Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

Trabalho, amor e paz na África

Da edição de setembro de 1999 dO Arauto da Ciência Cristã


Em março de 1998, fiquei um tempo em Brazzaville, capital da República do Congo. O que havia era uma cidade fantasma, várias vezes bombardeada e queimada pelos rebeldes que lutavam contra as tropas do governo, para conquistar o controle desse lindo país africano.

O ar estava impregnado de tristeza, morte, perda, medo, corrupção e intimidação. O mercado negro proliferava, pois os bancos haviam fechado. Mas em meio à destruição e ao caos, havia algumas pessoas que expressavam esperança e a expectativa de que Deus os libertaria da opressão.

Essa esperança em Deus levá-los-á, sem dúvida, a encontrar as soluções corretas; permanece porém a pergunta: por que pessoas como essas, que levaram esse lindo país à devastação, decidiram se rebelar violentamente contra o governo? Às vezes, parece que elas só fizeram piorar o sofrimento contra o qual se rebelaram.

Na África do Sul, os negros engajaram-se na luta armada e cometeram atos de sabotagem contra um governo que se caracterizava pela opressão, ódio, e discriminação. Um profundo desejo de liberdade, justiça e dignidade para todos, era o que predominava nos corações e nas mentes dos que lutavam pela liberdade.

Os métodos usados para atingir objetivos tão importantes, devem ser ponderados cuidadosamente. Se métodos humanos e físicos, tais como a violência, o assassinato, a instabilidade e a destruição, são considerados justificáveis, o fim pode ser pior do que o começo. Então, que fins e meios trarão a liberdade pela qual almejamos? A Verdade é a meta, e o meio para se obter essa Verdade é o Amor. A chama da violência se apaga, quando o pensamento está cheio de amor e é controlado pelo Amor.

Cristo Jesus nos instrui: "Amai os vossos inimigos. .. para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste" (Mateus 5:44, 45). Quando amamos nosso inimigo, não sentimos a necessidade de humilhar a outra pessoa. Destruímos um inimigo quando fazemos dele um amigo.

O amor encoraja a prática do poder de Deus para produzir mudanças, sem ferir o oponente. Recusar-se a prejudicar alguém não significa submeter-se à vontade do malfeitor. Ao contrário, passamos a utilizar nossa compreensão da Verdade, Deus, para obter mudanças de modo pacífico e amável.

O amor também nos ajuda a eliminar outras causas da violência. Por exemplo, em Lesoto, um pequeno país perto da África do Sul, a desonestidade na contagem de votos em uma eleição e a destruição das cédulas por parte do partido vencedor, levou à revolta e à desordem. Em tais circunstâncias, nossas orações precisam afirmar a natureza espiritual do homem, que é sempre honesto e obediente a Deus.

É essencial que apliquemos a todas as nossas ações os valores morais de Jesus, os quais são baseados na lei divina do Amor. As pessoas que expressam valores imorais, mesmo que pertençam a uma organização rebelde, não são mais poderosas do que aquelas que expressam valores corretos, em um país. Na verdade, o bem é que prevalece.

Ao pensar nos representantes do nosso governo, podemos afirmar sua capacidade de refletir qualidades divinas e dessa forma tornar-se exemplos de moralidade. O poder espiritual, que está por trás da lei moral, é capaz de aniquilar tudo o que é desonesto e destrutivo. Aqueles que conhecem e compreendem a lei de Deus, o bem, precisam se propor a agir com coragem e vigor, tomar posição a favor do que é correto diante do comportamento corrupto e ilegal.

O medo também tem um papel importante na rebelião, na ação violenta e a Bíblia nos dá o perfeito antídoto: "No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo" (1 João 4:18). Em vez de condenarmos as pessoas que cometem atos de terrorismo ou rebelião, devemos compreender espiritualmente que ninguém pode ser escravizado pelo medo ou ser levado pelo medo a agir maldosamente. Como a neblina, que desaparece quando o sol começa a brilhar, o medo se desvanece, quando o Amor assume a preponderância.

