Ato 1
Conhecendo um ao outro
Chet: A classe tinha aproximadamente 20 estudantes. Não foi difícil notar a Anne entre os alunos, não apenas porque era alta e bonita, mas porque era uma atriz de verdade. Eu estava apenas fazendo o curso por diversão. Quando nosso instrutor nos deu uma cena importante para contracenarmos juntos, Anne e eu passamos a nos conhecer muito melhor. Eu sempre vinha para os nossos ensaios carregado de páginas com anotações sobre o personagem. A Anne vinha apenas com sua simplicidade e a fantástica capacidade de transformar palavras em emoção verdadeira e palpável. Contudo, embora tivéssemos muito em comum, especialmente nosso amor pelas artes e pela Christian Science, eu estava emocionalmente envolvido em outro relacionamento e perdi completamente a oportunidade de ter uma amizade mais profunda com a Anne, que estava ali mesmo à minha frente.
Anne: Tudo bem, tenho de admitir que realmente gostei do Chet. De fato, nunca havia encontrado alguém como ele, com cabelos ondulados e desalinhados, carregando os livros em uma velha bolsa de couro dos correios em lugar de uma mochila convencional. Um verdadeiro artista, visionário e poeta, criativo e emotivo. Além disso, para um estudante universitário, ele expressava muita maturidade, substância espiritual e autoconfiança. Mas, embora o considerasse muito especial, eu já estava envolvida com outra pessoa. Portanto, Chet e eu encerramos nossa cena, nossas aulas e, finalmente, perdemos o contato.
Ato 2
No mesmo planeta, mas em mundos diferentes
Chet: Após a formatura, conheci uma cantora e compositora que tinha dois filhos pequenos e me casei com ela. Durante sete anos, mudamos de um lugar para outro, vivemos em três continentes e cinco casas. Aos poucos, fomos nos distanciando um do outro e nosso casamento acabou em divórcio. Foi o período mais triste e deprimente da minha vida, mas também um momento em que renovei meu relacionamento com Deus. Em uma ocasião particularmente triste, uma Praticista da Christian Science compartilhou esta simples verdade comigo: “Seu casamento com Deus continua ininterrupto”. O chão sob meus pés que, durante meses, sentia que estava se desmoronando, começou a se tornar mais sólido, à medida que ponderava essa verdade. Comecei a sentir a natureza imutável de Deus como o próprio Amor e a natureza inalterável do meu relacionamento com Ele e da minha união com o Amor. Comecei a afirmar também, com alegria renovada, que tudo o que eu acalentava sobre casamento ainda me pertencia, não poderia acabar ou me ser tirado, porque era entre mim e Deus e não entre mim e outra pessoa.
Anne: Formei-me na faculdade e fui para Los Angeles com muitos sonhos, mas nenhum plano em particular. Arrumei um trabalho, fiz muitas aulas de dança e interpretação e comecei uma vida de aspirante a atriz. Conheci pessoas interessantes, me apaixonei e desapaixonei... Era como se estrelasse a novela diária da minha própria vida, uma montanha russa de emoções. Ao mesmo tempo, com muito menos ostentação, a Christian Science permanecia ao meu lado. Filiei-me a uma Igreja de Cristo, Cientista, fiz o Curso Primário de Christian Science, e me esforcei para aprender a colocar essa profunda e bela Ciência em uso prático em minha vida. A igreja foi um apoio, proporcionava estrutura e estabilidade à minha vida, trazendo-me de volta à razão, quando me desviava demais da rota. Sentia-me, com freqüencia, como um pêndulo, oscilando entre os sentidos e a Alma, Deus.
Em um Dia de Ação de Graças, atingi um ponto crucial, sentindo-me mal comigo mesma por entrar e sair de relacionamentos. Após anos em busca de solidez em fontes externas, ou seja, nos namorados, nos instrutores, na interpretação, nos amigos, sentia-me vazia, sem nenhuma auto-estima. Havia perdido meu rumo, meu senso de Deus e de Seu amor por mim. Aos prantos, liguei para uma Praticista da Christian Science. Ela orou por mim somente uma vez, mas havia poder em seu tratamento porque, a partir daquele dia, minha vida começou a mudar. Durante os meses seguintes, meu único objetivo foi o de compreender a Deus como Amor, o Deus amoroso, a fonte do Amor, que ama a todos. Parei de tentar obter amor, ser amada e comecei a me concentrar em dar amor e amar a todos à minha volta. Eu amava porque era o reflexo e a personificação do Amor. O relacionamento no qual estava envolvida havia acabado em harmonia e meu relacionamento com Deus se tornou prioridade em minha vida.
