“Você está terminando nosso namoro?”, foi minha reação. Não pude acreditar. Nunca havia sido descartada assim antes e fiquei chocada. Mas, o que mais me magoava era que eu gostava muito dele. Fiquei tão arrasada que, algumas vezes, tive vontade de ficar na cama o dia inteiro.
No início, fiquei tão abalada emocionalmente com o ocorrido, que sequer me lembrei de que poderia me volver a Deus ou ao livro Ciência e Saúde, da forma que eu habitualmente fazia quando as coisas não iam bem. Porém, os sentimentos de rejeição e a falta que sentia dele continuaram por tanto tempo que resolvi ligar para uma Praticista da Christian Science. Queria mais do que apenas superar aquele rompimento. Lá no fundo, sabia que o que realmente desejava era me sentir mais próxima de Deus.
Durante nossa conversa, contei à praticista um pouco sobre o rapaz, nosso relacionamento e também como estava me sentindo péssima. Então, veio a surpresa. “Molly”, disse ela, “Deus está salvando você desse relacionamento”.
Salvando-me desse relacionamento?
Tenho de admitir que, a princípio, duvidei um pouco, não só porque não era isso o que eu esperava ouvir, mas também porque, durante um bom tempo, eu havia gostado muito desse rapaz e estávamos comprometidos um com o outro e com o que parecia ser um bom relacionamento.
Contudo, as palavras da praticista realmente me tocaram, porque, de algum modo, sabia que ela estava certa quando disse que ela estava certa quando disse que Deus me salvara desse relacionamento. Compreendi também que ela me dera uma informação muito prática sobre a proteção de Deus. O que a praticista quis dizer era que Deus, que é nosso Pai-Mãe, literalmente liberta a todos nós, Seus filhos, de situações adversas.
Não que o relacionamento tivesse sido, de alguma maneira, nocivo. Mas, na medida em que ponderei um pouco mais sobre as palavras da praticista, compreendi que ele não havia sido bom para mim. Eis a razão: havia lidado com esse relacionamento sob um ponto de vista humano, ao invés de sob o divino.
Começara a compreender que mudanças não precisavam ser dolorosas nem ruins. Mas, ao contrário, poderiam ser libertadoras, até mesmo felizes.
O rapaz que eu havia namorado era, sob vários aspectos, considerado “popular” entre as pessoas e eu mesma sempre me impressionara muito com ele. Ele era atraente, bem sucedido em sua área de trabalho e morava em um bairro nobre. Havia uma parte de mim que gostara de estar com ele por essas razões. De certo modo, me surpreendi ao perceber isso, ao reconhecer que eu havia sido mais motivada pelo meu próprio conceito das coisas do que pela perspectiva que Deus tinha sobre elas.
Por meio da Christian Science, havia compreendido o que constitui um relacionamento verdadeiro, duradouro e satisfatório, fundamentado no Espírito, tendo Deus como centro e as qualidades espirituais como primordiais. Não que tudo nesse relacionamento tenha sido superficial. Mas, ao fazer uma retrospectiva, pude constatar que, de muitas maneiras, não fora o meu eu verdadeiro que se envolvera com esse rapaz, porque o eu real de cada um de nós se relaciona com os outros em um nível espiritual. A popularidade, o sucesso e todos os fatores materiais que valorizam uma pessoa, realmente não entram na equação.
Na medida em que orava e recebia mais apoio da praticista, comecei a ver que o processo para superar esse rompimento era tão difícil, porque ele fazia parte de uma luta maior para que eu abrisse mão daquilo que é “popular” ou “aceito pelos outros”, o que poderíamos chamar de um conceito material ou falso das coisas, em favor de todo o bem que Deus está proporcionando a Seus filhos. Contudo, durante todo esse processo, Deus estava segurando minha mão e me confortando. O rompimento não fora uma punição, mas, na verdade, apenas Deus gentilmente revelando que Ele tinha algo melhor para mim e para aquele rapaz.
Começara a compreender que mudanças não precisavam ser dolorosas nem ruins. Mas, ao contrário, poderiam ser libertadoras, até mesmo felizes. Ao invés de sentir dentro de mim aquele vazio, como se estivesse sentindo a falta de alguém, me tornava cada vez mais grata pelo relacionamento mais próximo com Deus. Em vez de me preocupar com o rompimento, conscientizei-me de que estava vivenciando pequenas vitórias contra uma forma de erro e materialidade. Por intermédio de minhas orações, o que eu estava realmente fazendo era caminhar rumo a uma realidade espiritual que não havia percebido antes.
Essa amizade era a prova de que Deus seê com o companheirismo correto de que precisamos, exatamente quando precisamos.
Essas eram idéias muito úteis e sanadoras, mas, ainda assim, não achava que conseguiria superar completamente o rompimento com meu ex-namorado. Apesar do fato de que podia, agora, ver claramente como vários aspectos do nosso relacionamento não haviam sido saudáveis e produtivos, uma parte de mim ainda desejava, inconscientemente, que reatássemos o namoro.
Então, certa noite, mais ou menos um mês após o rompimento, eu estava voltando da casa de um novo amigo, quando senti uma liberdade que nunca havia sentido antes. Esse amigo era uma pessoa que havia encontrado na cidade para onde me mudara e, embora o relacionamento não fosse romântico, era uma amizade realmente significativa, fundamentada em interesses comuns e na valorização de qualidades espirituais.
Para ser honesta, nunca havia imaginado que pudesse novamente me sentir feliz com um outro rapaz sem pensar no meu ex-namorado. Mas, percebi, durante o trajeto de volta, que havia acabado de passar um dia inteiro com esse amigo e, nem por um instante, havia desejado estar com meu ex. Essa amizade era a prova de que Deus sempre nos provê com o companheirismo correto de que precisamos, exatamente quando precisamos. Sentia-me tão feliz, próxima de Deus e livre daquela dor e depressão do passado. Isso era tão libertador que sabia que estava curada! Para enfatizar a cura, vi um arco-íris através da janela do carro, à medida que dirigia de volta para casa. Mal podia acreditar naquele símbolo perfeito para o que havia acontecido, ou seja, de tranqüilidade e paz após a tormenta, de esperança e renovação em vez de tristeza.
O que realmente me impressionou nessa cura foi o fato de que mesmo as situações que inicialmente nos deixam arrasados são, em realidade, oportunidades para se descobrir uma maior alegria e satisfação. Algumas pessoas talvez chamem isso de escola da adversidade, onde se aprende uma lição a duras penas. Mas, a Christian Science nos promete muito mais do que isso. Os desafios com os quais nos defrontamos não são para nos derrotar ou desanimar. Ao contrário, eles nos ajudam a seguir em frente, rumo a alegrias mais elevadas.
