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No caminho de Damasco

Da edição de junho de 2008 dO Arauto da Ciência Cristã


Como a Sociedade Bíblica do Brasil elegeu 2008 como o “Ano da Bíblia”, O Arauto publicará, durante o ano, artigos que mostram como os ensinamentos bíblicos podem ajudar, de forma prática, o dia–a–dia de todos.

O Apóstolo Paulo protagonizou um dos episódios mais belos e comoventes da Bíblia no Novo Testamento. Para mim, esse evento só não é mais importante para o Cristianismo do que a história das curas, do sacrifício, morte e Ressurreição de Jesus.

Saulo de Tarso, como era conhecido antes de sua conversão ao Cristianismo, tinha um bom conhecimento da doutrina hebraica, por tê-la estudado, como ele próprio relata em Atos: 22:3, dizendo-se zeloso para com Deus.

Diz o comentarista bíblico David Williams, autor de o Novo Comentário Bíblico Contemporâneo — Atos, que a ira de Saulo contra os cristãos aumentou depois do episódio de Estevão, morto a pedradas, e clamando a Deus o perdão para os que o sacrificaram (ver Atos 7:58-60). “E Saulo consentia na sua morte” (Ibidem 8:1).

O estado de ânimo de Saulo contra os cristãos de Jerusalém se evidencia em Atos 8:3: “...assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” e se torna mais evidente ainda em 9:1-2: “Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao Sumo Sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém”.

Parece que a ira dele contra os cristãos chegara ao auge, e era, portanto, o momento adequado para que lhe fosse mostrado o poder do Amor divino, a esse homem que foi um ferrenho perseguidor dos seguidores de Jesus.

Foi aí que, no caminho de Damasco, “...subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor” (Atos 9:3), e uma voz o interpelou: “...Saulo, Saulo, por que me persegues” (v. 4)?

Logo Jesus se identificou: “...Eu sou Jesus, a quem tu persegues...” (v. 5).

Tendo Saulo caído por terra, diante daquela luz maravilhosa e intensa, ao se levantar e abrir os olhos, “...nada podia ver” (v.8).

Seus companheiros de viagem viram a luz, mas não ouviram a voz, talvez apenas sons indistintos. A mensagem era pessoal e particular, dirigida a um só indivíduo, àquele que pretendia exterminar os cristãos.

Damasco era uma cidade bastante desenvolvida para aquela época, de acordo com o comentarista citado, “...se não foi a cidade mais antiga do mundo, pelo menos merece o título de a cidade que mais persiste”. Banhada por um sistema de rios e canais e famosa por seus pomares e jardins, era um centro religioso e comercial e ligava os países do Mediterrâneo ao leste, por várias estradas. Duas delas partiam de Jerusalém para Damasco, uma saindo do Egito, se projetava perto do litoral, avançando pelo interior, ao longo do Jordão, até o norte do Mar da Galiléia. A outra atravessava Neápolis e Siquém, pelo sul do Mar da Galiléia, indo a noroeste até Damasco. Essa seria a rota mais provável de Saulo, por ser a mais curta.

Cada um de nós é, e sempre será, a imagem e semelhança de Deus, o único Criador, que nos deu a graça, por meio de Cristo Jesus, de mostrar ao mundo o quanto é belo e gratificante amar ao próximo e tornar a vida melhor para todos.

A hora desta importante passagem das Escrituras é relatada no capítulo 22:6 do livro de Atos: “...quase ao meio-dia” e a sua cegueira “por causa do fulgor daquela luz” (v.11).

Em Damasco, Ananias recebe a visão de Jesus, ordenando-lhe que procure Saulo para que recupere a vista, por ser “um instrumento escolhido para levar o meu nome [de Jesus] perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel...” (Atos 9:15).

Conduzido até Damasco pelos companheiros, Saulo permaneceu três dias na casa de um homem chamado Judas, sem comer ou beber, talvez em estado de contrição profunda. Orava e jejuava. Segundo David Williams, Saulo deveria orar freqüentemente, por ser um fariseu devoto, mas agora, pela primeira vez, estava aprendendo a diferença entre “rezar, ou pronunciar palavras perante Deus, e orar, a reação do verdadeiro crente perante a graça de Deus, que lhe foi dada por meio de Cristo” (ver Novo Comentário Bíblico Contemporâneo — Atos). O orgulhoso fariseu se transformara. Era um novo homem, que passou a ser conhecido como Paulo, o apóstolo de Jesus. Lembra-nos a parábola do fariseu e do publicano, em Lucas 18:9-14, em que o fariseu orgulhosamente se apresenta no templo, considerando-se impoluto e mais digno do que os outros.