Ato 3
A mensagem de amor de Deus
Chet: Depois do meu divórcio, mudei-me para Los Angeles a fim de recomeçar a vida e procurar uma nova carreira. Embora, nos últimos meses, tivesse compreendido muitas verdades sobre o Amor e sentido que eram poderosas, encontrava-me agora mergulhado em uma profunda depressão. Era quarta-feira, 14 de fevereiro, Dia dos Namorados nos Estados Unidos, e ondas de remorso e tristeza haviam engolfado meu pensamento o dia todo. Sabia que naquela noite haveria uma reunião de testemunhos em uma igreja filial perto dali, mas procurava todas as desculpas possíveis para não ir. Mas, mesmo assim, entrei no carro e fui à igreja.
Anne: Embora meu relacionamento com Deus se mostrasse plenamente satisfatório, acordei naquela manhã de quarta-feira me sentindo desapontada porque não receberia rosas, chocolates ou mensagens de amor. Muito embora houvesse decidido não me influenciar com os apelos comerciais do dia, fui para o trabalho me sentindo insegura e triste. Após o trabalho, fui para minha aula de dança como sempre e depois normalmente iria correndo para a igreja, mas esse era o último lugar onde queria estar. Contudo, veio-me uma inspiração angelical: “Vá e receba a mensagem de amor de Deus por você. Vá e receba de Deus o namorado”. Simples assim. Obedeci àquela tranqüila mensagem. Sentei-me na parte de trás da igreja, recolhendo-me, furtivamente, em meu banco, aguardando a reunião começar. De repente, ouvi alguém dizer meu nome. Fiquei surpresa e feliz ao ver Chet ao meu lado. Quando oramos juntos a Oração do Senhor durante a reunião, soube, sem nenhuma dúvida, que esse era o meu marido. Sentia o incrível amor de Deus por mim, Seu cuidado e orientação, Sua luz de neon dizendo: “Este é o caminho, por favor, não se perca desta vez”.
Chet: Parecia que os dez anos nunca haviam passado e que estávamos recomeçando exatamente de onde havíamos parado. Como se Deus estivesse dizendo: “Tudo bem, você não percebeu da primeira vez, então vou tornar bem óbvio para você neste Dia dos Namorados em Minha casa”. Era como uma volta para casa. Anne e eu nos casamos poucos meses depois, em setembro.
Chet e Anne: Então, o que aconteceu desde então, durante nossos 15 anos de casamento? Bem, não é tão simples quanto “e viveram felizes para sempre...”. Casar e constituir uma família requer muito trabalho, humildade, oração e compreensão. Entretanto, o que aconteceu conosco foi uma verdadeira “história do Amor”. Mary Baker Eddy escreveu: “ 'Deus é Amor'. Mais que isto não podemos pedir, mais alto não podemos olhar, mais longe não podemos ir” (Ciência e Saúde, p. 6). Ambos saimos em busca do amor em muitas direções, antes de percebermos que o próprio Amor estivera sempre à mão. Algumas vezes, nos perguntamos se a jornada poderia ter sido mais fácil se tivéssemos sido mais receptivos à orientação do Amor, durante a faculdade. Talvez, mas pode ser que a lição maior seja a de que, não importa os enganos que tenhamos cometido, o Amor nunca pára de nos amar, de nos guiar e de nos conduzir rumo ao lar. O fato espiritual é que jamais podemos estar separados do Amor, que é Deus. Nosso reencontro, no Dia dos Namorados, foi a confirmação evidente disso. Relembramos muitas e muitas vezes aquele momento na igreja. Não se trata de dois seres humanos finalmente juntos, mas se trata de vivenciar a presença tangível de Deus, o aqui e agora do Amor onipresente. Esse é um presente do Dia dos Namorados que todos podemos receber, todos os dias do ano.
