A expectativa pelo Natal pode evocar toda uma gama de emoções humanas, desde acalentar a ideia de uma celebração festiva com a família e amigos, até o anseio por uma experiência mais tranquila e solitária. Pode passar pelo receio de uma possível atmosfera desagradável entre pessoas que não se veem com muita frequência, até uma expectativa de cordialidade e cura. Desde uma sensação intensificada de solidão e vazio, até um senso elevado de afeto e realização, e tudo o que estiver entre extremos.
Esses sentimentos têm a ver com a necessidade subjacente que todos temos em comum de amar e de nos sentirmos amados. Uma das maneiras pelas quais tentamos realizar esses anseios nessa temporada de festas é pela oferta de presentes. Sobre isso, talvez a necessidade de economizar, a qual muitas pessoas estão vivenciando devido ao declínio da economia, possa servir para elevar um pouco o pensamento a respeito do tipo de presente que trará uma satisfação mais genuína, a dádiva espiritual que expressa o real significado do Natal.
Outro dia, enquanto orava sobre isso, veio-me muito claramente ao pensamento que cada ser humano já recebeu o mais significativo de todos os presentes: o amor incondicional expresso na vida de Cristo Jesus. Comecei a refletir sobre o presente do amor do Cristo que Jesus nos deu, e sobre a forma como podemos sentir suas bênçãos em nosso próprio coração; como podemos deixar que ele enriqueça o Natal para todos que se encontrem no âmbito do nosso pensamento e de nossas atividades.
O amor com que Jesus amava era inteiramente independente da aparência, da cultura e do histórico familiar de uma pessoa, ou, até mesmo, do modo como essa pessoa vive sua vida. Jesus amava incondicionalmente.
Ora, se Jesus tivesse sido apenas uma pessoa notavelmente generosa e amável, sua vida já teria sido um extraordinário presente à humanidade, digna de comemoração. Mas Jesus foi muito mais do que um ser humano bom e fora do comum. Ele era o Filho de Deus, o representante do Amor divino. Deus era a fonte do amor com o qual Jesus amava. Tudo na vida e nos ensinamentos de Jesus aponta para Deus não só como a nossa fonte de amor, mas como a de toda a humanidade. O amor que Jesus incorporava e expressava é o Amor divino, que também é o nosso Pai-Mãe celestial, o Amor que ama a todos incondicionalmente como Seus preciosos filhos.
O Amor divino é a Vida, que transcende as assim chamadas leis da matéria e que trouxe à luz o nascimento virginal de Jesus, bem como seu poder sanador, sua ressurreição e ascensão. Jesus viveu e amou para nos mostrar o poder absoluto do sempre presente Amor divino. Ele demonstrou o tipo mais prático e mais altruísta de amor e passou pela crucificação para nos mostrar que o poder do Amor divino está aqui a todo o momento para nos capacitar a também transcender as limitações e discórdias da matéria. Tal como Mary Baker Eddy tão corretamente observou: "A eficácia da crucificação estava na afeição e bondade prática que ela demonstrou para com a humanidade" (Ciência e Saúde, p. 24). "Afeição e bondade prática", que presente!
Entretanto, qualquer presente tem de ser verdadeiramente recebido, aceito, valorizado e utilizado, para que suas bênçãos sejam plenamente reconhecidas. O custo de realmente sentirmos e vivenciarmos o amor de Deus que Jesus expressava, começa com um ato abnegado de nossa parte, o ato de, em oração, dedicarmos tempo e atenção a Deus. Esse é um custo que qualquer pessoa pode pagar, um sábio investimento rumo a uma vida de satisfação e, nesta época do ano, uma celebração significativa do Natal. Em humilde comunhão com Deus, aprendemos o que é o verdadeiro amor e como trazê-lo à luz em nossa vida.
Todo tipo de argumento poderá surgir no pensamento, tentando impedir que dediquemos algum tempo em silenciosa comunhão com Deus ou não permitindo que concedamos a Ele atenção total durante esses momentos. Descobri como é importante não permitir que isso aconteça. Persistir em conhecer a verdadeira natureza de Deus, por meio da oração e do estudo da Sua Palavra na Bíblia e no livro Ciência e Saúde, significa abrir nosso coração e nossa mente à reforma e à transformação espiritual. Dessa maneira, poderemos nos tornar pessoas mais amáveis, e que refletem o poder sanador do Amor, um presente que certamente enriquece nossa própria vida e a de outros.
Tal é a bênção de recebermos o presente do amor de Deus. No entanto, esse é apenas o começo. O aumento das bênçãos vem na mesma proporção em que expressamos o amor de Deus aos outros, amandoos incondicionalmente. "Lembrem das palavras do Senhor Jesus", disse o Apóstolo Paulo: "É mais feliz quem dá do que quem recebe" (Atos 20:35). Lembra-nos o extraordinário mandamento de Jesus aos seus seguidores: "...que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei" (João 15:12).
