Desde 1982, V. Balu empenha-se sozinho em uma missão de paz global através da arte. Ele mora em Bangalore, na Índia, mas já viajou para muitas partes do mundo, expondo suas colagens em papel, técnica na qual ele se especializou, e conversando com pessoas (inclusive estudantes) sobre o poder da paz, da paz interior, e como cada um pode fomentá-la.
Suas colagens já foram capa da edição internacional da revista Seleções e da publicação “The Unesco Courier”, foram utilizadas pelo Departamento de Correios e Telégrafos da Índia e foram incluídas em calendários, sacolas de compras e cartões de boas-festas (inclusive da Unicef). Os trabalhos do Sr. Balu estão presentes em coleções públicas e particulares de vários países, como Alemanha, Quênia, Suíça, Japão, Irã, Reino Unido, Estados Unidos e Índia.
O Sr. Balu acredita que a educação para a paz deve começar com as crianças. Ele gosta de contar a elas a história de um jovem que estava caminhando com o pai. Encontraram uma pedra enorme no meio do caminho e o jovem perguntou: “Pai, você acha que eu consigo empurrar essa pedra?”
“Se você usar toda a sua força, certamente conseguirá”, respondeu o pai. O jovem empurrou com toda a força, mas a pedra não se moveu.
“Pai, você estava errado, eu empurrei e a pedra não se moveu.”
“Filho, eu disse que se você usasse toda a sua força, a pedra se moveria. Mas você não está fazendo isso. Sou seu pai e minha força está à sua disposição. Você não me pediu para ajudá-lo. Além disso, você tem a força do Pai divino, que ajuda a todos nós.”
“As crianças gostam muito de ouvir essa história”, diz o Sr. Balu. “Ela mexe com sua imaginação. E quando converso com elas sobre paz, isso lhes dá muita esperança.”
O Sr. Balu estudou na Faculdade Cristã de Madras e também na Faculdade Presidência, da Universidade de Madras. É formado em línguas européias (francês e alemão) e tem mestrado em botânica. Como artista, é autodidata, tendo aprimorado suas habilidades desenhando furtivamente caricaturas de seus professores e fazendo esboços de plantas e flores.
Foi alto executivo do governo indiano e trabalhou no Conselho de Pesquisa Industrial e Científica do Ministério da Educação durante 13 anos, escrevendo mais de 2.000 artigos sobre temas científicos, bem como muitas histórias para crianças, também ilustradas por ele.
Crianças pacíficas
Ele diz: “Meus três filhos já são adultos há muito tempo. Eu agora fico com meus netos e com todas as outras crianças. Escrevi três livros sobre paz, sendo que o segundo deles, intitulado “Paz + Crianças = Crianças Pacíficas”, foi o resultado da interação com crianças do mundo todo. Descobri que elas compreendem o significado da paz instintivamente e têm seus próprios conceitos sobre ela.”
Descobri que as crianças compreendem o significado da paz instintivamente.
Uma garotinha disse ao Sr. Balu com sinceridade: “Paz significa fazer o que você quer e ajudar os outros a fazer o que eles querem.” E um garoto esperto, de seis anos, observou: “Precisamos evitar a guerra e trabalhar pela paz, senão teremos muita matéria de história para estudar.” Ao ser questionado sobre seus planos para o futuro, um jovem respondeu rapidamente: “Gostaria de continuar vivo!”
“Isso apenas ilustra como a violência nas cidades grandes e a violência divulgada pelos meios de comunicação atualmente afeta o pensamento dos jovens”, diz o Sr. Balu. “Por isso, eu encorajo as crianças a encararem as coisas de maneira mais positiva. Enfatizo que a paz não significa apenas a ausência de guerra. Envolve a disposição de tornar-se pacífico, ou seja, desenvolver uma atitude de paz, de tal forma que leve as outras pessoas a querer fazer coisas de maneira pacífica.
“Através de minhas histórias, conto às crianças que são necessárias duas pessoas para uma briga, porém apenas uma para dar o primeiro passo em direção à paz. Eu sempre digo: ‘Se você não aceitar uma carta registrada endereçada a você, o que acontece? Ela volta para o remetente. Da mesma maneira, você pode recusar-se a reagir se alguém o xingar ou disser uma mentira a seu respeito.’
“As crianças precisam que sua autoconfiança seja incentivada, para encontrarem a paz interior, que restaura a felicidade. Começo com histórias que se passam nas ‘Montanhas Balu’. Elas acham graça. A seguir conversamos sobre como é fácil ficarmos calmos em meio a uma vista bonita, com flores e árvores, que fazem parte de minhas ilustrações.”
A fórmula do apóstolo Paulo para a paz
“Aos poucos progredimos da beleza e paz na natureza para ‘a paz de Deus, que excede todo o entendimento’ e que ‘guardará o [nosso] coração e a [nossa] mente’. O Apóstolo continua: ‘Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento’ (Filip. 4:7, 8). Que excelente fórmula para a paz!
“Eu estava imbuído desses pensamentos há 18 anos, quando resolvi dedicar-me em tempo integral à formação cultural voltada para a paz, através da arte e da interação com as pessoas. Quanto mais eu me envolvia no trabalho, mais ficava claro para mim quem estava realizando o trabalho, desenvolvendo minha arte: o Criador divino, não eu.”
O Sr. Balu fez experiências durante algum tempo com pinturas a óleo. Depois começou a juntar papel usado para um novo projeto. Ele cortava o papel e colava milhares de pedaços de papel colorido que acabavam formando quadros impressionistas ou cubistas, sempre sobre o tema da paz. Há mais de 40 anos sua especialidade é a colagem com papel.
Ele vende suas colagens?
“Sim, algumas, já que venho trabalhando pela causa da paz com recursos próprios. Mas não se trata de uma empreendimento comercial. É apenas um trabalho que me traz muita satisfação!
“Aprendi que a maior satisfação ocorre quando somos capazes de compartilhar com as pessoas o que está em nosso coração. Em meu coração está a firme convicção de que a paz é o único caminho para alcançarmos a harmonia. Você pode ter tudo no mundo, mas se não tiver paz, não tem nada. Meu maior empenho está em mostrar o que as pessoas podem fazer para fomentar a causa da paz, neste exato instante. Não podemos esperar mudar os outros sem antes mudarmos a nós mesmos. Precisamos elevar nossa consciência, e cada um deve ajudar o outro a encontrar a paz interior.”
“Temos de entender o objetivo principal da vida a fim de iniciar a jornada interior rumo à verdadeira felicidade. Quando aprendemos a nos volver para esse espírito em tudo o que fazemos, a vida se torna uma jornada feliz, da beleza absoluta para a paz absoluta que excede todo o entendimento.”
