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O Evangelho de Marcos em nossa vida

As obras poderosas: O triunfo e o terror do discipulado — Marcos 6:7–31

(Nona Parte)

Da edição de setembro de 1999 dO Arauto da Ciência Cristã


Nesta nona parte, Marcos interrompe seu relato das obras poderosas e se concentra no discipulado. A primeira missão dos discípulos será muito bem sucedida, mas a experiência de João Batista servirá de advertência e ameaça.

6:7–13 Sem se deixar abater pelo fato de ter sido rejeitado em Nazaré, chamou Jesus os doze e passou a enviá-los de dois a dois. As pessoas normalmente viajavam aos pares, não apenas pelo apoio físico e moral que um dava ao outro, mas também para corroborar o testemunho de tudo o que vissem. O testemunho de apenas uma pessoa não era válido.

Jesus lhes deu autoridade sobre os espíritos imundos. consciente de que aquela autoridade não era exclusiva dele. Ela podia ser adquirida pelo aprendizado e colocada em prática por outras pessoas também. Esses discípulos eram os mais indicados, pois haviam estado com Jesus durante um longo período, observando, aprendendo, refletindo. Não os havia ele chamado para serem "pescadores de homens"?

Desejando que eles se apoiassem na providência e proteção de Deus, Jesus lhes deu instruções explícitas. Eles deveriam viajar sem bagagem, nada levando para o caminho. Poderiam levar as roupas que usavam, um bordão e sandálias. E era só isso: as necessidades básicas! Eles não poderiam levar nem pão, nem alforje, nem dinheiro. O alforje era uma sacola para guardar coisas como pão e dinheiro. Para as necessidades diárias deveriam confiar no suprimento divino.

Quando lhes fosse oferecida hospedagem, eles deveriam entrar na casa do anfitrião e lá permanecer pelo tempo de duração de sua visita, não se preocupando em ocupar melhores acomodações. O objetivo dessa instrução era evitar que despertassem inveja ou que a visita se estendesse demais. E, se em algum lugar eles não fossem recebidos nem ouvidos, deveriam aceitar isso também e continuar seu caminho, sacudindo o pó dos pés. Por terem presenciado a rejeição de Jesus por parte de vários grupos, eles sabiam que isso também poderia acontecer com eles. Se acontecesse, eles deveriam deixar os que não eram receptivos, às suas próprias decisões, seguindo o hábito dos judeus de sacudir o pó, ao sair do território dos gentios. Como o vilarejo perderia a oportunidade de ouvir as boas novas, a mensagem de salvação não chegaria àquelas pessoas, por algum tempo. Jesus acrescentou: Menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade.  Ver Mateus 10:15. Apesar das sérias conseqüências previstas para essas cidades, os discípulos deveriam se concentrar em sua missão e não se preocupar com isso.

Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse; expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo. Esse breve relato confirma o êxito da missão. Mais adiante, voltaremos a falar sobre ela mas agora uma história totalmente nova chama nossa atenção, roubando a cena para nos alertar sobre um outro aspecto do discipulado.

6:14–28 As notícias estavam se espalhando. Chegaram aos ouvidos do rei Herodes, porque o nome de Jesus já se tornara notório. Não fica muito claro o que Herodes ouviu, mas é certo que é sobre a pessoa de Jesus. Ouvindo os rumores que circulavam, Herodes ponderava sobre as possibilidades. Alguns diziam: João Batista ressuscitou dentre os mortos, supondo, ou que um João ressuscitado tivesse sido investido de poderes sobrenaturais para realizar obras poderosas, ou que alguém semelhante a João tivesse vindo para lhe causar mais problemas. Outros diziam: É Elias, que, como fora profetizado, voltaria para anunciar o fim dos tempos. Ver Malaquias 4:5, 6. Outros ainda diziam: É profeta como um dos profetas. Isso seria algo novo na vida do povo de Deus, porque a profecia não se manifestava havia centenas de anos.

