Certa vez, ao tratar de um negócio, conheci um rapaz que gozava de certa projeção no meio artístico. Eu já ouvira falar dele, mas quando o vi pessoalmente, fiquei imediatamente fascinada. Senti uma atração física muito forte, uma admiração um tanto irracional. Pareceume que ele também ficara impressionado com a minha pessoa e que quisera chamar minha atenção. Mais tarde, percebi que ele exercia esse mesmo tipo de fascínio em muitas outras mulheres e que, de certa forma, ele se envaidecia e as encorajava. Mas na época, quis acreditar que eu era especial e que, de fato, ele sentia algo por mim. Não teve nenhum valor para mim o raciocínio lógico, que chamava minha atenção para uma grande diferença de idade, de condição de vida e de interesses. Parecia que eu estava enfeitiçada.
Minha vida passou a girar em torno dele, muito embora nem chegássemos a namorar propriamente. Eu procurava estar presente em todas as suas aparições públicas, não importava o dia e a hora. Gravava em fita todas as suas falas e as ouvia repetidamente, por horas a fio. Tudo o que ele dissesse em público, parecia-me que era dirigido a mim. Eu interrompia qualquer atividade para ficar ouvindo as dezenas de fitas que havia gravado. Pensava nele obsessivamente e sua lembrança me vinha à mente nas ocasiões mais impróprias, como, por exemplo, enquanto estudava a Lição Bíblica Semanal do Livrete Trimestral da Christian Science, ou enquanto dava aulas na Escola Dominical. Até pensei em desistir de dar aulas ali.
Como moro sozinha, ninguém notava esse meu estado emocional. Na igreja e com os amigos, eu procurava disfarçar mas, muitas vezes, nessas ocasiões, eu me isolava para pensar nele e dava uma desculpa qualquer.
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