Em Resposta À pergunta "O que é Vida?", a Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: "Vida é o Princípio divino, Mente, Alma, Espírito. A Vida não tem começo nem fim. O que exprime a idéia de Vida é a eternidade, não o tempo, e o tempo não faz parte da eternidade. Um cessa na proporção em que o outro é reconhecido. O tempo é finito: a eternidade é para sempre infinita".Ciêncai e Saúde, pp. 468-469.
No Glossário do mesmo livro, tempo é definido, em seu sentido metafísico, como "medidas mortais; limites, dentro dos quais estão reunidos todos os atos, pensamentos, crenças, opiniões e conhecimentos humanos; a matéria; o erro; aquilo que começa antes e continua depois daquilo que se denomina morte, até que o mortal desapareça e a perfeição espiritual apareça."Ibidem, p. 595.
Será que isso significa que temos de morrer, antes de podermos ultrapassar os limites impostos pelo conceito chamado tempo? Não, porque nosso verdadeiro ser é, já, agora, o reflexo perfeito da Vida divina, eterno, intocado pelo tempo, e não temos de esperar para começar a comprovar isso.
O mundo material, isto é, a visão do mundo através dos sentidos físicos, declara que nossas atividades são governadas e ditadas pelo tempo. Mas essa não é a realidade da vida, que é eterna, existindo em Deus e proveniente de Deus. O pensamento baseado na matéria declara que o homem nasce em determinado momento da história humana, amadurece e eventualmente envelhece, tudo por causa dessa coisa invisível chamada tempo. Qual seria o poder que se encontra em meras revoluções dos planetas em suas órbitas, capaz de arruinar o ser do homem? É um erro fatal a teoria de que o homem viva em segmentos chamados horas, dias, semanas e anos e que esses segmentos acumulados possam causar declínio e morte.
Na Ciência Cristã, aprendemos que, de acordo com a Bíblia, Deus criou o homem à Sua imagem. As Escrituras também declaram que Deus é Espírito. Segue-se então que o homem, por ser a imagem de Deus, tem de ser espiritual, imortal, e não está sujeito ao tempo.
Isso não é mera teoria, mas verdade demonstrável. No entanto, não podemos demonstrar esse fato, se temos uma compreensão incorreta de Deus ou se consideramos o homem uma criatura composta por uns tantos centímetros cúbicos de substâncias químicas. A natureza de Deus é apreendida não por meios físicos, mas através do sentido espiritual, essa santa voz intuitiva na consciência individual. Parte da definição de Deus, em Ciência e Saúde, é: "O grande Eu Sou".Ibidem, p. 587. Essa é exatamente a definição que Deus dá de si próprio a Moisés. Ver Êxodo 3:13,14. Eu Sou, no indicativo presente. Significa uma presença constante. Não existe nenhum indício de passado ou futuro. Eu Sou não se contém numa moldura temporal. Apenas é. Ninguém pode imaginar Deus como "começando" em certo ponto nem tampouco "acabando". Por isso o homem, como reflexo de Deus, ou semelhança, é tão eterno quanto Deus. Essa é nossa natureza verdadeira. Jesus explicou a eternidade, a ausência de tempo em sua identidade espiritual, o Cristo, quando disse aos judeus: "Antes que Abraão existisse, eu sou". João 8:58.
Como é que tudo isso se aplica ao nosso dia-a-dia? No seguinte: abandonar padrões antiquados de pensamento sobre o tempo e procurar compreender o ser onipresente de Deus e Sua expressão incessante, o homem, diminui o medo à mortalidade. Acabamos por compreender que o homem não pode morrer porque Deus, seu Criador e constante mantenedor, não pode morrer. Aquilo que parece deteriorar-se ou morrer é a falsa percepção do homem, apresentada pelos sentidos materiais que, por sua própria natureza, apenas podem descrever aquilo que é material, mortal e temporal. Mas Deus, o Espírito, não conhece, não cria nem reside na matéria. E como semelhança de Deus, o homem não é material, mas espiritual. A matéria não é uma coisa; é a contrafação da verdadeira substância do Espírito.
