Há alguns anos, enquanto lia para minha filha uma revista infantil, deparei-me com uma descrição sobre as festas de dezembro. O artigo explicava o Natal como um dia em que se celebra o nascimento de um bebê. Ela me olhou de maneira ironica. A historia bíblica sobre o nascimento de Jesus era uma das que ela mais gostava. "Um bebê muito especial"!, exclamou ela.
Um aspecto a respeito da "peculiaridade" de Jesus é a esperança que ele inspirava. Não apenas a esperança que assinala um novo começo ou a esperança no futuro que pais afetuosos normalmente sentem em qualquer nascimento humano; mas o nascimento de Jesus trouxe esperança a toda a humanidade, pois ele anunciou a promessa do poder amoroso e sanador de Deus.
Em seu artigo "O Apelo da Época Natalícia", Mary Baker Eddy explicou que o nascimento e a vida de Jesus servem não somente para inspirar a humanidade, mas também exigem algo de nós. Ela escreveu: "Em diferentes épocas, a ideia divina assume differentes formas, de acordo com as necessidades da humanidade. Nesta época, ela assume, mais inteligentemente do que nunca, a forma da cura cristã. Esse é o recém-nascido que devemos acalentar. Esse é o recém-nascido que se apega, com ternos braços, ao pescoço da onipotência, e invoca o cuidado infinito de Seu coração repleto de amor" (Miscellaneous Writings 1883—1896, p. 370).
O que, exatamente, Mary Baker Eddy queria dizer com o termo "a ideia divina"? De acordo com o Merriram Webster's Online Dictionary [Dicionário Online Merriram Webster], uma ideia é mais do que apenas um pensamento que vem a nós. Essa palavra é definida especificamente como: "Uma entidade transcendente que é o padrão real do qual as coisas existentes são representações imperfeitas... um padrão de perfeição... um plano de ação...". Talvez possamos então descrever "a ideia divina" como o padrão Supremamente bom e perfeito, o plano de Deus para Sua criação.
No nascimento de Jesus, Maria e José, os pastores e os reis magos se tornaram, naquela época, as primeiras testemunhas da "ideia divina" encarnada. Eles viram em primeira mão a expressão viva do poder e do cuidado do Amor divino, a natureza divina que Jesus tão maravilhosa e plenamente manifestou. Durante todo seu ministério de cura, a expressão perfeita de Jesus dessa ideia divina, o Cristo, ilustrou o que a vida é quando vivemos de acordo com o plano de Deus. Jesus conhecia a fonte de seu poder sanador e instruiu seus seguidores assim: "...Vai e procede tu de igual modo" (Lucas 10:37). Ele lhes rogou: "...para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste..." (Mateus 5:45).
Conquanto sempre guardemos na memória, com amor, a história do menino Jesus na manjedoura, o verdadeiro "recém-nascido que devemos acalentar" é a universalidade e o poder da cura cristã. Essa ideia divina, o Cristo sanador, é a essência do Natal. Ao nos empenharmos em pensar e agir como Jesus o fazia, não somente comemoramos sua bondade e honramos o nascimento do bebê "especial" da história da natividade, mas também celebramos e participamos da natureza sanadora do Cristo.
À medida que conscientemente acolhermos o bebê recém-nascido da cura cristã em nossa vida, vivenciaremos a vinda do Cristo em nosso coração, todos os dias. Quando o amor altruísta nos guiar; quando rompermos a atração gravitacional de pensamentos e hábitos antigos e superficiais; quando percebermos um vislumbre da vida como maior do que perdas e ganhos pessoais e agirmos com um senso mais amplo e mais abrangente de propósito e habilidade, assumiremos mais plenamente nossa identidade verdadeira, vivenciando mais a nossa própria natureza crística e curando de forma mais fácil e natural tudo quanto for dessemelhante de Deus em nossa própria vida e na de outros.
Meu próprio despertar para a necessidade de obter mais dessa ideia divina em minha vida, veio certa manhã logo depois de mais um ano tentando insatisfatoriamente ter um Natal "feliz". As festas dessa época e a troca de presentes haviam me parecido especialmente superficiais. Tentava manter as aparências, mas me sentia muito mal. Eu tinha uma série de problemas de saúde, diagnosticados por médicos, os quais não estavam melhorando com os tratamentos, tanto médicos como alternativos. Passava horas e horas em sofrimento ou exaustão.
