Moro em Porto Alegre, uma cidade grande e bastante movimentada, e como em toda metrópole, os cidadãos lidam com problemas de violência urbana. Por isso, sempre que saio de casa ou tomo um ônibus, procuro orar e cantar mentalmente hinos da Ciência Cristã, como uma forma de ocupar meu pensamento com coisas boas e não com as estatísticas alarmantes que a mídia veicula a respeito da violência na cidade.
Certo dia, enquanto aguardava pelo ônibus no ponto final, ao tirar a carteira de dentro da bolsa para separar o dinheiro da passagem, senti medo. O local me pareceu deserto demais e me veio a ideia de que ali era um local propício a assaltos. Naquele momento, um garoto que aparentava ter doze anos, aproximou-se de mim e puxou das minhas mãos a carteira. Dentro dela só havia o dinheiro da passagem e meus documentos.
Meu primeiro pensamento não foi de raiva, mas sim de oração, reconhecendo que o menino era um filho de Deus e que portanto não poderia fazer nada para me prejudicar. Afirmei verdades absolutas a respeito de meu ser espiritual e também reconheci que nada se perde no reino de Deus. Pensei que, provavelmente, ele jogaria fora os documentos, que não seriam úteis para ele. Orei para saber que meus documentos estavam protegidos.
Após esse pensamento, resolvi dar uma volta pelo mercado público a fim de verificar se o garoto havia deixado a carteira em algum lugar, mas não a encontrei. Procurei manter a calma e me dirigi até o ônibus, que já se encontrava no ponto. Relatei ao cobrador o ocorrido, e perguntei se ele se importaria de me dar uma carona, pois eu não tinha dinheiro algum para pagar a passagem. O cobrador foi muito gentil e permitiu que eu fizesse o percurso nessas condições.
Passados alguns dias, decidi que deveria fazer um boletim de ocorrência policial para dar baixa nos documentos, o que, entre uma coisa e outra acabei não fazendo naquele momento. No dia seguinte, uma senhora que havia encontrado a minha carteira deixou um recado na minha secretaria eletrônica. A carteira foi encontrada em um bairro bem distante de onde ocorrera o furto.
Fui buscar a carteira e, para minha alegria, toda a documentação estava intacta. Apenas o pequeno valor em dinheiro havia sido retirado, enquanto as fotos da minha família e os bilhetes escritos por meu marido estavam intactos.
Agradeci a Deus por ter recuperado todos os meus documentos. Essa experiência me deixou muito claro o fato de que o medo alojado no pensamento propicia as circunstâncias que se temem. Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy advertiu: "Tens de dominar os maus pensamentos logo que surjam, do contrário serão eles que, em seguida, te dominarão" (p. 234). Esse alerta é aplicável a todo tipo de situação, crenças em doenças, problemas de relacionamentos, violência e acidentes, pois tudo acontece em primeiro lugar no pensamento.
Com essa experiência, reforcei meu entendimento sobre a importância de se estar atenta aos pensamentos para encontrar proteção segura.
