencer".Miscellaneous Writings, p. 18.

A regeneração não começa quando tentamos corrigir as faltas de outras pessoas, mas sim quando nós mesmos progredimos espiritualmente. Costuma-se dizer que todos somos contra a poluição, quando se trata da poluição causada por outra pessoa. Muitas vezes é necessário que ambas as partes tenham a humildade de colocar determinado problema em sua própria perspectiva e então procurar resolvê-lo.

Como o mundo seria triste sem valores espirituais! Mas, por meio da percepção espiritual, a verdadeira razão de ser do homem vem à luz: expressar a bondade de Deus. Quando confiamos na Verdade, vislumbramos aquilo que o meio ambiente de Deus é realmente: a atmosfera do Amor onde todas as criaturas de Deus são importantes e obedecem à lei espiritual. Como são perfeitas, puras e harmoniosas, elas não podem fazer mal umas às outras.

Na proporção em que somos batizados diariamente pelo Espírito por meio da purificação de nosso pensamento, aprendemos a testemunhar e a demonstrar a realidade da criação controlada pro Deus, onde os recursos e as necessidades são adequadamente balanceados e a justiça em todos os aspectos relacionados com o meio ambiente reina na terra.

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