Durante minha vida, o Natal parece ter passado por muitas mudanças. Quando criança, costumava acordar com presentes misteriosamente deixados aos pés da cama. Nós nos reuníamos em torno da mesa da sala de jantar para um almoço completo, ao estilo inglês, acompanhado pelo pudim de Natal cozido ao vapor. Em seguida, havia canções que falavam de neve, lareiras e passeios de trenó. Frequentemente, tudo isso acontecia em um tórrido dia de verão australiano, enquanto enxugávamos o suor do rosto. Anos mais tarde, os presentes amorosamente embrulhados e a comida deliciosa assumiram uma posição secundária, à medida que o grupo familiar sempre crescente procurava se manter em contato e passar mais tempo uns com os outros.
Hoje, as diferenças culturais alteraram a paisagem do Natal neste país. O forte sol de verão e um estilo de vida mais despojado levaram as comemorações familiares para os churrascos à beira-mar. O comercialismo invadiu todo o cenário, com lojas iniciando as vendas de produtos natalinos mais cedo a cada ano e as pessoas estourando o limite de seus cartões de crédito. Do lado doméstico, membros da família faleceram e outros se mudaram para lugares distantes. Para muitas pesoas, a época de Natal é um período solitário, até mesmo localizar amigos nessa época parece difícil.
Com todas as mudanças que podem acontecer conosco, com aqueles que conhecemos e com a comunidade em geral, é tentador ter receio da aproximação dessa época festiva ou mesmo desejar fugir dela completamente. Sei disso porque já me senti assim. A cena familiar havia mudado drasticamente. Meu marido e eu nos encontramos sozinhos pela primeira vez em nossa vida. Quando isso aconteceu em determinado ano, e também no seguinte, foi difícil aceitar. Tentamos convidar amigos, conhecidos e vizinhos, mas todos tinham seus próprios planos. Ninguém parecia precisar da nossa companhia.
Quando outro triste período natalino se aproximava, decidi examinar meus pensamentos. Será que as mudanças nas pessoas e nas circunstãncias afetaram o significado real do Natal? Será que eu tinha necessariamente de receber presentes ou compartilhar uma refeicão especial com a família e os amigos para celebrar essa ocasião Ao refletir sobre isso, compreendi que os aparatos materiais, a comida e o companheirismo são símbolos exteriores de celebração, tais como o envio de cartões de Natal e cânticos natalinos. Veio-me também ao pensamento que, sem perceber, eu havia substituído esses símbolos pela verdadeira razão pela qual comemoro o Natal.
O nascimento de Jesus não trata apenas da chegada de mais uma criança ao mundo. Seu advento proclamou uma mudança sem precedentes para a humanidade. Para mim, sua vinda destruiu a crença de que o homem estava destinado a ser, eternamente, nada mais do que um miserável pecador. O vibrante mandamento de Jesus: "Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste" (Mateus 5:48), foi, e ainda é, uma mensagem radical e que transforma a vida. Ela afirma que somos a criação perfeita do nosso Pai perfeito. Nosso direito de nascença como Seus filhos e filhas é bem-estar e paz espiritual.
Ao considerar o extraordinário exemplo de vida que Jesus nos legou, compreendi o amor contínuo de Deus. Como somos filhos dEle, nossa vida é constantemente nutrida e sustentada. Estamos eternamente na companhia do Amor divino. Como resultado dos ensinamentos de Jesus, inúmeras pessoas, inclusive eu, encontraram conforto, como também saúde e cura. Recebemos a dádiva eterna da harmonia, o reino do céu, que Jesus disse que o descobriríamos dentro de nós.
Pensar a respeito de Jesus e sobre o que sua vida significa para mim nestes tempos turbulentos, capacitou-me a não somente reacender, mas também a preservar o verdadeiro espírito do Natal.
Pensar a respeito de Jesus e sobre o que sua vida significa para mim nestes tempos turbulentos, capacitou-me a não somente reacender, mas também a preservar o verdadeiro espírito do Natal. Inspirou-me a relembrar que hoje sou uma grata beneficiária de seus ensinamentos e de sua obra. Jesus proporcionou a dádiva duradoura da esperança, da saúde e da harmonia a todos que desejam recebê-la. Isso é algo digno de se manter em mente, todos os anos.
A compreensão espiritual do cuidado constante de Deus é uma bênção que, como um presente, pode ser aberto cada dia. Ainda que as flutuações do viver humano possam trazer mudanças para a nossa experiência e tentar lançar uma sombra sobre o que deveria ser uma alegre época do ano, elas jamais poderão alterar a real razão pela qual comemoramos o Natal. O amor de Deus é constante, abundante. Aceitar que Seu amor por nós verdadeiramente satisfaz a toda necessidade, e viver essa verdade momento a momento em todas as situações, é motivo para estarmos sempre alegres. Para mim, tornouse um motivo de celebração agora e durante o ano todo.