Há algo bastante promissor a respeito de um novo ano escolar, realmente transbordante de boas expectativas, à medida que o material escolar vai sendo preparado, as lancheiras providenciadas e as salas de aula preparadas. A finalidade da escola é a de ampliar horizontes, eliminar limitações e remover rótulos. A própria palavra escola indica infinitas fronteiras espirituais a serem descobertas e apoiadas eficazmente pela oração.
Infelizmente, como muitas vezes a mídia relata, as escolas podem também se constituir em arenas de discriminação e intimidação nocivas. O suicídio de um garoto do ensino médio, no estado de Illinois, nos Estados Unidos, porque se sentia rejeitado, intimidado e insultado, é um alerta dramático para a necessidade da oração de longo alcance a fim de curar o ânimo dos indivíduos e da sociedade como um todo.
A oração todo-abrangente em prol das instituições de ensino, dos alunos e professores que as frequentam, é vital. A oração eficaz remove os rótulos de deficiências no aprendizado, déficit de atenção, estratificações sociais, professores estressados, e tudo o mais que possa prejudicar, limitar ou impedir o crescimento e a harmonia naturais de cada aluno e instituição. Tal oração revela a verdadeira identidade como individualidade espiritual, infinita e repleta de alegria.
A Biblia apresenta a ideia do reflexo como o fundamento da criação
Para mim, essa identificação espiritual proporciona um vigor real à oração, devido à sua relação com a lei do reflexo. Uma vez que estamos todos familiarizados com espelhos, é fácil estabelecermos uma relação com a ideia de reflexo; além disso, acho essa definição do dicionário muito útil: "Refletir ou apresentar como uma imagem, semelhança, ou delineamento; espelho: as nuvens se refletiram na água".
Aqui está a maneira como ponderei a respeito da ideia de reflexo: tenho muitas sardas e, cada vez que me olho no espelho, lá estão elas. Jamais me ocorre verificar se alguma delas está faltando e nunca tive a tentação de procurar apagar do espelho qualquer uma delas.
Ao me afastar do espelho, a imagem permanece comigo. Se eu passo em frente a uma vitrina, o reflexo do meu rosto aparece com todas as sardas no lugar. Se as sardas parecem menos distintas, ou, se parece haver mais sardas, não me ocorre ficar preocupada com isso, porque deduzo que a vitrina aparentemente não está tão limpa. A imagem distorcida é o resultado da superfície refletora (espelho ou vidro), e não da pessoa, ou da identidade, que está sendo refletida.
A Bíblia apresenta a ideia do reflexo como o fundamento da criação, em seu capítulo inicial: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem [reflexo] de Deus o criou; homem e mulher os criou" (ver Gênesis 1:27). Esse registro, apesar de breve e simples, inclui toda criança, homem e mulher. Ele é fiel ao princípio de que "o semelhante produz o semelhante", pois o Deus único e infinitamente bom cria Suas próprias manifestações infinitamente boas, unicamente à Sua imagem.
A individualidade (dos alunos, por exemplo) pode ser interpretada de forma correta, somente a partir do ponto de vista de Deus
A Ciência Cristã, descoberta por Mary Baker Eddy, está alicerçada nesta mesma premissa: a de que toda a criação é o reflexo espiritual puro e perfeito de Deus, que é totalmente bom. Ela sabia muito bem que os sentidos físicos reivindicam para si uma existência material, finita e limitada. Mas ela teve a coragem de questionar a solidez desses sentidos. Compreendeu que os sentidos eram uma lente incorreta que impunha falsos rótulos sobre a natureza da criação de Deus, sobre Seus filhos amados, assim como o painel de vidro de uma vitrina distorce a imagem.
Mary Baker Eddy chegou à conclusão de que a individualidade (dos alunos, por exemplo) poderia ser interpretada de forma correta somente a partir do ponto de vista de Deus, o verdadeiro Princípio do universo. Em Ciência e Saúde, ela escreveu: "A identidade é o reflexo do Espírito, o reflexo em variadíssimas formas do Princípio vivente, o Amor. A Alma é a substância, a Vida e a inteligência do homem, a qual é individualizada, mas não na matéria. A Alma jamais pode refletir algo que seja inferior ao Espírito" (p. 477). Apenas pensemos nisso: os filhos expressando suas individualidades de "variadíssimas" formas, mas sempre provenientes do Amor divino.
