Tem sido desolador assistir às imagens da recente escalada dos conflitos na Faixa de Gaza. Parece que tantos exemplos de sofrimento, mostrados ao longo de várias décadas, estavam sendo intensificados de forma devastadora, e irrompiam subitamente para que o mundo todo pudesse testemunhar. Uma das atitudes que estimula os ciclos de violência e de retaliação é o desejo de se ser reconhecido como um desafiador, a qualquer preço.
Enquanto orava para entender melhor situação, compreendi que a resistência não é, em si mesma e de si mesma, uma atitude negativa. A coragem de permanecer firme e lutar com grandes desvantagens quando se enfrenta um inimigo aparentemente mais forte é uma qualidade celebrada universalmente. Cada cultura tem suas próprias histórias heroicas de resistência corajosa sob algum tipo de repressão. Por exemplo, recentemente foi lançado o filme, "Defiance" [Resistência], que mostra a história de pessoas lutando para resistir ao nazismo na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial.
Não poderia haver um inimigo comum que soldados, militantes e civis pudessem desafiar neles mesmos?
Contudo, existe uma outra maneira de se olhar para a "resistência". Temos a tendência de pensar nela como um grupo de pessoas to, ao outro lado. Entretanto, o que dizer se o que precisa ser desafiado é na verdade algo decididamente de natureza mental? Não poderia haver um inimigo comum dos judes e palestinos, inclusive dos membros do Hamas, que soldados, militantes e civis pudessem desafiar neles mesmos? Será que existe um inimigo que possa ser reconhecido e ao qual resistam todos os que estão profundamente sedentos em seus corações por estabilidade permanente em Gaza?
Poderíamos dizer que um incomparável homem, do Oriente Médio, detectou tal inimigo há cerca de 2.000 anos. Cristo Jesus identificou e mostrou como combater com sucesso um inimigo que a Bíblia chama de "mente carnal" (ver Romanos 8:6, 7). Essa mente carnal é a mentalidade egocêntrica, fundamentada no medo, que parece encobrir a verdadeira presença da bondade de Deus e de Sua amada e bem-cuidada criação, que inclui cada um de Seus filhos.
Qualquer que seja o tipo de dificuldade específica que os indivíduos e as comunidades enfrentem, é, em última análise, a mente carnal que pretende ser a originadora e a orquestradora poderosa das dificuldades, inclusive a perpetradora e sustentadora das guerras. A produção das armas de guerra da mente carnal e o prolongamento desses conflitos são imposições mentais que, se não forem desafiados espiritualmente, permitirão que a ganância, o medo, a vingança, o preconceito, o orgulho e, sim, até mesmo a mais inflexível resistência, ganhem terreno. Essas imposições podem cegar o pensamento ao plano eterno e universal de Deus, bem como à sua provisão de justiça e paz.
Às vezes, um povo precisa ir para a guerra a fim de dar os passos necessários para defender sua nação. Outras vezes, guerras têm sido evitadas por meio da negociação de acordos e da diplomacia. Contudo, de qualquer maneira, o inimigo subjacente que sempre precisa ser desarraigado é o inimigo mental que desafia a realidade e o governo completo de Deus, o Amor divino.
A resistência divina do Salvador contra a atitude arrogante da mente carnal trouxe cura
Jesus mostrou como resistir eficazmente a esse inimigo por meio do Cristo, ou seja, do pensamento divino que ele representou da forma mais completa do que qualquer outro jamais o fez. Por meio de sua humildade e graça, ele era plenamente receptivo à autoridade divina. Mostrou a todos como permanecerem firmes no reconhecimento devote de um Deus infinito e todo-poderoso em Sua bondade, tão preciso em atender a cada necessidade individual, que desafiava corajosamente a existência de qualquer coisa que contradissesse a harmonia.
A resistência divina do Salvador contra a atitude arrogante da mente carnal trouxe a cura física de doenças incuráveis, pavimentou o caminho para alimentar milhares de pessoas quando havia apenas um pouco de comida disponível e até mesmo ressuscitou mortos. Inverteu aquilo que parecia ser um sofrimento inevitável, provando a inevitabilidade do bem. Além disso, grande parte de todas essas ações foi realizada face a intensa perseguição.
A natureza específica daquilo que Jesus desafiava está realçada em inúmeras passagens do livro Ciência e Saúde. Sua autora, Mary Baker Eddy, escreveu que Jesus "estava agindo sob a lei espiritual, em desafio à matéria e à mortalidade..." (p. 43). "Curava a doença em desafio ao que se chama lei material..." (p. 168); de fato, ele corajosamente curava "em desafio a todas as condições materiais" (p. 228).
Isso define a verdadeira luta que as pessoas em Gaza e em Israel podem sentir em seus próprios corações; eles necessitam de nós. Aqueles que estão distantes do conflito, e em segurança, talvez não compartilhem do sofrimento dos que estão na linha de fogo, mas todos podem colaborar com a solução ao desafiar o materialismo e a luta mortal maior, a qual perpetua um impasse interminável e o desespero. Podemos orar para reconhecer e sentir a onipresença de Deus. Todos podem se unir para provar que a inteligência divina tem um plano prático para a paz. Juntos, podemos desarmar a mente carnal de seus esforços para derrotar o Amor!