Todos os dias nos defrontamos com imagens vívidas, reportagens e, algumas vezes, desafios pessoais, que provêm do conceito de que vivemos em um mundo atormentado pela escassez, falta de oportunidades e o estado da economia em espiral descendente.
Contudo, no Gênesis, as Escrituras afirmam que o homem (tanto homem como mulher) é feito à imagem e semelhança de Deus. Não se seguiria então que a pobreza, ou o empobrecimento sob qualquer forma, seja contrária ao estado do ser natural e normal do homem? Somente um Deus pobre poderia criar uma semelhança empobrecida.
A todos os que estão em busca de uma solução duradoura para os problemas financeiros e econômicos mais amplos, uma perspectiva nova e espiritual sobre a natureza de Deus e de Sua imagem e semelhança pode abrir um caminho que nos levará para fora da limitação de qualquer tipo.
Nos livros do Antigo e Novo Testamento, a Bíblia registra a constância de um Pai-Mãe Deus solícito, que satisfaz às necessidades das pessoas, mesmo nas circunstâncias mais extremas. Uma das narrativas mais marcantes das Escrituras é aquela em que as pessoas estão dispostas a se volver ao seu Pai divino e se afastar dos interesses materialistas, tornando suas vidas mais seguras e mais ricas em bênçãos.
Tomemos por exemplo os filhos de Israel em sua jornada do Egito para a Terra Prometida. Mesmo sob a liderança inspirada de Moisés, eles precisavam ser frequentemente instados a se afastarem das práticas e rituais religiosos politeístas, a fim de descobrirem um senso mais profundo da natureza espiritual de Deus. Por meio de Seu poder onipotente, eles receberam provisões diárias e desfrutaram de segurança em sua jornada. Nesse processo, aprenderam a importância de amar, adorar e dedicar suas vidas a um único Deus supremo. Os desafios que enfrentaram, que apareciam sob a forma de extrema carência, seja de alimento, de água ou de segurança, serviram como degraus para uma nova compreensão.
Existe uma relação direta entre uma compreensão mais espiritual de Deus e a expansão das nossas capacidades
Comentando sobre essa jornada em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy escreveu: "Moisés fez progredir uma nação até a adoração de Deus em Espírito, em vez de na matéria, e ilustrou as grandiosas capacidades humanas do ser, concedidas pela Mente imortal" (p. 200). Existe, então, uma relação direta entre uma compreensão mais espiritual de Deus e a expansão das capacidades humanas, concedidas a nós não por fatores humanos variáveis, mas pela Mente imortal, Deus. Mary Baker Eddy compreendeu que a narrativa bíblica revela o relacionamento entre Deus e o homem à sua imagem e semelhança, culminando no advento de Jesus Cristo, o Messias prometido.
Em seu Sermão do Monte (ver Mateus, capítulos 5-7), Jesus ensina a importância de subjugar as preocupações materiais e de não se estressar com o acumular coisas. As necessidades humanas essenciais, tais como alimento, roupa e abrigo, são providas por Deus quando buscamos o Seu reino em primeiro lugar, da mesma maneira que Ele certamente cuida dos pássaros e dos lírios. Aprendemos que o Pai que tudo sabe conhece nossas necessidades antes que Lhas peçamos.
O sermão de Jesus também identifica as qualidades de transformação essenciais, que nos ajudam a cultivar nossa natureza espiritual e nos capacita a vivenciar a plenitude do relacionamento com nosso Pai divino e Seu cuidado constante e abrangente. Em um mundo que enfatiza a aquisição de coisas materiais e a busca por riquezas e poder, a mensagem do Sermão do Monte aponta para a necessidade de sermos humildes, misericordiosos, de buscarmos a justiça, de mantermos um coração puro, e de sermos pacificadores; também de sabermos que, se formos criticados pelo esforço em ser bons, seremos finalmente recompensados com as riquezas espirituais do reino do Pai.
O reflexo mais verdadeiro do Divino exige uma consciência limpa e purificada
Mary Baker Eddy descobriu a Ciência que estava em ação por trás dos ensinamentos de Jesus. Ela escreveu: "Na Ciência divina, o homem é a verdadeira imagem de Deus. A natureza divina expressou-se melhor em Cristo Jesus, o qual projetou sobre os mortais o reflexo mais verdadeiro de Deus e elevou suas vidas um nível mais alto do que lhes permitiam seus pobres modelos de pensamentos — pensamentos que apresentavam o homem como decaído, doente, pecador e moribundo" (Ciência e Saúde, p. 259). Para aqueles que se esforçam para se elevar a um nível acima da espiral econômica descendente, o Sermão do Monte, proferido por Jesus, e a legitimidade espiritual por trás desse sermão, oferecem-nos uma grande promessa de vida, proveniente do terno cuidado da maternidade de Deus e da proteção e provisão de Sua paternidade.