Mary Baker Eddy concluiu que a expressão de Deus não poderia manifestar nada dessemelhante de Deus e que necessariamente deveria expressar tudo o que Deus é. Ciência e Saúde, reiterando o Gênesis, declara o seguinte sobre o "homem": "As Escrituras nos informam que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus. A matéria não é essa semelhança. A semelhança do Espírito não pode ser tão dessemelhante do Espírito". Ela continua a definição dizendo que o homem é: "...aquilo que não tem mente separada de Deus; aquilo que não tem uma só qualidade que não derive da Divindade; aquilo que não possui vida, inteligência, nem poder criador próprios, mas reflete espiritualmente tudo o que pertence a seu Criador" (p. 475).
Deus não conhece infelicidade, deficiência, ou marginalização
Certa vez Mary Baker Eddy perguntou para sua aluna Annie Knott: "Se, ao postar-se diante de um espelho, houvesse em seu vestido um furo ou um enfeite, ele haveria de aparecer em seu reflexo, não é mesmo? Não seria possível retirá-lo do reflexo, enquanto estivesse no original, não é mesmo?" E continuou: "Ora, se Deus estivesse consciente da doença, do pecado e da morte, nós não poderíamos esperar eliminá-los, pois a consciência divina não muda, e não poderíamos remover do reflexo aquilo que está no original" (Reminiscências de pessoas que conheceram Mary Baker Eddy, The Christian Science Publishing Society, 1979, p. 53).
O que mais me agrada nesse relato é que ele transfere a analogia do reflexo do espelho ou do vidro da vitrina, para a consciência, ou seja, para a importância de se compreender que, uma vez que Deus não conhece infelicidade, deficiência ou marginalização, tampouco pode o reflexo de Deus conhecê-las. Os pensamentos da Mente divina e o reflexo direto sobre suas ideias não deixam nenhuma possibilidade de que haja uma percepção distorcida, rótulos falsos ou negativos, uma vez que não existe nada para refleti-los ou espelhá-los de volta. Tudo o que existe é o efeito imediato da consciência que a Mente tem de si mesma.
Vivenciei o efeito sanador desse princípio. Uma de nossas filhas teve dificuldades durante a maior parte de sua vida escolar, no ensino fundamental e no secundário. Ela não lia com facilidade e, uma vez que a mairo parte das matérias envolvia leitura, todas as atividades escolares representavam uma luta. Devido ao fato de sua autoconfiança estar tão baixa, algumas vezes ela me procurava em lágrimas, pois as outras crianças perguntavam: "Por que você precisa ter aulas particulares com o professor especializado em leitura"? ou: "Por que você está no grupo mais atrasado"?
Ponderei atentamente os sete sinônimos de Deus
Eu e toda a família apoiávamos seu progresso de todas as formas que podíamos, inclusive trabalhando com ela em suas leituras, nas lições de casa e lhe proporcionando aulas particulares de leitura na escola e fora dela. Mesmo com a confiança que eu tinha em minhas orações, não era fácil ficar despreocupada. Havia muitas reportagens na mídia sobre crianças que apresentavam transtornos de "déficit de atenção", outras dificuldades de aprendizagem, e problemas decorentes desses rótulos. Entretanto, ao longo de todos aqueles anos, eu continuava a orar.
O fundamento das minhas orações era o de conhecer melhor a Deus. De acordo com Ciência e Saúde: "Nada mais sabemos do homem, como verdadeira imagem e semelhança divina, do que sabemos de Deus" (p. 258). Portanto, raciocinei que uma compreensão mais clara da natureza ilimitada de Deus, o bem, iria me permitir reconhecer a identidade espiritual ilimitada da minha filha e removeria o rótulo de "deficiente em leitura" e "baixa autoestima".