Mas será realmente possível amarmos uns aos outros com o mesmo amor puro e espiritual com o qual Jesus nos amou? Sim! É possível porque Deus criou cada um de nós à Sua imagem pura e perfeita, como Seu reflexo espiritual. Essa é a identidade real de todos.
Às vezes, quando aprender a amar como Jesus amou parece uma tarefa intimidadora, renovo minha confiança com o pensamento de que aprendemos a fazê-lo através da prática, empenhando-nos em expressar o amor incondicional de Deus, em todos os aspectos da nossa vida. Realmente, isso não se consegue sem esforço e, às vezes, vacilamos. Contudo, cada dia nos oferece novas oportunidades. Em meio à pressão das interações humanas, tenho frequentemente me perguntado, em essência: "Será que estou disposta a pagar o preço em humildade e abnegação, a fim de aprender a amar como Jesus amava, e assim dar aos outros o magnífico presente do amor sanador de Deus"?
Eis aqui um exemplo recente da vida cotidiana, sobre o que pode significar proporcionar essa dádiva de amor a outrem antes, durante e depois do Natal. De vez em quando, tenho a alegria de cuidar da minha neta, que cursa o ensino fundamental, e passa algumas horas comigo depois da escola e durante o jantar. Entretanto, em uma tarde, ao pegá-la na escola, seus sorrisos, abraços e gestos de cooperação habituais estavam ausentes. Imediatamente este pensamento sarcático: "Ah, esse vai ser um daqueles dias"!, tentou invadir minha mente. Tive de expulsá-lo rapidamente! Ao invés de reagir, optei por abrir o pensamento à orientação de Deus, enquanto dirigia para casa em silêncio. Precisava ouvir os ternos lembretes do único Ego divino sobre a natureza espiritual da minha neta e a minha própria, como reflexos de Deus. Por meio dessa oração, discerni que algo a estava perturbando. Portanto, ao chegarmos em em casa, convidei-a a sentar-se ao meu lado e me contar tudo.
O que veio à tona foi que ela havia recentemente mudado de escola e estava sentindo falta de sua "melhor amiga". Ela permaneceu em silêncio, enquanto eu compartilhava algumas ideias sobre o verdadeiro significado de amizade. Então, ela se mostrou receptiva a uma outra ideia: que os pensamentos tristes vão embora mais rapidamente quando nos preocupamos mais com os outros do que conosco, isto é, quando nos importamos com eles, por exemplo, mostrandolhes respeito e disposição de cooperar. Logo ela estava alegremente me ajudando a quebrar alguns ovos para fazermos um omelete de champignon e queijo (um de seus pratos favoritos) e desfrutamos de uma agradável noite juntas.
Nem sempre é fácil amarmos de forma abnegada, mas o principal é o mesmo em todos os casos: o amor incondicional, que Deus tem por nós e que refletimos como Seus filhos e filhas, nada pede em troca; o Amor simplesmente ama. O Amor divino é como o sol. Ele envia seus raios de luz e calor para todos, sem nenhuma preocupação de como eles serão recebidos. Jesus fez esta observação quando falou sobre Deus: "... ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons ..." (Mateus 5:45). Deus é o Amor divino, nossa fonte, e nos envia como Seu reflexo espiritual. Portanto, podemos amar como Jesus amava, sem nos preocupar como esse amor será recebido. À medida que deixarmos o Amor divino purificar nosso coração de pensamentos negativos e voluntariosos e substituí-los por generosidade, compaixão e perdão, as bênçãos serão sentidas pelos outros e por nós.
A época do Natal proporciona a todos muitas oportunidades de dar e receber o mais significativo de todos os presentes, o incondicional amor de Deus, sem importar que estejamos sozinhos ou na companhia de outras pessoas. As pessoas têm descoberto e continuarão a descobrir maneiras especiais de presentearem no Natal.
Uma família que conheço teve "o mais feliz de todos os Natais", quando seus membros não trocaram nenhum presente material, mas passaram o Dia de Natal como voluntários em uma entidade distribuindo alimentos. Pessoas sozinhas em suas casas sentiram a plenitude do Amor ao preencherem esse dia com orações em prol da humanidade. Em certo Natal, cada membro em nossa família se comprometeu a ajudar outros fazendo para eles uma tarefa semanal específica.
Seja qual for a forma de presentear que você decida adotar neste Natal, uma coisa é certa: quando o amor de Deus é refletido em nosso coração, ele abençoa a todos que estejam em nossos pensamentos. Isso talvez exija tempo, atenção e abnegação, mas essa forma de presentear pode tornar este o mais valioso e esplêndido Natal de todos!