Então, como vivenciarmos realmente esse "reflexo mais verdadeiro de Deus"? Uma metáfora talvez seja de utilidade aqui. Para um espelho refletir a luz do sol sobre um objeto, a pessoa que o segura precisa fazer coisas: certificar-se de que o espelho esteja limpo a fim de refletir o máximo brilho e posicionar o espelho de tal maneira que capte a luz sol no ângulo apropriado. Portanto, o reflexo mais verdadeiro do Divino exige limpeza e purificação da consciência, como também volver o pensamento em direção à Luz.
A oração é essencial nesse processo. Em seu sermão, Jesus oferece instrução específica acerca de como preparar o cenário mental para a oração e sobre o que orar, ou seja, o que conhecemos como Oração do Senhor. No capítulo intitulado "A Oração", Mary Baker Eddy a descreve como uma oração" ... que atende a todas as necessidades humanas" (Ciência e Saúde, p. 16).
Talvez possamos dizer que, devido ao excesso de consumismo e autoindulgência do filho pródigo, ela acabou moralmente falido
Jesus também descreve os motivos corretos para a oração. Ele diz: "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas" (Mateus 6:33). Acho que orar por purificação mental e para vencer as tendências mundanas com relação aos desejos materialistas, aprofunda nossas raízes espirituais no reino de Deus. Essa oração é fundamental para o processo de volver nossos pensamentos a Deus e vivenciar Seu reflexo pleno.
No Evangelho de Lucas, Jesus apresenta uma parábola que ilustra o empobrecimento que tão frequentemente resulta da busca pelo poder e satisfação no consumismo materialista, em contraponto com as recompensas por se volver ao Pai por satisfação e plenitude genuínas. Na história do filho pródigo, Jesus fala sobre um jovem que pressiona o pai para lhe conceder sua herança prematuramente, a fim de se aventurar por conta própria e levar uma vida separada de sua família. Entretanto, ele "...dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente" (Lucas 15:13).
Na linguagem de hoje, talvez diríamos que, devido ao consumismo, ambição e autoindulgência, o jovem acabou moralmente falido. Persistindo em uma espiral descendente, no final se encontra completamente empobrecido. Em um momento de autoconsciência e honestidade, ele literalmente desperta, ou, nas palavras de Jesus, o jovem "caiu em si" (ver Lucas 15:17). Nesse momento crítico, decide voltar para a casa de seu pai. Não teria sido esse o momento em que ele começou a limpar seus pensamentos e se orientar rumo à luz do amor de seu pai? Quando o jovem volta para casa, encontra seupai, cheio de compaixão, esperando-o de braços abertos e ricas bênçãos.
Fiz uma mudança de carreira que nos colocou em situação financeira difícil. Senti-me completamente encurralado
Na parábola, a busca do jovem por prazeres materialistas resulta em uma pobreza cruel, que simboliza o vazio do próprio materialismo. Contudo, o mais importante na história é que a afeição do pai, que exprime o suprimento constante de amor e de ideias inspiradas de Deus, nunca para de se derramar sobre Seus amados filhos. O filho somente precisa volver seu pensamento na direção correta para vivenciar esse amor e restaurar sua plentitude ou herança verdadeira. Essa mudança mental e interior o coloca no caminho que o tirará para fora da pobreza do vazio.
Mesmo que não estejamos vivendo as consequências de um estilo de vida dissoluto, podemos nos sentir sobrecarregados com as consequências de escolhas imprudentes. As finanças talvez pareçam escassas, as oportunidades de negócios ou de emprego talvez tenham se evaporado ou as condições instáveis do mercado possam ter nos colocado em risco financeiro. Como na parábola, nós também podemos nos sentir terrivelmente separados da abundância do nosso Pai. Quaisquer que sejam as circunstâncias, seguramente pode "surgir" uma oportunidade de nos volver ao Pai, a fonte de toda luz refletida. Podemos começar a redescobrir e a cultivar as qualidades espirituais que são inerentes ao nosso ser, porque somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Esses atributos e talentos constituem nosso valor natural e incomensurável.
