Desde menina, eu gostava de criar coisas diferentes, por isso fui para o curso universitário de Artes. No segundo semestre desse curso, resolvi estudar história, na Universidade Federal de Santa Catarina, pois não estava segura de que havia feito a opção certa. Até então, tinha tido contato com música e pintura. Comecei a dançar aos dezoito anos, num projeto de extensão, da faculdade de história. A dança foi como um amor à primeira vista.
Comecei a fazer aulas de balé, jazz, dança espanhola e improvisação. Tudo era muito novo e desafiador, pois diziam que eu estava muito velha para ser dançarina. Eu sentia, porém, que Deus tinha algo muito especial para mim.
Passei a ser bolsista do projeto de extensão e fundamos um grupo de dança. Desse trabalho, surgiu um espetáculo. Tínhamos de decidir os papéis de destaque do trabalho coreográfico. Eu fazia parte de um duo importante, onde a coreografia era de execução difícil para meu nível técnico. Entrei em conflito comigo mesma, pois achava que outra bailarina poderia dançar melhor do que eu.
Conversando com minha mãe, ela me fez lembrar a história bíblica, que está no capítulo 22 de Gênesis, em que Abraão iria oferecer a Deus seu filho, Isaque, em holocausto. Com isso, expressou total amor e respeito a Deus. Por aquela coreografia ser como se fosse minha primeira filha, era muito difícil entregá-la para outra bailarina. Voltei-me a Deus e à Christian Science para encontrar orientação. A resposta que me veio, por oração, foi a de que eu jamais me separaria do amor de Deus e do que eu amava. Da mesma forma como ninguém pode ocupar o meu lugar, eu não poderia ocupar o lugar de outra bailarina.
Decidi por amor ao grupo, à dança e a Deus, entregar o papel. Entretanto, para minha surpresa, os integrantes da equipe acharam, então, que eu deveria ficar, pois minha expressividade era preciosa para o trabalho. Assim, pisei no palco pela primeira vez e a apresentação foi muito linda.
Isso foi muito significativo para mim, pois nasci com as pernas tortas, com problemas de visão, nunca engatinhei e usei botas ortopédicas até os sete anos. Era uma criança que caía com freqüência, tinha problemas com a parte motora e cheguei até a receber apelidos pejorativos. Mas, conheci a Christian Science aos 12 anos e fui curada de todos esses problemas.
Sou professora de dança há mais de quinze anos. Dou aulas em universidades e trabalho com crianças. Para mim, cada movimento coreográfico é uma prova de que o homem é a imagem e semelhança de Deus. Descobri que todos temos dons divinos e precisamos abrir nossa mente para manifestar as maravilhas de Deus.
Hoje, crio coreografias, figurinos, além do que se relaciona com essa arte. Provo, em meu trabalho, que “o Espírito, Deus, reúne em canais apropriados os pensamentos ainda não formados e desdobra esses pensamentos, assim como Ele abre as pétalas de um propósito sagrado, para que esse propósito possa aparecer” (Ciência e Saúde, p. 506).
No ano passado fui representar o Brasil no American Dance Festival, nos EUA, como coreógrafa residente. Montei uma apresentação para nove bailarinas e meu trabalho foi muito elogiado.
A minha trajetória com a dança me mostra que cada um de nós pode abrir o coração para sentir qual é nosso verdadeiro propósito de vida. E ao entregar a Deus os sonhos bons, justos e puros, Ele os realizará.