A compreensão de Deus como Eu sou não destrói apenas o medo de morrer, mas ajuda-nos a curar um passado infeliz ou o receio do futuro. O passado é tão somente um conceito mortal, definido pelo que albergamos a respeito na consciência, neste exato momento. Aquilo que de fato se desenrola agora, ou em qualquer altura, é Deus, o eu Sou, expressando-Se em harmonia perpétua. Nada existe fora do infinito Deus e Sua infinita idéia, o homem, que seja capaz de causar uma interrupção do bem. Existe apenas a perfeição espiritual neste momento, e neste momento, e neste momento.
Todo o bem do passado é evidência tangível da presença contínua do eu sou junto ao homem. Todo o mal foi uma falsa crença, ou mentira, e nunca, em momento algum, a verdade de Deus ou de Seu reflexo, o homem. O bem é eterno. É uma qualidade espiritual e por isso indestrutível. Um verso de um hino do Hinário da Ciência Cristã diz: "Pois todo o bem que já passou, / Presente está no meu viver". Hinário, n° 238.
Não precisamos nunca ter medo do futuro. O medo sempre se conjuga no futuro imperfeito, ou condicional. Mas se só há o agora de nossa coexistência com Deus, não existe "se" ou "quando" para ser abordado com medo. O homem, presentemente e sempre, está refletindo a Mente divina, Deus. Pense na liberdade que isso representa! Acaso a mente mortal, o pensamento com base na matéria, diz-nos que nossa situação talvez piore amanhã? Ou que nosso rendimento diminuirá ou nossos relacionamentos se desfarão no futuro? Não se impressione. Fique no agora, com Deus. Reconheça o abundante, amoroso cuidado de Deus, que neste instante e sempre se expressa. Nunca vai haver mais presença de Deus do que já está disponível neste momento, pois Ele enche todo o espaço eternamente e é onipotente.
Ao ganhar domínio sobre a crença de sermos manipulados pelo tempo, também nos libertamos da pressa. Tenho disso um exemplo significativo, ocorrido há alguns anos. Uma de minhas filhas e eu planejáramos assistir juntas a uma conferência da Ciência Cristã. No emprego, ela demorou-se para além do normal e por isso chegou atrasada em casa. O relógio dizia que tínhamos menos de vinte minutos para percorrer uma distância que levava pelo menos trinta e cinco minutos, em condições favoráveis.
Depois de aproximadamente um quilômetro e meio a cruzar entre as faixas menos congestionadas da auto-estrada, minha filha disse: "Oh Mãe, por que é que não diminuis a velocidade e deixas que Deus nos leve lá a tempo?" A repreensão era necessária e foi aceita. Diminuí a velocidade até ao limite permitido. Sabia que ela estivera orando (provavelmente por sua própria segurança!) e passei a orar também, com fervor. Declarei mentalmente que Deus não conhece o tempo ou qualquer tipo de limitação. Reconheci que era certo participar duma atividade inspirada como o é uma conferência da Ciência Cristã, e afirmei que toda faceta desse acontecimento era governada pela lei divina, inclusive chegar na hora pontual e em segurança. Perdi a noção do tempo e fiquei aliviada da ansiedade. A viagem foi serena e harmoniosa. Quando nos sentamos no auditório, um grande relógio de parede indicava faltarem cinco minutos para a conferência começar. O tempo não parara, mas havia, nessa ocasião, sido ultrapassado.
Essa experiência, embora relativamente pequena, indica o poder de Deus demonstrado por Jesus, quando caminhou sobre as águas revoltas pela tempestade de encontro ao barco onde seguiam seus discípulos e "eles de bom grado, o receberam, e logo o barco chegou ao seu destino." João 6:21. Ele compreendeu que o ser verdadeiro é inteiramente espiritual, governado apenas por Deus, liberto das assim chamadas leis do tempo e do espaço.
O tempo não é uma força real, dominadora e tirânica. Reconheçamos o que ele é: um sistema para medir a atividade humana, que será finalmente substituído por nossa compreensão e demonstração do poder e presença do eu sou e do ser espiritual que independe de tempo.