Percebi que volver os pensamentos na direção da luz divina do Pai pode ter um efeito transformador de vida. Quando tinha vinte e poucos anos, com esposa e uma filha pequena, fiz uma mudança de carreira que nos colocou em situação financeira difícil. Em meu novo emprego, meu salário era totalmente à base de comissão e, após alguns meses de trabalho, não tivera nenhum sucesso. Passamos de um contracheque constante para um rendimento zero, durante vários meses. Nossos cartões de crédito estavam com os limites estourados e não tínhamos dinheiro algum para o aluguel do mês seguinte. Sentia-me completamente encurralado, além de ter colocado minha família em risco.
Era hora de meu pensamento ser instigado para que eu caísse em mim
Entretanto, minha esposa e eu havíamos sido criados em famílias em que confiar na oração para todas as necessidades era a maneira normal e natural para resolver desafios. Quando crianças, e agora como jovens adultos, havíamos comprovado que o poder sanador da oração, conforme ensinado na Ciência Cristã, era uma solução eficaz para problemas de saúde, de relacionamentos e desafios financeiros. Portanto, ambos nos ativemos a essa luz e passamos a confiar em que Deus nos ajudaria a vencer esse desafio. Contudo, mesmo essa luz parecia estar se apagando.
Lembro-me de pensar: "Seria realmente um cliente totalmente novo entrando pela porta do meu escritório e me entregando um projeto para o qual recebesse pagamento adiantado, o que me permitiria pagar o aluguel do próximo mês"?
Mesmo assim, marquei uma hora para me encontrar com um Praticista da Ciência Cristã e, após lhe contar nos mínimos detalhes todas as minhas aflições, ele me respondeu com exemplos de experiências aparentemente miraculosas, nas quais as necessidades das pessoas haviam sido resolvidas imediatamente. Enquanto o praticista compartilhava essas vitórias comigo, eu pensava: "Bom para elas, mas quais são as chances de que algo semelhante aconteça comigo?"
Então, o praticista fez algo que nunca havia visto antes. Deu-me um exemplar de um Christian Science Sentinel e pediu-me que me recostasse e lesse enquanto ele me dava um tratamento pela Ciência Cristã, ali mesmo. Esse tipo de tratamento envolve oração específica para uma pessoa, fundamentado nos ensinamentos bíblicos e, em particular, nos ensinamentos e nas obras de cura de Cristo Jesus. Como Mary Baker Eddy o coloca em Ciência Saúde: "O efeito dessa Ciência consiste em instigar a mente humana a uma mudança de base, sobre a qual possa ceder à harmonia da Mente divina" (p. 162).
Certamente, já era hora de meu pensamento ser instigado, para que pudesse "cair em mim" e me volver ao Pai divino, a fim de desfrutar minha herança verdadeira como a imagem e semelhança de Deus. À medida que o praticista continuava a orar por mim, comecei a me sentir mais calmo a respeito da situação.
Conhecer melhor a Deus vem em primeiro lugar
A despeito das minhas dúvidas iniciais, seu tratamento fez efeito imediatamente. Dentro de alguns dias, um executivo de uma das maiores empresas do país, o qual nunca havia feito negócios com nossa firma antes, entrou em contato com meu empregador, por indicação de um colega. Dentro de dois dias, eu estava em um avião para uma entrevista com esse executivo, a fim de começar nosso primeiro projeto.
Ao invés de uma taxa de pagamento baseada no contingenciamento das despesas, o cliente preferiu assegurar nossos serviços na base do relacionamento, o que significava que eu seria pago a intervalos regulares, começando com um pagamento antecipado. O rendimento começou a fluir imediatamente e a quantia representava um aumento significativo, comparado com minha remuneração anterior.
Quitamos nosso aluguel e começamos a pagar as prestações vencidas dos cartões de crédito. As necessidades do novo cliente me proporcionaram mais do que o suficiente em projetos para me manter ocupado em tempo integral durante os dois anos seguintes.
Desde aquela ocasião, aprendi que orar para aprofundar minha compreensão da natureza de Deus é o que me ajuda a descobrir meu próprio senso de plenitude como Seu reflexo. Conhecer melhor a Deus vem em primeiro lugar. Isso abre a porta para a saída de qualquer situação desafiadora e traz as ricas bênçãos de Seu terno cuidado à nossa vida.
Amo a maneira como uma versão moderna da Bíblia coloca a promessa do Sermão do Monte, citada anteriormente: "Buscai o reino de Deus acima de tudo o mais e vivei de maneira justa, e ele vos dará tudo o de que necessitais" (Mateus 6:33, na versão "New Living Translation").
