Minha família sempre comemorou o Natal. Apesar das dificuldades financeiras, meus pais sempre garantiram que todos nós crianças ganhássemos um brinquedinho. Para sobremesa, havia as deliciosas rabanadas da minha mãe. Com o passar dos anos, o formato das festas natalinas continuou quase o mesmo, a ceia, os presentes embaixo da árvore, as orações à meianoite.
Todavia, assim que deixei de ser criança, os preparativos passaram a ser para mim uma grande correria, com muita pressão. Depois da festa, quanta coisa ficava para arrumar! Tanto trabalho, para tudo passar num piscar de olhos! Eram dias de contentamento, sem dúvida, mas, no restante do ano, o que predominava em minha cabeça era o medo.
O passar dos anos e dos Natais nada havia feito para liberar-me dos diversos temores que me acompanhavam desde criança. Mesmo em idade adulta, eu tinha muito medo das “almas do outro mundo”. Não aceitava ficar sozinha em casa, nem dormir num quarto só para mim. Precisava continuamente da companhia dos “vivos” pois, do contrário, ficava terrivelmente angustiada. Tinha medo de passar na frente de cemitérios e até de olhar para determinadas flores, consideradas “de defuntos”. Esses medos ocasionavam experiências angustiantes que se transformavam em traumas e... mais medos.
Faça o login para visualizar esta página
Para ter acesso total aos Arautos, ative uma conta usando sua assinatura do Arauto impresso, ou faça uma assinatura para o JSH-Online ainda hoje!