"Há vitalidade nessa tacada", mencionou o instrutor de golfe. A bola voou muito alto, impelida por uma energia que não parecia vir de mim. Fiz aquilo sem muito esforço.
Havia entrado para esse grupo de alunos de golfe porque estava com dificuldade de encontrar equilíbrio nas tacadas. Contudo, em poucos minutos, aprendi a corrigi-lo. Os resultados foram obviamente notáveis.
Entretanto, o que o instrutor não sabia, era que a verdadeira força por trás dessa mudança provinha das minhas orações. No dia anterior, estivera selecionando citações para leitura em uma reunião de testemunhos das quartas-feiras da igreja de Ciência Cristã que frequento, sob o tema: "falta de dinamismo". Foi esse trabalho que transformou meu pensamento e mostrou que é correto ter dinamismo em tudo o que fazemos.
Tinha a sensação de "ossos secos"
Enquanto me preparava para a reunião, perguntei-me: "Como banir esses pensamentos e a sensação de falta de vitalidade"? Uma conversa entre Deus e o profeta Ezequiel me ajudou a responder a essa pergunta. No relato bíblico, Ezequiel tem uma visão na qual ele vê um grande "vale de ossos secos" (ver Ezequiel 37:1–4) simbolizando a "casa de Israel" (Ibidem 37:11). Deus ordena a Ezequiel que profetize para o povo dizendo que Ele os restaurará e instilará neles um novo propósito de vida. Quando encontrei esse relato, lembrei-me de uma cura que transformou minha vida.
Há alguns anos, tive essa sensação de "ossos secos". Meus relacionamentos, inclusive meu casamento, estavam em crise. Meu marido viajava muito a trabalho e sempre voltava para casa bem tarde, ao final de um longo dia. À noite, sentia-me péssima, com três crianças para alimentar e pôr na cama, antes de preparar o jantar para nós dois.
Naquela ocasião, estava muito abaixo do peso e com ciclos menstruais contínuos. Um psicoterapeuta recomendou que eu tomasse um forte calmante às cinco e meia da tarde, para reduzir a tensão. Por algum tempo, tomei o remédio, na esperança de que as coisas pudessem melhorar. Entretanto, fiquei ainda mais desanimada e alienada, e, como não gostava de me sentir assim, decidi re-examinar meus motivos e procurar uma forma melhor de fazer as coisas, um melhor "equilíbrio", por assim dizer.
O que mais desejava proporcionar à minha família era o prazer pela vida, ou seja, um senso de vitalidade
Quando criança, fora criada na Ciência Cristã e estava agora começando a me dedicar novamente ao seu estudo. Portanto, decidi praticar o que lia em Ciência e Saúde, que inclui esta declaração: "Motivos justos dão asas ao pensamento e força e liberdade à palavra e à ação" (p. 454).
Após um honesto exame de consciência, compreendi que o que mais desejava proporcionar à minha família era o prazer pela vida, isto é, um senso de vitalidade. Desse modo, todos nós poderíamos terminar o dia nos sentindo satisfeitos. O meio de eu encontrar paz tinha de ser uma crescente conscientização da ideia espiritual acerca da vida. Compreendi que o calmante mascarava meu problema, ao invés de resolvê-lo. Portanto, comprometi-me a confiar na Ciência Cristã para me curar.
Conforme me mantinha em oração, ocorreu-me que Deus é sempre o único Criador, presente em todas as situações onde a criatividade e a vitalidade são necessárias. Por meio dessa compreensão, minhas tristes noites de inverno se transformaram e as crianças e eu nos tornamos mais criativas. Às vezes, comíamos na saleta ou íamos até a praia e levávamos peixe e batatinhas fritas para contemplar o pôr-do-sol, enquanto comíamos. Antes de dar o banho da noite, aprendi a relaxar e brincar, juntando-me a elas nas posições de ginástica e de balé, que tentavam aperfeiçoar.
Comecei a perceber que esse desejo para o bem era a evidência de que Deus cuidava de nós
Anteriormente, suspirava só em pensar que teria de preparar uma segunda refeição depois que as crianças fossem dormir. Mas agora eu tinha um novo ânimo. Desejava que nossas vidas "cooperassem para o bem", como diz a Bíblia (ver Romanos 8:28). Comecei a perceber que esse desejo para o bem era a evidência de que Deus estava cuidando de nós, mantendo-nos motivados a ser inclusivos e criativos, em nossa maneira de lidar com a vida.
