Meu amigo Júlio estava num colégio interno para Cientistas Cristãos. Certa manhã, acordou com um forte resfriado.
Ele começou a repetir mentalmente "a exposição científica do ser", do livro Ciência e Saúde, da Sra. Eddy (p. 468), que começa assim: "Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria". Ele aprendera, na Escola Dominical, que a matéria não pode pegar um resfriado, pois a matéria é incapaz de pensar que está doente ou que está bem. Ele era um filho perfeito de Deus e não estava sujeito às assim chamadas leis que governam a matéria.
Júlio continuou afirmando atentamente essa declaração de Ciência e Saúde. Mas o resfriado continuava a se fazer sentir. Então, ele recomeçou a recitar a mesma declaração.
Foi para o chuveiro sentindo-se muito mal. Mas o tempo inteiro ele continuou repetindo "a exposição científica do ser". No chuveiro ele repetiu e repetiu. A mesma coisa enquanto se vestia, enquanto arrumava a cama e punha o quarto em ordem. Mas o resfriado não ia embora, e o colega de quarto percebeu.
"Você está bem?" perguntou Leo. Júlio respondeu: "Mais ou menos." "Bem, é melhor você continuar a trabalhar", disse o colega de quarto. "O que você quer dizer com 'trabalhar'?" pensou Júlio. "Eu tenho feito isso desde que acordei!"
No refeitório, Marcos, o amigo de Júlio, notou o resfriado e lembrou do grande jogo que teriam no dia seguinte. Júlio pensou sobre o jogo de basquete, o resfriado e sua frustração. Então, decidiu ir até a enfermaria para ver uma enfermeira da Christian Science.
A enfermaria estava ali para ajudar os alunos daquela escola a se curarem através da oração. A enfermeira veio até ele. Ela pensou um pouco e então pegou uma flor de plástico que estava num vaso. "Diga-me, Júlio, qual a diferença entre você e esta flor de plástico?"
Nas aulas de Ciências, Júlio havia aprendido muita coisa sobre matéria orgânica e inorgânica, moléculas, DNA, estrutura atômica, componentes, substâncias e elementos. Então, ele explicou à enfermeira a diferença entre a sua estrutura e a do plástico. Achou que tinha dado uma explicação completa.
"Bem, o que na verdade você está dizendo é que essa flor e você são feitos da mesma matéria básica, só que organizada de maneira diferente. No entanto, você está resfriado e ela não. O que faz você ser diferente?" perguntou ela.
"Eu penso!" respondeu Júlio. "Sabe, eu já disse 'a exposição científica do ser' umas mil vezes, e estou quase terminando de ler a Lição Bíblica pela segunda vez."
"Mas, você aplicou à sua situação aquilo que está lendo e está pensando? Você corrigiu seus pensamentos sobre si mesmo e sobre os outros?" perguntou a enfermeira. "Você aceitou que tanto você como a flor artificial são feitos da mesma substância. Então você é matéria?"
Ela abriu Ciência e Saúde e encontrou o trecho que diz: "Uma das formas de adoração em uso no Tibete consiste em levar pelas ruas uma máquina de rezar, e parar às portas para ganhar um centavo, fazendo-a tocar uma oração" (p. 10).
"Parece que é isso que você esteve fazendo — só repetindo orações, palavras, com pouca reflexão e significado", disse ela.
Júlio sorriu um pouco, lembrando-se de ter visto esse trecho ao ler Ciência e Saúde, naquela manhã. "Tenho orado sem praticar, não é?"
Júlio pediu a Deus que lhe desse a mensagem de que necessitava a fim de obter a cura. Novamente "a exposição científica do ser" veio ao seu pensamento, mas dessa vez ele refletiu sobre as palavras e as associou ao que estava ocorrendo. Isso o levou a analisar como estava pensando a respeito de seu colega de quarto e outras pessoas. Ultimamente, ele não havia sido muito cordial e não havia expressado muitas qualidades divinas. Então, expulsou os ressentimentos e os substituiu pelo amor. Como há uma única Mente e todos nós refletimos essa Mente, raciocinou ele, não poderia haver nenhuma desarmonia, raiva ou mágoa entre ele e seus amigos. Na verdade, não havia muitas mentes que pudessem entrar em conflito — e não era amável ser frio ou rude com quem quer que fosse. O homem de Deus, inclusive Júlio, Leo, Marcos e todos, refletiam o Amor divino. Júlio sentiu-se em paz e cheio de humildade. Respirou fundo — o resfriado tinha sumido. Completamente. Ele agradeceu a Deus pela inspiração sanadora que acabava de ter.
Então pegou a flor de plástico e foi até a enfermeira. "Adivinhe o que esta flor e eu temos em comum, agora?" perguntou Júlio.
"O quê?"
"Nem eu nem ela estamos resfriados."