Estudei a natureza divina, ponderando atentamente os sete sinônimos para Deus incluídos em Ciéncia e Saúde (ver p. 465). Não era um exercício intelectual, era mais como ouvir a Deus declarando as qualidades do Seu ser para mim, tais como: as qualidades espirituais da Alma, da Mente infinita, do Amor e da Verdade. Esse anseio por ouvir, em profundo espírito de oração, levou-me a sentir uma identificação mais íntima com o fato de que o saber de Deus é o meu saber, como reflexo da consciência divina.
Certo dia, veio-me uma inspiração de forma singular: Pensei nos elementos envolvidos na construção de uma frase, particularmente no sujeito (a pessoa, lugar, coisa ou ideia que esteja fazendo ou sendo algo, aquele que pratica a ação expressa pelo verbo). De repente, ocorreume que, uma vez que cada um de nós é em realidade a expressão ou a imagem do ser de Deus, então Deus é o sujeito na sentença da nossa existência, e então nós (incluindo minha filha) naturalmente expressamos a Deus em qualidades espirituais. Aquilo que evidencia a Deus precisa ser semelhante a Ele.
Ano após ano, minha filha começou a acompanhar sua turma
Sair de cena como sujeito da existência e ceder ao fato de que Deus é o sujeito, permite-nos atuar de acordo com o propósito para o qual fomos criados, para glorificar a Deus. Isso também nos permite ver a Deus como a fonte, o sujeito e o único "Agente" (aquele que pratica a ação), na vida de cada criança, em cada sala de aula, em cada escola. Jesus refletia a presença sanadora de Deus porque sabia que era o efeito de Deus; ele disse: "Eu nada posso fazer de mim mesmo" (João 5:30). Logo, cada criança é o efeito do mesmo Deus sanador.
À medida que eu diligentemente orava com esses conceitos, sinais encorajadores apareciam. Ano após ano, minha filha começou a acompanhar sua turma. Suas notas foram melhorando cada vez mais. Ela passou a desfrutar de amizades sinceras, amorosas e que a apoiavam, e adquiriu mais confiança em suas habilidades.
Tive também minha própria vitória. Certo dia, de forma muito suave, como o ponteiro em uma balança se inclina para o lado que tem mais peso, minhas orações também mudaram e, de repente, a tendência que eu tinha de olhar a situação humana para medir seu progresso, simplesmente desapareceu.
A promessa divina da eterna presença da perfeição espiritual, a imagem do espelho, por assim dizer, tornou-se para mim a evidência absoluta de que o progresso é inevitável, como acabou se comprovando.
Neste verão, vi minha filha ler um livro após o outro de capa a capa
Minha filha acabou de concluir seu segundo ano na faculdade e está transbordante de entusiasmo com o que está aprendendo. Ela me liga com frequência para dizer: "Mamãe, eu simplesmente amo o que estou aprendendo"! Ela tem passado de ano com boas notas e, ao mesmo tempo, está gostando de estudar. Justamente neste verão, vi minha filha ler um livro após o outro de capa a capa. Entretanto, a coisa mais gloriosa para mim é que isso parece natural. O que mais poderia vivenciar a imagem de Deus, Seu reflexo?
Embora talvez seja preciso grande coragem e prática constante para desafiar mentalmente os resultados das pesquisas públicas, dos rótulos médicos e das reportagens na mídia sobre inteligência limitada e transtornos de aprendizagem, há grande esperança na aceitação do fato de que Deus não conhece tais limitações para ninguém.
Não há nenhuma dúvida, quer tenhamos ou não filhos na escola, a respeito da necessidade de acalentar, em oração, o direito de cada aluno e de cada escola de estar em segurança, com muito crescimento, progresso e alegria. Ao fazermos isso, estaremos contribuindo para o belo resultado de quebrar barreiras, superar limitações e remover os rótulos de forma rápida, tornando natural a expectativa de progresso.
"Nada mais sabemos do homem, como verdadeira imagem e semelhança divina, do que sabemos de Deus".
Ciência e Saúde afirma que cada pessoa é: "... a expressão do ser de Deus" (p. 470). Esse fato nos convida a descobrir a fronteira espiritual infinita e a reivindicar em nossas próprias orações que cada criança, professor e escola está isento desses falsos rótulos.
