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A inspiração abre caminhos para proteger a natureza

Da edição de junho de 2006 dO Arauto da Ciência Cristã


Vivia um momento extremamente difícil havia dez anos, quando me mudei de Curitiba para Antonina, no litoral do Paraná. Como não tinha moradia, fui acolhida por uns amigos. Apesar de serem pessoas muito gentis, sentia-me desconfortável com a situação, pois percebia que os incomodava.

As condições precárias da cidade, principalmente o modo de vida da comunidade de pescadores, também me causavam inquietação. Havia problemas sociais ociosidade durante a baixa temporada da pesca e a má administração dessa atividade trazia mau cheiro, insetos, aves de rapina, solo contaminado pela putrefação dos restos de peixe em decomposição e poluição do ar. Era preciso oração, idéias novas e enaltecedoras.

Comecei, então, a orar para compreender o verdadeiro significado de moradia. A Bíblia me alertou para o fato de que Deus sempre reserva um lugar para cada um de Seus filhos, por isso eu poderia encontrar aquele que Ele reservara para mim. Pouco tempo depois, encontrei uma casa e formei um novo lar.

Durante essa época, tive a inspiração de fazer o Curso Primário da Christian Science para aprender mais sobre a cura espiritual ensinada pela Christian Science, fundamentada na oração metafísica e na lei divina do Amor incondicional que supre a todos.

Comecei a dar aulas de espanhol e, gradativamente, minha situação financeira melhorou. Senti que poderia ajudar mais a comunidade. Por meio da oração, fui inspirada a criar uma associação para artesãos da região, à qual me dediquei nas horas vagas, como presidente, por cinco anos. Também convidei pessoas da Universidade Federal do Paraná para dar aulas de cooperativismo a fim de criarmos uma cooperativa de pescadores. Apesar do progresso, sentia que a situação da comunidade poderia melhorar ainda mais. Continuei orando para que as idéias divinas me fossem reveladas.

Certa noite, ao reconhecer todas as bênçãos que minha família, amigos, vizinhos e eu havíamos recebido ao longo daqueles anos, cresceu em mim um sentimento maravilhoso de gratidão. Na manhã seguinte, durante o estudo da Lição Bíblica, constituída de trechos da Bíblia e de Ciência e Saúde, senti que deveria organizar um projeto. Batizei-o de “Peixe Resíduo Zero”, inspirada na multiplicação de pães e peixes feita por Jesus, especialmente pelo trecho em que eles deveriam recolher os pedaços que sobrassem, para que nada se perdesse (ver João 6:12). Desperdiçar as sobras seria uma ingratidão para com o amor e o cuidado demonstrados por Jesus naquela ocasião.

Ao estudar uma passagem correlativa de Ciência e Saúde, entendi que aproveitar os restos de peixes era uma expressão de amor para com o próximo, pois traria bem-estar e sustento não só aos pescadores, mas para toda a comunidade, além de diminuir a poluição ambiental.

“O Espírito, Deus, reúne em canais apropriados os pensamentos ainda não formados e desdobra esses pensamentos, assim como ele abre as pétalas de um propósito sagrado, para que esse propósito possa aparecer”

Conscientizei-me de que é preciso ter fé, mas também agir. Estava orando fazia muito tempo pelas condições de vida dos pescadores, mas esse pensamento me impeliu a delinear o projeto para que a comunidade aproveitasse totalmente o pescado.

Constatei que todos os que trabalhavam com pescados usavam a parte nobre, o filé, e descartavam o resto. As soluções me vieram claramente ao pensamento. Transformaríamos a carcaça do peixe em farinha, para complemento alimentar. Aproveitaríamos a sobra de carne, depois de retirado o filé, para hambúrgueres de peixe, lingüiças e almôndegas. Com os resíduos propriamente ditos, como a barriga e a cabeça, produziríamos compostagem ou ração animal, inclusive para os próprios tanques dos cultivadores de peixe. Usaríamos as escamas para bordados, bijuterias, quadros e outros artesanatos. A pele seria curtida para uso em confecção de roupas, sapatos, bolsas, cintos, aplicações em jeans e camisetas. O mais impressionante é que nunca vira algo parecido. Tive essas idéias por inspiração divina.

Entretanto, o projeto era grande e caro e eu não tinha recursos para pagar o curso de curtimento de peles de peixe, que me qualificaria a ensinar essa atividade para a comunidade. Mas, sabia que como Deus tinha me dado a idéia, Ele não me deixaria no meio do caminho.

Procurei ajuda financeira em muitos lugares, sem nenhum êxito. Algumas vezes me senti desanimada, mas meu desejo de ajudar a comunidade me fazia persistir. Orei com perseverança por quase três anos. Este trecho de Ciência e Saúde me ajudou a seguir em frente: “O Espírito, Deus, reúne em canais apropriados os pensamentos ainda não formados e desdobra esses pensamentos, assim como ele abre as pétalas de um propósito sagrado, para que esse propósito possa aparecer” (p. 506). Sabia que o Pai-Mãe, a Mente, estabeleceria tudo.

Certo dia, lembrei-me de uma conhecida, executiva de uma grande empresa, e pedi a uma amiga em comum que conversasse com ela sobre meu projeto. No mesmo dia, a executiva me presenteou a quantia para eu pagar parte do curso necessário. Completei o valor total ao traduzir um livro. Outras pessoas me ajudaram com hospedagem e transporte.

Tudo se desdobrou com muita harmonia. Percebi que tudo acontecera no momento correto, de acordo com o plano da Mente divina, todo sábia, que prepara o caminho. A professora que ministrou o curso fazia mestrado na mesma universidade, na área de peles de peixe. Sua experiência laboratorial atendeu perfeitamente às minhas necessidades pedagógicas. Atualmente, ela lê literatura da Christian Science e se sente muito abençoada.

É como se ela estivesse sendo retribuída pelo amor e carinho que expressou. Moramos na mesma cidade e estamos montando uma Organização Não Governamental (ONG) para levar adiante esse projeto que abençoará a todos os que se sustentarão por meio dele.

Após ministrar a primeira aula de curtimento, percebi que estava sendo obediente a Deus. Havia passado a noite anterior orando para reconhecer que a inteligência é uma qualidade da Mente infinita, Deus, que todos, os alunos e eu, refletíamos. Tudo saiu tão perfeito que parecia que eu lecionava aquele assunto havia muito tempo!

Em março deste ano, em Curitiba, ocorreu a Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) de Biodiversidade e Segurança. O stand que expôs os trabalhos das comunidades de Antonina, PR, que aprenderam a trabalhar com resíduos de peixes, foi o que mais se destacou. Quando me perguntavam como eu havia tido essa idéia, eu respondia: “por inspiração divina”!

As fotos nestas páginas são peças de artesanato confeccionadas com sobras de peixes. O couro de tilápia, curtido e tingido, é usado para fazer carteiras, flores e aplicações em bolsas. Com escamas e barbatanas tingidas são feitos colares, montados com sementes, fibras e tecidos naturais.

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