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Violência urbana — façamos parte da solução!

Da edição de março de 2009 dO Arauto da Ciência Cristã


A guerrilha urbana não é nenhuma novidade em Los Angeles, onde moro. Nos anos sessenta, os moradores dessa cidade ficavam grudados na televisão, assistindo aos tumultos causados pelos conflitos raciais. Já na década de noventa, vi a cidade queimando em chamas durante o que ficou conhecido como o motim de Rodney King. Novamente, essa segunda série de distúrbios deflagrados por conflitos raciais, apontava para desafios urbanos de longa data, para os quais ainda não haviam encontrado solução, tais como: a brutalidade policial, a decadência educacional da população pobre, o desemprego e a consequente pobreza.

As gangues não eram um fenômeno novo e não se originaram apenas em Los Angeles ou nos Estados Unidos. Elas são um problema que necessita ser resolvido mundialmente e que têm sido associadas com as grandes cidades em muitos países. Na Bulgária, Canadá, Brasil, Paquistão ou outros países, a violência das gangues tem sido brutal.

Às vezes, quando um desafio parece estar tão disseminado e difícil de ser vencido, somos inclinados a perguntar: "O que eu poderia fazer sobre isso"? A busca por uma resposta, levou-me a um curso de ação significativo. Primeiro e acima de tudo, percebi a necessidade de orar constante e ativamente sobre essa situação.

A oração tem sido o ponto de partida na minha vida. Descobri que realmente não sei o que pensar ou que tipo de ação tomar (se houver necessidade de uma ação), a menos que eu ore primeiro. Além disso, quando procuro conhecer melhor a Deus e fazer a Sua vontade, sou guiada a agir de forma que fará uma diferença significativa. Às vezes, as respostas são surpreendentes, outras muito simples, mas sempre cheias de propósito.

Estive face a face com chefes de gangues, enquanto cumpriam pena em instituições correcionais

Como uma cidadã de Los Angeles, desejava muito fazer parte da solução para o problema das gangues. Há alguns anos, tive a oportunidade de fazer isso. Minha oração me levou a dar aulas sobre a Bíblia para adolescentes em um acampamento correcional de segurança máxima para rapazes. Nesse acampamento, considerado como o mais tumultuado do município de Los Angeles, estive face a face com os chefes das gangues que cumpriam pena por assassinatos, tráfico de drogas, furtos de mercadorias de valor, vandalismos, estupros e crimes afins.

Esses eram considerados rapazes violentos que o sistema achava que não poderiam ser ajudados. Contudo, minha experiência com eles foi bem diferente da expectativa do sistema. Por meio do estudo das verdades sanadoras, trazidas à luz por Cristo Jesus, mantive a esperança e descobri que o reconhecimento da natureza do Cristo, que cada um possui de forma inerente, podia transformar personalidades difíceis, até mesmo violentas.

Esses rapazes não eram nenhuma exceção e corresponderam à minha convicção de que tinham o direito de compreender sua verdadeira identidade como filhos de Deus. Eu os achei educados, gentis e ávidos para saber mais sobre Deus sobre a verdadeira natureza deles. Não estou dizendo que não enfrentei desafios, mas minha certeza de que Deus os amava tal como Ele ama a todos os demais, foi o que me guiou e elevou o nível nessas aulas.

A oração que fala ao coração e vem direto do íntimo é essencial

Minha oração sobre questões como a violência de gangues e outras condições que afetam a humanidade não segue uma ordem específica, nem usa sempre as mesmas palavras. Mas, a oração que fala ao coração e vem direto do íntimo é essencial; caso contrário, ela tende a ser acadêmica e abstrata. Aqui estão algumas abordagens que achei inspiradoras ao orar especificamente sobre a violência das gangues:

Descobri que o reconhecimento da natureza do Cristo, que cada um possui de forma inerente, podia transformar personalidades difíceis, até mesmo violentas.

Deus é o único poder. Os crimes oriundos do ódio submetem as pessoas à violência devido à etnia ou qualquer outra característica, mas esses crimes não constroem um mundo melhor. A oração eficaz nega a pretensão de poder do ódio porque ela alcança profundamente a realidade e reconhece que o poder, a presença e a lei pertencem ao único Deus, que é o próprio Amor. Isso estabelece que o reino de Deus está sob uma única inteligência divina e reconhece que todos nós vivemos nesse reino, não importa o que as notícias ou a experiência pessoal possam informar em contrário.

Mary Baker Eddy mostrou o resultado dessa oração em Ciência e Saúde, quando escreveu: "Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; constitui a fraternidade dos homens; põe fim às guerras; cumpre o preceito das Escrituras: 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo'; aniquila a idolatria pagã e a cristã — tudo o que está errado nos códigos sociais, civis, criminais, políticos e religiosos; estabelece a igualdade dos sexos; anula a maldição sobre o homem, e não deixa nada que possa pecar, sofrer, ser punido ou destruído" (p. 340).