Ananias, tendo recebido o mandado de Jesus, para fazer com que Saulo recuperasse a vista, relutou a princípio, pois conhecia os males impostos por ele aos cristãos. Mas lhe cumpria obedecer ao mandado do Mestre e foi para Damasco, onde, ao impor as mãos sobre o novo cristão, “...lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e tornou a ver” (Atos 9:18). Embora tivesse logo depois começado a pregar nas sinagogas de Damasco, persistia contra ele uma grande desconfiança da parte dos judeus, que fizeram um plano de lhe tirar a vida. Mas Saulo foi salvo por Deus por meio dos discípulos, que o colocaram em um cesto e o fizeram descer à noite pela muralha da cidade.

No versículo 9 aparece a menção ao novo nome de Paulo. Era natural que os judeus, tão imbuídos de sua doutrina, rejeitassem a nova postura de Paulo frente ao Cristianismo incipiente, que ele antes combatera. A mudança fora radical e incompreensível para os fariseus.

Qual o motivo dessa transformação? Para eles era inexplicável, pois não conseguiam vislumbrar a verdadeira fé, a convicção real de que cada um de nós é, e sempre será, a imagem e semelhança de Deus, o único Criador, que nos deu a graça, por meio de Cristo Jesus, de mostrar ao mundo o quanto é belo e gratificante amar ao próximo e tornar a vida melhor para todos.

A história de Paulo, sua conversão no caminho de Damasco, suas viagens missionárias, o trabalho de esclarecer aos gentios a nova doutrina, as cartas escritas aos grupos dos primeiros cristãos e às novas igrejas em Éfeso, Filipos, Colossos, Corinto, Tessalônica, Roma, fazem dele o expoente máximo dos primórdios do Cristianismo e nos servem de exemplo até hoje. Sua coragem diante das ameaças de morte, sua disposição de “...até morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (Atos 21:13) são exemplos que podemos seguir.

A passagem de Atos 28:1-6, em que Paulo “...sacudindo o réptil no fogo, não sofreu mal nenhum...”, inspirou-me a vencer uma situação que deixava intranqüila.

Em 1992, três meses após o falecimento de meu filho mais velho, fui eleita em Assembléia para o cargo de Tesoureiro da minha igreja filial. Sentia-me revoltada, pois achava que os membros da igreja não tiveram consideração pela triste situação que eu enfrentava. Além disso, eu não entendia nada de contabilidade e do pagamento de tributos e leis trabalhistas referentes aos funcionários da igreja. Saí da igreja muito irritada, achando que outros deveriam ter sido eleitos, não eu. Estava como Paulo no caminho de Damasco, “respirando ameaças e morte contra os discípulos do Senhor”, que, no caso, eram os companheiros de congregação. Eles não percebiam o quanto eu estava sofrendo pelo pensamento errôneo de morte. Mas, não podia desistir, era preciso ir em frente, orar mais e confiar na bondade do Pai eterno, que nunca nos abandona.

Deus sabia o que eu poderia fazer. Fui muito auxiliada por uma grande amiga, que fora a Tesoureira no ano anterior e se propôs a elaborar os relatórios mensais e semestrais.

O que eu precisava era “sacudir a víbora no fogo, livrar-me da falsa crença de incapacidade para o cargo, aceitar como motivação o servir a Deus e louvá-Lo sempre, e ser grata pela ajuda de minha amiga. Foi um ano de muito crescimento espiritual e na Assembléia do ano seguinte, eu mesma propus que o Tesoureiro fosse eleito pelo prazo de dois anos, não um somente. Fui reeleita e aprendi muito com essa experiência.

Hoje, ao relembrar esses acontecimentos, associo-os com a passagem de Ciência e Saúde em que Mary Baker Eddy diz: “Enfrenta toda circunstância adversa como seu senhor” (p.419). Foi o que eu fiz. Aprendi que certas experiências podem ser comparadas ao caminho de Damasco, quando o erro parece atingir o auge de sua investida e a expectativa de vencê-lo é diminuta. Entretanto, Deus está sempre atento, nunca nos abandona, nem nos deixa “à beira do caminho”. Como bondoso Pai, mostra-nos como entrar na boa vereda, seguir em frente e usufruir das bênçãos reservadas para cada um de nós. *

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