Certa noite orei com todo meu coração para reconhecer o que era realmente verdadeiro e substancial em minha vida. A resposta que me veio ao pensamento foi: amor. Não o amor de uma pessoa, mas um amor abrangente, o próprio Amor divino. O Amor que, conforme compreendi, havia estado realmente presente, de forma invariável, durante toda minha vida. Tudo o mais, o vazio, a presença opressora da doença e da incapacidade, todas as condições materiais que pareciam definir minha existência, de repente pareciam estar radicalmente diferentes. O que anteriormente teria parecido ter poder e autoridade, os meus temores com relação ao futuro e o que meu corpo vivenciava se desvaneceram à medida que me maravilhava diante do modelo perfeito dessa nova ideia sobre minha vida, à luz do Amor divino. Despertei, na manhã seguinte, curada de várias doenças que há muito tempo me afligiam. Naquela manhã, percebi que havia vivenciado a cura na Ciência Cristã (que eu havia conhecido quando criança). Foi o senso mais verdadeiro de Natal que já havia conhecido. Meu coração transbordou de amor por essa compreensão espiritual e sanadora. Contudo, eu desejava mais!
Nos meses seguintes, comecei a frequentar uma igreja da Ciência Cristã. Li Ciência e Saúde de capa a capa várias vezes e passei a estudar a Lição Bíblica Semanal. Descobri, pas-so-a-passo, que eu podia confiar nessa perspectiva profundamente cristã da solicitude de Deus em prover minhas necessidades diárias. À medida que eu praticava o que aprendia, vivenciava mais curas, que me demonstravam exatamente o quão completo é o cuidado do Amor divino.
Seis meses depois, poucas horas após ter confluído o Curso Primário de Ciência Cristã, recebi um chamado de alguém que me pedia apoio em oração. A senhora descreveu seu problema, ou seja, o sofrimento físico e o medo que o acompanhava. Enquanto ela falava, o senso do amor e do cuidado completos de Deus, o qual havia se tornado tão claro em meu pensamento, tomou forma em palavras de conforto e encorajamento, e as compartilhei com ela. Quando desliguei o telefone, continuei a orar, sentindo-me incrivelmente grata pelo cuidado e amor completos de Deus, como também maravilhada diante da plenitude da provisão sanadora do Amor para nós duas.
Um pouco mais tarde, minha mãe apareceu inesperadamente na sala e relatou que ouviu da cozinha um pouco de nossa conversa. "Você podia dizer tudo aquilo novamente"?, perguntou ela. Fiquei imóvel por um momento e constatei que não conseguia me lembrar de uma única frase que havia dito, lembrava-me somente do poder e do amor que sustentavam os conceitos que eu havia compartilhado. As palavras se foram, mas minha fé na clareza e autoridade das ideias sanadoras de Deus, as quais haviam vindo tão claramente ao meu pensamento, fortalleceu-se de forma prática. Isso ficou provado logo depois, quando aquela pessoa telefonou de volta para dizer que estava inteiramente livre da dor.
À medida que eu praticava o que aprendia, vivenciava mais curas, que me demonstravam exatamente o quão completo é o cuidado do Amor divino.
Mary Baker Eddy, ao detalhar sua explanação sobre o bebê recémnascido da cura cristã, certa vez fez a seguinte recomendação a um aluno: "Agora, leve o seu pequenino filho ao Egito e deixe que ele cresça até que seja forte o bastante para permanecer de pé sozinho" (We Knew Mary Baker Eddy [Nós Conhecemos Mary Baker Eddy], pp. 200-201). Pude ver que o desejo e o esforço de compreender o que havia me curado no último Natal, meu estudo e prática mais profundos, e aquelas duas semanas em que figuei inteiramente concentrada em acalentar a ideia de Deus me proporcionaram um solo firme, sobre o qual minha própria compreensão crescente do Cristo se fortaleceu quando confrontada pelo medo e pela doença.
Amar o bebê recém-nascido da cura cristã, nutri-lo com cuidadoso estudo e prática fiel, traz à luz o imediatismo da solicitude terna e completa de Deus. A cura ocorre quando reconhecemos a profunda verdade do ser, todo o poder e o amor infinito de Deus. Por sua vez, toda experiência de cura na Ciência Cristã traz consigo uma consciência ampliada da bondade de Deus e a naturalidade de nossa própria inclusão nessa bondade. Cada cura traz mais confiança na realidade espiritual e, consequentemente, mais bênçãos e mais cura!