Cada indivíduo é filho do Amor. A oração me mostra que a criação de Deus é boa. Os homens e mulheres que Deus formou não podem carecer do verdadeiro senso de família ou estar cheios de fúria. Volver-nos ao Amor, o Governador supremo, permite-nos enfrentar especificamente as sugestões agressivas de que o ódio e a vingança possam ocupar algum lugar entre os filhos do Amor.

Realmente, o mal é alheio aos descendentes de Deus. Cristo é a mensagem divina de Deus que nos diz a verdade acerca de nós mesmos e nos concede o desejo de ser bons e de fazer o bem. O poder e a presença de Deus e de Seu Cristo simplesmente não deixam nenhum espaço para o ódio ou mesmo a anarquia.

O medo não pode resistir diante do Amor. O medo também parece. ser um fator chave, especialmente nas áreas onde a atividade das gangues é mais predominante. Como resultado, lidar com o medo, primeiro o meu próprio e depois com o dos outros, é muito importante na minha oração. A Bíblia diz: "No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo" (1 João 4:18).

Para mim, o modo mais eficaz de vencer o medo é reconhecer que nenhuma das ideias de Deus possui qualquer qualidade ou natureza que não derive do Amor, nem mesmo um único pensamento ou ação. O medo se desfaz diante da presença do Amor infinito, pois quando o Amor enche todo o espaço, não resta nada para se temer.

A autoridade de Deus é suprema. Descobri ser proveitoso admitir que minha oração é o reconhecimento da autoridade de Deus. Não cabe a mim, pessoalmente, mudar uma situação local ou mundial, porque essa divina autoridade é suprema, mesmo no cenário humano. A divina influência de Deus, ou Cristo, pode levar as pessoas a mudar, pode comover corações e trazer à luz soluções que talvez sejam as mais inesperadas.

A oração que fala ao coração e vem direto do íntimo é essencial; caso contrário ela tende a ser acadêmica e abstrata.

Deus liberta

As soluções divinamente inspiradas nos libertam. Também descobri ser proveitoso compreender que a animosidade que vejo ou sobre a qual leio, não é uma realidade fixa, mas uma concepção errônea sobre o universo harmonioso de Deus. Ao invés de focar no problema, o que preciso saber é o que é espiritualmente verdadeiro sobre cada um. Cristo Jesus viu isso claramente, quando disse: "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8:32). Lembro-me, frequentemente, que é minha tarefa "conhecer a verdade" e que Deus, a Verdade, liberta. Estou feliz em perceber que, como filhos de Deus, todos temos o direito de ter uma vida harmoniosa, livre do ódio e cheia de propósito. Contudo, com alegria entrego a Deus a tarefa de nos libertar!

O reino de Deus é eterno. Por fim, dou o toque final na minha oração. O Pai Nosso termina reconhecendo que todo o poder pertence a Deus: "...pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre" (Mateus 6:13). Essa autoridade não é apenas para um momento, é para sempre. Às vezes, busco orar mais para me lembrar que a verdade que busco compreender não pode ser revertida nem invertida.

Isso funciona? Bem, semana após semana, desde que passei a dar aquelas aulas sobre a Bíblia, coloco essas ideias em prática e trato cada um daqueles rapazes com dignidade, respeito e sincero amor. Descobrimos muitas coisas em comum, à medida que falamos sobre nosso desejo de conhecer melhor a Deus e de ter um lar, uma família, uma vizinhança e um ambiente de trabalho mais harmoniosos.

A maioria dos garotos venceu algum tipo de limitação. Alguns abandonaram sua raiva ao "sistema" e buscaram obter sua liberdade, sendo mais cooperadores. A verdadeira natureza do Cristo foi cada vez mais revelada neles, desde a forma com a qual eles abordavam o que se referia ao trabalho da escola, até a interação com rapazes de outras gangues.

Estou feliz em perceber que, como filhos de Deus, todos temos o direito de ter uma vida harmoniosa, livre do ódio e cheia de propósito. Contudo, com alegria entrego a Deus a tarefa de nos libertar!

Como aprendi com essa experiência, cada um de nós pode desempenhar um papel contínuo e significativo para ajudar a reduzir e finalmente eliminar a escalada das guerras entre as gangues. Mesmo aqueles que não moram em cidades em que as gangues são um problema, as orações para compreender melhor o amor de Deus por Sua criação, e a exclusiva soberania sobre essa criação, fará a diferença.

Ao volvermos nosso pensamento para o mundo em busca de soluções para as evidentes necessidades da humanidade, e ao fazermos do Amor divino nosso ponto de partida, podem confiar, seremos guiados em cada passo do caminho!

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