Os rebeldes têm um senso de determinação e estão engajados de maneira passional em sua causa. Nosso compromisso com a justiça, com a paz, com a harmonia e com o amor precisa ter a mesma intensidade dessa determinação dos rebeldes. Podemos literalmente mudar o curso das nações e continentes, através de nossa dedicação tenaz e apaixonada à causa do bem. Quando fazemos escolhas corretas, espirituais, a favor da justiça e da retidão, ajudamos a eliminar a pobreza, a insegurança, a injustiça e a discriminação racial, que são o solo onde se desenvolve a semente da rebelião violenta.

Como sabemos quais as escolhas a fazer? Devemos investir na oração que se fundamenta na compreensão do amor incondicional de Deus pelo homem.

Podemos deixar o senso de impotência, estagnação e medo. Essas coisas nos levam a depender somente de meios humanos para deter e corrigir os responsáveis pelo mal. O amor pode eliminar o mal, antes mesmo de ele levantar sua cabeça de hidra. Precisamos, porém, despertar e tomar consciência da onipotência do Amor e seguir sua orientação.

Foi isso que eu fiz quando me deparei com a devastação, a morte e a corrupção, sob o governo militar, na República do Congo. Fiquei alerta para permanecer equilibrada e no controle de meus pensamentos. Recusei-me a reagir às condições materiais, por mais ameaçadoras que parecessem ser. Volver-me a Deus em oração era o que eu mais precisava fazer, a fim de deixar para trás o medo e o choque que senti no início.

Compreendi que minha contribuição essencial para o povo daquela cidade, era a oração baseada na minha compreensão do Amor como sendo Deus, e do poder do Amor para destruir todo o medo. Essa oração teria um efeito propagador que poderia beneficiar o país inteiro, se utilizada eficazmente. Minha consciência encheu-se do amor de Deus: reconheci o poder e a eficácia da presença de Deus, ali mesmo, no meio da intimidação e do perigo.

Compreendi claramente que esse Amor era refletido não somente por mim e por minha amiga, mas também pelos oficiais que nos abordavam com agressividade. Esse amor nos unia como irmãos, em vez de criar uma barreira entre nós. A bênção de reconhecer nossa união com Deus, certamente iria destruir tudo quanto tentasse impedir de expressarmos amor uns para com os outros. À medida que eu orava com essas idéias, cessaram as grosserias e as exigências de propinas dirigidas a mim e à minha colega.

Envolver a todos no amor de Deus, é a melhor solução para eliminar o crime organizado, a corrupção e o abuso perpetrado contra pessoas inocentes. A vingança é inaceitável. Não é possível apagar o fogo com o fogo. A violência, muitas e muitas vezes, produz mais violência.

Amar o nosso inimigo é uma necessidade absoluta para sobreviver ao tumulto. Precisamos nos dispor a perdoar e a manter a capacidade de perdoar aqueles que nos prejudicam. Se não formos capazes de perdoar, estaremos roubando de nós mesmos o poder de amar.

Perdoar não quer dizer ignorar o que foi feito ou acobertar um ato de maldade. Significa elevar nosso pensamento para reconhecer a irrealidade de tudo o que é dessemelhante do bem, Deus. Isso ajuda a destruir toda e qualquer barreira no nosso relacionamento com o inimigo; permite um novo começo para o relacionamento.

O perdão não requer que comprometamos nossos princípios em troca da paz, como dizem alguns. Ele consiste na restauração de nossa união com Deus e com os outros, que parecia ter-se rompido. O perdão também conduz à reconciliação.

Nossa relação com Deus baseia-se no nosso amor por Ele e pelos outros. Através do amor de Deus, estamos em relação com os outros. Por que é exigido que amemos nossos inimigos — o rebelde, o terrorista, o vândalo, o funcionário corrupto? Às vezes somos chamados a essa tarefa difícil com o fim de reconhecer e demonstrar nossa relação com Deus — para sermos a imagem do Amor divino, que é o que realmente somos.

Quando conseguirmos amar nossos inimigos assim, o caminho para a paz ficará claro.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / setembro de 1999

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.