Comecei a frequentar os cultos da igreja da Ciência Cristã local, e as crianças foram para a Escola Dominical. Havia desfrutado dessa educação espiritual quando era jovem e desejava proporcionar a elas uma experiência semelhante. Ao mesmo tempo, falei com uma Praticista da Ciência Cristã, que compartilhou comigo muitas idéias sanadoras, inclusive a estrofe de um dos poemas de Mary Baker Eddy, que diz:
"Avisto sobre o bravo mar
O Cristo andar,
E com ternura a mim chegar,
E me falar"
(Poems [Poemas], p. 12, Hinário
da Ciência Cristã, 253.)
Essa estrofe me proporcionou grande ânimo, porque mostrou que a mensagem do bem, que provém de Deus, é vitoriosa sobre qualquer tribulação.
A atmosfera em nosso lar se transformou
Uma de minhas grandes preocupações era encontrar paz e progresso em meu relacionamento com meu marido. Temia que talvez ele não desejasse resolver isso. Contudo, em seguida a esse pensamento, senti que teria de ver o Cristo, a imagem e a semelhança pura de Deus, em todas as pessoas, a fim de trazer à luz o bem. Cada vez que a dúvida tentava se insinuar, eu voltava a reconhecer as qualidades do Cristo que meu marido expressava, apegava-me ao pensamento de que constituíam seu verdadeiro caráter.
Então, certo dia meu marido me disse, de forma gentil, que ele achava que eu estava ressentida com ele por alguma coisa. Quando fiquei só, procurei a palavra ressentimento em um dicionário de sinônimos para ver se eu conseguiria entender o que ele via em mim para achar isso. Quando encontrei a palavra, foi como se uma luz se acendesse, pois eu percebia a mim mesma como insatisfeita. Ali mesmo, sob os sinônimos de ressentimento, estava o antônimo contentamento. Fiquei surpresa! Compreendi o quanto eu realmente tinha com que me contentar e fiquei perplexa. Foi como se aquele problema, que se achava latente, tivesse sido revelado.
Quando conversei com meu marido sobre isso, ele ficou emocionado e expressou sincera gratidão pela minha persistência na Ciência Cristã e nos resultados dessa oração.
A atmosfera em nossa casa se transformou, acompanhada por um sentimento de paz. Logo recuperei o peso normal, que nenhuma quantidade de rosquinhas doces fora capaz de resolver. Estar em sintonia com Deus, a única força criativa da Vida, guiou-me a uma abundância de ideias originais e inovadoras, que me levaram a desenvolver atividades e que me sustentavam. Nossa família exalava energia e amor e a sensação de inércia desapareceu. Aqui estava a evidência poderosa do amor de Deus em ação, reunindo Seus filhos para o benefício de todos.
Deus nos identifica como espirituais, criados para desabrochar e florescer em reconhecimento de Sua abundância
Portanto, quando anos mais tarde me deparei com a história de Ezequiel, ao preparar as citações para o culto da igreja, sabia exatamente a que o profeta se referia. À medida que me aprofundava mais nesse sentimento de restaurar os "ossos secos", uma torrente de versículos bíblicos me vieram à mente, tais como: "... o ermo exultará e florescerá como o narciso" (Isaías 35:1), e em Ciência e Saúde: "O universo do Espírito está povoado de seres espirituais, e seu governo é a Ciência divina" (pp. 264–265).
Essas ideias mostraram que Deus não nos abandona no vale ou no meio de uma experiência desagradável, num beco sem saída. Ele nos identifica como espirituais, criados para desabrochar e florescer em reconhecimento de Sua abundância.
A preparação para aquele culto de quarta-feira foi muito gratificante, porque eu estava muito mais próxima de Deus, enquanto substituía qualquer pensamento que não refletisse Sua natureza boa pelas verdades espirituais que estudava. O culto se constituiu em uma ocasião maravilhosa de compartilhamento, repleta de testemunhos de cura, o que veio demonstrar o governo harmonioso que Deus exerce na vida de cada pessoa.
A inspiração proveniente daquele trabalho me proporcionou uma enorme vitalidade. Os benefícios continuaram, uma vez que a oração me inspirou a ir para casa após o culto e preparar uma ceia para amigos que voltavam de um concerto. Depois disso, tivemos a oportunidade de ouvir um "bate-papo" no site do spirituality. com, intitulado "Encontrando o lar que melhor se adapta a você", o qual inspirou a todos nós a orar para aqueles que necessitam de um novo conceito de lar. Aquela quarta-feira foi cheia de vitalidade e inspiração, que continuaram no dia seguinte, quando dei aquela tacada na aula de golfe.