O Que Podemos Esperar da vida? Quanto poderá durar e quão aprazível será? Serão sua duração e qualidade determinadas por genes e leis de probabilidades? Um dicionário define expectativa de vida como "o espaço de tempo estatisticamente comprovado que um indivíduo típico poderá esperar viver". Essas estatísticas resultam de projeções e aferições que têm por base o ano de nascimento de uma pessoa, seu sexo, e assim por diante.
No entanto, pelo sentido espiritual, sabemos que Deus é Vida, é a nossa Vida, e que por sermos o homem, Sua expressão, somos completos, livres, sem restrições, espirituais. Essa é nossa identidade verdadeira, nossa única identidade.
Mas, dirá você, isso é um conceito inteiramente espiritual. Será razoável esperar que nossa vida no aqui e agora possa expressar tal conceito, desdobrar-se, desenvolver-se sem limites e não conhecer decadência? Sim, podemos esperá-lo. Precisamos, porém, aprender mais acerca de Deus como nossa Vida e colocar em prática o que compreendemos para esperar e evidenciar progresso constante. Cristo Jesus disse: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste". João 17:3.
As páginas 244–249 em Ciência e Saúde, da Sra. Eddy, discorrem largamente sobre velhice e envelhecimento. Lembram-nos que precisamos afastar-nos mentalmente do modelo mortal imperfeito e constantemente volver o olhar para o modelo verdadeiro de perfeição espiritual, de bondade, saúde, amor e assim por diante, se quisermos cada vez mais experimentar a nobreza e o progresso que nos são naturais. Se fundamentamos o pensamento no fato e nossa existência harmoniosa como criação de Deus, totalmente espiritual, sem começo nem fim, podemos esperar que nossas habilidades e capacidades se desdobrem constantemente, intensificadas, aumentadas, estimuladas, porque estamos reconhecendo nosso relacionamento com sua fonte inexaurível: Deus, o Espírito.
Numa época minha mãe, Cientista Cristã dedicada, deixou de festejar aniversários, tanto os dela como os dos filhos. Acreditava que com isso deixava de pensar em nós como mortais que envelhecem. Meu marido e eu compreendemos e apoiamos sua decisão. Mas outros membros da família achavam indelicado que a mãe ignorasse os aniversários dos filhos. Assim, para manter a paz, mamãe começou a enviar anualmente um cartão de felicitações contendo uma mensagem carinhosa.
Não sei o que o cartão dos outros continha, mas para mim ela transcrevia anualmente esta frase de Ciência e Saúde: "Cada ano que passa desenvolve sabedoria, beleza e santidade".Ciência e Saúde, p. 246.
Eu o aceitava literalmente e de todo o coração. Comecei a esperar, e continuo esperando, que constantemente em minha vida se expandam e aperfeiçoem sabedoria e intuição mais profundas, o que expresso da ternura do Amor, e uma consciência espiritualizada.
Considero aquela simples frase anteriormente mencionada como minha declaração de expectativa de vida. Além disso, refleti: Por que estaria eu menos capacitada, só porque a terra girou ao redor do sol uma vez mais, ou dez vezes mais? Por que deveria eu (ou qualquer pessoa) ter menos vigor, coordenação ou atividades em consequência dessa rotação da terra? Um jogo de palavras, na definição de ano, em Ciência e Saúde, alertou-me para esse conceito. Ali, ás palavras "ano solar" contrapõem-se as de "anos repletos de Alma". A Sra. Eddy escreve: "O tempo é um pensamento dos mortais, o divisor do qual é o ano solar. É mediante a eternidade que Deus mede os anos repletos de Alma". Ibidem, pp. 598-599. Ponderar sobre esses termos ajuda-me a entender que os anos solares (a passagem do tempo) não determinam como estou. A medida de meu valor encontra-se nos pensamentos, dias e atividades repletos de Alma.
O livro de Isaías adverte que ainda mesmo os jovens se fatigam, mas que "os que esperam" em Deus "sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam". Isaías 40:31. E por que não? Ter esperança em Deus é, no sentido mais profundo, reconhecê-Lo como a origem de tudo quanto temos e somos, a fonte de nosso vigor, inteligência, integridade, alegria, saúde, e saber que, se essa fonte não conhece limites nem restrições, não os pode conhecer Seu descendente, o homem.
Em todas as seis páginas de Ciência e Saúde antes mencionadas, sublinhei expressões que me fizeram procurar continuamente a natureza sempre presente e perene da Vida, tais como: louçania, beleza, resplandecente, eterno, encanto, continuidade, vigor, promessa, glórias imperecíveis.
Em carta a uma Igreja da Ciência Cristã em Chicago, nos E.U.A., a Sra. Eddy, quando estava com mais de setenta anos, escreveu que, se vivesse até os oitenta, ela estaria "ainda mais jovem e mais próxima do eterno meio-dia do ser do que hoje, pois o verdadeiro conhecimento e prova da vida consiste em nos despirmos de limitações e nos revestirmos das possibilidades e permanência da Vida".The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 177. A Sra. Eddy esperava continuar a aprimorar-se, a desprender-se de limitações, a produzir ainda mais. E foi isso mesmo o que fez! Também escreveu certa vez: "A crescente sabedoria que vem com a idade e a experiência é força, não fraqueza, e deveríamos compreendê-lo, esperá-lo e saber que assim é; então isso apareceria". We Knew Mary Baker Eddy (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1979), p. 146.
A Vida que é Deus é eterna. É sempre viçosa e nova, animada por sustentadora energia. Não conhece declínio nem inutilidade. Estar conscientes disso nos faz viver com mais alegria e esperança, vitalidade e confiança. Na verdade, nossa única identidade é espiritual, sem idade, impecável, inexaurível. Ao reconhecer que Deus é nossa Vida, podemos aceitar a verdade de nossa identidade real como o reflexo da Vida divina, a expressar sempre a pureza e a perfeição. Recusando-nos a medir a vida pelos anos solares, podemos ter a expectativa de progredir e desenvolver-nos de todas as maneiras possíveis. Eis a verdadeira "expectativa de vida".
