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Os Salmos — Mensagens de coração a coração

Da edição de março de 2004 dO Arauto da Ciência Cristã


Ao lidar com as adversidades da vida, muitas vezes ficamos sem saber como expressar adequadamente o que sentimos: o medo, a dúvida, a angústia. O livro dos Salmos, na Bíblia, poupa-nos essa frustração. Com palavras cheias de emoção, confissões humildes, apelos sentidos, suspiros de esperança, os vários autores dos Salmos expressam habilmente os anseios mais profundos de nosso ser. Eles fazem um retrato da alma humana, em sua busca pelo significado das coisas e em seu anseio por compreender o Criador e se comunicar com Ele. O leitor sempre encontra nos Salmos algo que vai ao encontro de seu estado de espírito no momento.

O povo de Israel vê sua própria história como uma coexistência com Deus

Ao mesmo tempo, por serem esses sentimentos todos dirigidos a Deus, os Salmos elevam o pensamento para aquilo que Ele é, Sua natureza amorosa, Seu cuidado para conosco, Seu supremo poder, Sua infinita perfeição. As atividades e qualidades da Divindade são ali declaradas das mais diversas maneiras, motivando expressões de louvor e de agradecimento. E com isso, o livro dos Salmos pode também ser considerado um retrato de Deus. Pode ser utilizado como meio para conhecer melhor nosso Pai-Mãe, nossa origem e herança.

Através de toda a Bíblia, percebe-se que o povo de Israel vê sua própria história como uma coexistência com Deus. Todos os acontecimentos são interpretados em função daquilo que Deus é. Para os hebreus, o Criador tem parte ativa em tudo o que acontece. O povo, contudo, é chamado a fazer sua parte; é instado a corresponder e obedecer, a pensar e a entender. Nunca é considerado como um tolo boneco manobrado por uma divindade. Isso fica ainda mais claro no livro dos Salmos. Nele, o homem “conversa” com Deus, expõe suas dúvidas e seus lamentos diante dos problemas, mas ao mesmo tempo relata a inspiração e a alegria de se entender a natureza espiritual e benigna de Deus. Nesse sentido, podemos considerá-lo um livro de orações.

Nos Salmos, a visão do mundo é centrada em Deus. As nuvens e o vento são vistos como “meios de transporte” para Deus: “... tomas as nuvens por teu carro e voas nas asas do vento” (104:3). As águas são uma manifestação dEle: “Ouve-se a voz do SENHOR sobre as águas; troveja o Deus da glória; o SENHOR está sobre as muitas águas” (29:3). Tudo, na natureza, fala de Deus: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (19:1). Nessa contemplação da onipresença do Senhor, o leitor encontra paz e confiança.

O Livro dos Salmos é uma compilação de diversas coleções antigas de cânticos e poesias, utilizadas tanto nas cerimônias do Templo e reuniões das sinagogas, como na devoção individual. Por isso, “O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará” e os versículos seguintes do Salmo 23, por exemplo, tanto podem ser válidos para o “eu” indivíduo, como para o “nós” coletividade, “nós” igreja, “nós” humanidade.

Nessas coleções encontramos os cânticos de Davi bem como os de muitos outros autores: Moisés, Asafe, Hemã, Salomão, os filhos de Corá, Etã e Jedutum. Muitos são anônimos e os estudiosos judeus os chamam de “salmos órfãos”. Essas coleções foram reunidas ao longo de quase mil anos e editadas em sua forma atual, embora com diversas pequenas variações, na época em que o Antigo Testamento foi traduzido para o grego (a Septuaginta), aproximadamente duzentos anos antes de Cristo.2

Aproximadamente metade das profecias bíblicas referentes ao Messias estão nos Salmos

O título hebraico desse livro, Sepher Tehillim, significa “Livro de Louvores”. Em grego, é chamado Psalmoi ou Psalterion, indicando que se trata de poemas que devem ser acompanhados por um instrumento de cordas.

Cristo Jesus utilizou os Salmos durante seu ministério. Em seu Sermão do Monte, por exemplo, há diversas citações dos Salmos. Após a última ceia com os discípulos, contam Mateus e Marcos que eles cantaram um hino. Era a ceia da Páscoa e esta geralmente começava com o canto dos Salmos 113–114 e terminava com os de número 115–118. Além disso, ainda segundo os Evangelhos, as últimas palavras de Jesus na cruz, foram dos Salmos: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (22:1) e “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito” (31:5). O que demonstra que mesmo Cristo Jesus encontrava nos Salmos inspiração e conforto.

Aproximadamente metade das profecias bíblicas referentes ao Messias, estão nos Salmos. “Abrirei os lábios em parábolas e publicarei enigmas dos tempos antogos”, diz, por exemplo, o Salmo 78. Os apóstolos freqüentemente usavam citações dos Salmos para ensinar a doutrina cristã. Temos diversos exemplos disso no livro de Atos e nas Epístolas.

As primeiras igrejas constituíam-se principalmente de judeus; assim, era natural que eles incorporassem o costume de cantar salmos. “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” aconselha Paulo em sua carta aos Colossenses (3:16).

Através dos séculos, as igrejas cristãs continuaram a extrair dos Salmos vários cânticos adaptados aos padrões musicais de cada época. No Hinário da Ciência Cristã, por exemplo, o hino 98 corresponde aos versículos 5 e 6 do Salmo 126. O hino 99 baseia-se no Salmo 91 e o hino 189 foi inspirado no Salmo 121.

Bibliografia: The One Volume Bible Commentary, J. R. Dummelow, Estudo Perspicaz das Escrituras, Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados; Bíblia de Estudo Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil; Bíblia de Estudo Plenitude, Sociedade Bíblica do Brasil; Understanding the Old Testament, Bernhard W. Anderson.

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