Herodes concluiu: É João, a quem eu mandei decapitar, que ressurgiu. A profecia que questiona as autoridades constituídas pode ser perigosa para o profeta. E se a experiência de João confirma isso, o que aconteceria a Jesus, que era ainda mais "poderoso"? A história continua com uma retrospecção sobre as circunstâncias que envolveram a morte de João.

Herodes mantinha João preso e amarrado, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe (porquanto Herodes se casara com ela). A árvore genealógica de Herodes se ramificava em confusões, que incluíam relacionamentos incestuosos, divórcios e novos casamentos, geralmente com as pessoas erradas. Herodes e Herodias eram marido e mulher, mas ela era também sua sobrinha. Não era o primeiro casamento deles, mas também não está muito claro quem fora o primeiro marido dela. Filipe era casado com a filha dela, Salomé. De qualquer forma, o casamento de Herodes e Herodias suscitara um escândalo considerável. Quando Herodes se divorciou da primeira esposa, seu sogro o desafiou e venceu em batalha. João sem dúvida havia levantado essa questão, insistindo no aspecto moral e dizendo a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão, para irritação de Herodias que o odiava, querendo matá-lo, e não podia.

Porque Herodes temia a João, sabendo que era homem justo e santo... o ouvia... escutando-o de boa mente. Esse pequeno detalhe de intriga palaciana não é mencionado em nenhum outro lugar. Sugere uma sensibilidade no íntimo de Herodes, que não subsiste até o final da história. Realça, porém, o aspecto trágico do que vai ser contado a seguir.

Aconteceu no dia em que Herodes no seu aniversário natalício dera um banquete aos seus dignitários, aos oficiais militares e aos principais da Galiléia. Durante as festividades, entrou a filha de Herodias e, dançando, agradou a Herodes e aos seus convivas. Essas danças, que geralmente eram apresentadas por profissionais, eram notadamente sensuais e bastante sugestivas. Essa atividade por parte de uma princesa ilustra a decadência espiritual da corte. Mulheres decentes não apareciam na companhia de homens, muito menos homens bêbados, numa festa.

Depois da dança, o rei promete à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. E jurou-lhe: Se pedires mesmo que seja a metade do meu reino, eu ta darei. Trata-se provavelmente do exagero de um homem bêbado, pois Herodes não tinha um reino a oferecer. Ele era um testa de ferro do exército romano e administrava por conta dos romanos.

A história toma um rumo grotesco, quando a filha pergunta à mãe: Que pedirei? E esta responde: A cabeça de João Batista. Disposta a ser solidária com a maldade da mãe, no mesmo instante, voltando apressadamente para junto do rei, pede num prato a cabeça de João Batista. Embora tivesse ficado muito triste com o pedido, Herodes era fraco demais para assumir a defesa de um princípio. Diante da escolha de fazer o que era correto ou, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, concordou com o pedido, rendeu-se à sua natureza inferior e deixou de lado seu respeito por João. Esse relato assustador mostra quão intensa era a hostilidade contra os mensageiros de Deus!

E, enviando logo o executor, mandou que lhe trouxessem a cabeça de João. A ordem foi cumprida e a cabeça de João entregue à jovem, e esta, por sua vez, a entregou à sua mãe.

Os discípulos de João, logo que souberam disto, vieram, levaram-lhe o corpo e o depositaram no túmulo.

6:30–32 Terminado esse retrospecto, a narrativa volta a se concentrar nos apóstolos, que haviam retornado de sua missão e voltaram... à presença de Jesus e lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado. Com terna solicitude, para que eles tivessem o repouso e a calma necessária, Jesus os chamou para repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham. Então foram sós no barco para um local solitário. Eles precisavam de tempo para refletir e para ficar sozinhos.

As obras poderosas vão prosseguir nas próximas partes desta série de artigos, com histórias envolvendo alimento, mãos sem lavar, e o significado de migalhas. O papel dos discípulos vai ganhar maior importância após o sucesso de sua primeira missão. Muitas curas serão surpreendentes e simbólicas; contudo, elas não serão compreendidas.

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