Quando eu estava no último ano da faculdade, minha melhor amiga me telefonou uma manhã para contar-me algo surpreendente. Uma cirurgia que os médicos haviam recomendado à sua mãe, para aquele dia, fora cancelada, por acharem que já não era necessária. Minha amiga havia passado a noite inteira lendo um livro que eu lhe havia dado de presente, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy. Ela me contou que, à medida que o lia, o terror que sentira ante a iminente operação havia desaparecido. E uns dias mais tarde a mãe, completamente restabelecida, retomou suas atividades normais.
Depois daquela ocasião, ela nunca mais falou nessa cura. A mãe não sabia que ela tinha passado toda a noite lendo Ciência e Saúde. Fiquei impressionada e agradecida, mas não toquei no assunto de novo. As duas acreditavam fervorosamente em Deus, tinham uma religião e a praticavam.
Algo que minha amiga leu naquele livro lhe propiciou um momento de compreensão espiritual sobre Deus e Sua criação. Algo lhe deu consolo e segurança. Embora ela nunca me tenha dito o que foi, acho que esse “algo” foi o Cristo, “a divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado” (p. 583), que lhe tocou a consciência e lhe dissipou o medo. A mãe de minha amiga sentiu o efeito dessa inspiração. O resultado foi a “operação do Princípio divino, ante o qual o pecado e a doença perdem sua realidade na consciência humana e desaparecem tão natural e tão necessariamente como as trevas dão lugar à luz, e o pecado cede à reforma” (p. xi).
Talvez você saiba de um caso semelhante. Um amigo, um parente, um vizinho, que tenha sentido o toque do Cristo, mas que não tenha entendido nem reconhecido como foi que a cura ocorreu. Você pode ter sentido uma gratidão incrível, embora talvez não tenha tido a oportunidade de dizer nada. Essa influência divina está ocorrendo o tempo todo. O Cristo está ativo. A cura espiritual está acontecendo.
Cristo Jesus se deparou com situações semelhantes. Um dia, por exemplo, dez leprosos o viram, a caminho de uma cidade vizinha. Clamaram por misericórdia e lhe imploraram que os libertasse daquele sofrimento. O Mestre simplesmente lhes pediu que fossem mostrar-se aos sacerdotes. Eles obedeceram. Ainda a caminho, recuperaram a saúde (Ver Lucas 17: 12–19).
Jesus comentou que só um deles, um estrangeiro, lhe agradeceu. O Mestre a seguir perguntou onde estavam os outros nove. Mas não tentou descobrir aonde haviam ido nem o que aconteceu com eles depois. A narrativa bíblica termina com o simples comentário de Jesus.
Durante muitos anos, cada vez que eu pensava nesses dez homens que haviam sido curados, os nove que não haviam voltado para agradecer a Jesus se destacavam como os “ingratos”. Agora vejo esse episódio sob um ângulo diferente. Em minha própria experiência, conheci inúmeros casos como esses outros nove. E estou muito grata, mas muito mesmo, por eles terem sido curados.
Os muitos “nove” que você e eu talvez conheçamos comprovam nitidamente que o Cristo continua em ação, para sempre. A explicação que a Sra. Eddy dá do fundamento da cura espiritual, apresentado no livro que minha amiga leu, teve como resultado a cura de sua mãe. A autora de Ciência e Saúde não teria se surpreendido. Referindo-se a Cristo Jesus, de quem ela própria era fiel seguidora, escreveu: “O mundo não lhe reconheceu a retidão, por não vê-la; a terra, porém, recebeu a harmonia que seu exemplo glorificado introduziu” (p. 54).
Esta época está começando a reconhecer a idéia espiritual. E a terra está efetivamente sendo abençoada.
