Comecei a freqüentar uma igreja da Christian Science quando criança, e tive diversas curas. Quando eu ficava doente, meus pais, que não eram Cientistas Cristãos, me diziam: "Se você melhorar em 24 horas com sua oração, ótimo. Senão, vamos ao médico".
Em 95% dos casos, com a oração, eu conseguia prescindir da visita ao médico, e posso dizer que tive curas notáveis.
Anos mais tarde, quando passeava com minha primeira esposa por um parque na Califórnia, nos Estados Unidos, sofri uma quede. Estávamos andando por uma estrada pedregosa, numa área bem afastada, a caminho de um local onde havia algumas inscrições rupestres de nativos americanos. Senti um estalo doloroso e tive a impressão de ter quebrado o tornozelo. A dor era muito forte e eu não conseguia me apoiar nele.
Eu passava por uma fase de minha vida em que enfrentava alguns problemas sérios: precisava corrigir falhas de caráter e resolver problemas de relacionamento. Nas três semanas anteriores ao acidente, eu me havia voltado para Deus, dedicando-me quase que exclusivamente a um estudo intensivo da Bíblia e de Ciência e Saúde, em busca de crescimento espiritual e orientação.
As minhas perguntas a Deus eram: "Pai, o que o Senhor quer que eu faça? O que o Senhor quer que eu entenda ou saiba"?
A primeira resposta que veio ao meu pensamento foi esta: "Por que você não tenta ser mais gentil com sua esposa"? Imediatamente me dei conta de que, durante toda a manhã, eu tinha sido muito grosseiro com ela. Nada que ela dizia estava certo. Ela estava indo muito devagar. Eu achava defeito em tudo. Então, com muita sinceridade, desculpei-me pela minha atitude. Penso que ela ficou um pouco surpresa, mas delicadamente aceitou meu pedido de desculpas.
Em seguida, perguntei ao Pai: "E agora, o que devo fazer"? Ouvi então uma mensagem que interpretei como: "Tome uma posição a favor da perfeição do ser. Você está se volvendo para Deus neste momento". Eu havia aprendido que Deus é a realidade absoluta, o centro de todo ser real. Esse ser é harmonioso, perfeito. Eu estava sendo encorajado a tomar uma posição. Eu tinha duas opções: curar-me ou enfrentar um percurso acidentado de quase cinco quilômetros, mancando até chegar ao carro. Pedi que minha esposa prosseguisse, e disse-lhe que eu iria depois. Ela já presenciara inúmeras curas espirituais e mais tarde me disse que naquele momento teve a percepção de que tudo iria dar certo. Serei sempre muito grato a essa grande mulher por ela ter-me dito: "Tudo bem, eu vou indo na frente". Ela logicamente estava bastante preocupada comigo e precisou de coragem e determinação para deixar-me ali.
Então, fiquei sozinho. Volvi-me novamente ao Pai. "Pai, o que o Senhor quer que eu entenda ou faça agora"? A resposta veio ao meu pensamento através de duas afirmações que eu havia lido em Ciência e Saúde durante meu estudo e oração nas semanas anteriores. Percebi que eu precisava compreendê-las melhor. A primeira delas era sobre Jesus e sobre o que sustentava sua capacidade de curar. Ele "...foi quem melhor compreendeu a nulidade da vida e da inteligência materiais e a poderosa realidade de Deus, o bem, que inclui tudo. Eram esses os dois pontos cardeais da cura-pela-Mente, isto é, da Ciência Cristã, que o armaram de Amor" (p. 52).
Comecei a compreender que, para adquirir a noção da cura espiritual era necessário perceber claramente que tudo o que era real era Deus e Sua criação, a qual é somente boa e perfeita. E que não poderia haver coisa alguma além de Deus. Antes disso, eu costumava me volver a esse Pai maravilhoso, esse criador perfeito, como se eu fosse um mortal separado de Deus. Agora, porém, eu estava sendo levado a avaliar se a existência separada de Deus poderia ser a realidade. Concluí, então, que a existência está sempre em Deus, jamais separada dEle.
Embora a dor fosse muito forte, não parecia real, porque eu me sentia envolvido pela verdade e pelas idéias com as quais estava orando.
A segunda afirmação que veio ao meu pensamento foi: "Dominas a situação se compreendes que a existência mortal é um estado de autoengano, e não a verdade do ser" (p. 403).
Meus ouvidos metafísicos recuperaram-se. Era como se a situação tentasse me dominar, mas eu tinha de me rebelar. Fiquei atento e comecei a ouvir a mensagem de que Deus, em Seu infinito Amor, jamais permitiria que algum de Seus preciosos filhos pudesse decair para uma existência fadada a ser mortal. Se Deus não havia deixado que eu ou qualquer outra pessoa nascesse subordinada à matéria e ao tempo, então ninguém poderia sofrer um acidente. Nada poderia afetar minha identidade real, ou seja, quem eu era e sempre havia sido a Seus olhos. E, à medida que o Pai fazia com que essa idéia se firmasse em meu pensamento, e permanecesse ali profundamente ancorada, ouvi outra mensagem: "Se essa é a verdade, você pode apoiar-se nela".
Minha primeira reação foi de hesitação: "Eu estou certo de que essa é a verdade, mas só quero ponderar um pouco mais a respeito dessas idéias. Além disso, o tornozelo parece fraturado, e ainda dói bastante".
Voltei a ponderar sobre aquelas idéias e, novamente a mesma mensagem veio ao meu pensamento: "Se essa é a verdade, você pode apoiar-se nela". E, antes que eu hesitasse pela segunda vez, a mensagem voltou pela terceira vez. Então eu disse: "Está certo"! E me levantei.
Dava-me a impressão de que tudo ao redor de mim dizia: "Você é um tolo por tentar fazer isso". Mas a dor, embora muito forte, não parecia real, porque eu ainda me sentia envolvido pela verdade inerente às idéias com as quais eu estava orando. Dei, então, um segundo passo, agarrando-me a essas idéias como a realidade presente, de que Deus e a vida em Deus era a "poderosa realidade" e que, portanto, não poderia haver realidade alguma num tornozelo fraturado, não importando o que os sentidos dissessem. Fundamentado nessa convicção dei um terceiro passo, e a dor desapareceu por completo naquele momento; eu não tinha mais a sensação de que algo estivesse quebrado. Pude colocar todo o meu peso sobre o tornozelo sem sentir nenhuma dor.
Percorri, com o devido cuidado, os três quilômetros que me levavam até o local em que minha esposa estava. Gostamos muito de apreciar aquelas inscrições rupestres e caminhei normalmente durante todo o percurso de volta até nosso carro. Não tive nenhum outro problema com o tornozelo. Não senti dor, não houve inchaço e nem ficaram manchas na pele.
O que eu acho fascinante é que, de acordo com as leis da física, o que aconteceu é considerado impossível. No entanto, foi o que houve comigo. Senti como se estivesse recebendo um abraço carinhoso do Pai divino, fazendo com que eu compreendesse que quando Deus revela nossa identidade como Seus filhos espirituais, as perspectivas e as possibilidades que se manifestam são infinitas.
