Todos têm o direito de viver livres de intimidação, assédio, agressão, injúria e doença. Merecemos nos sentir protegidos e a salvo. Quer uma ameaça nos seja dirigida com o objectivo de nos ferir, quer tenhamos sido prejudicados de forma não intencional ou ignorante, podemos encontrar segurança e liberdade genuínas contra o mal por meio da confiança em Deus.
Deus não é um ser humano que em um momento nos defende e no momento seguinte sai correndo para resolver outro problema, deixando-nos vulneráveis. Deus é infinito e é o Amor sempre presente. Esse Amor divino é universal e opera continuamente como uma lei de segurança e proteção. Sob essa lei, todos estão protegidos. Exatamente como a matemática opera com um princípio fixo, cada pessoa pode reivindicar proteçāo sob a lei espiritual do Amor.
Reconhecer a supremacia do Amor divino sobre a terra e sua praticidade é o primeiro passo para a verdadeira segurança. Podemos começar por reconhecer que Deus está nos amando neste exato momento. Deus nos conhece, ama, guarda e cuida de nós. Ele é nosso único Criador, nosso Pai-Māe celestial e não nos abandonará. Por isso, nunca estamos sós. O Amor está sempre conosco e podemos invocar a ajuda do Amor divino a cada momento. Mesmo que pensemos ter-nos envolvido em uma situação de perigo, nesse exato momento podemos nos volver a Deus e reivindicar nosso eterno relacionamento como filha ou filho do Amor. Nesse instante, podemos reconhecer a Deus como supremo. Isso abre as portas da oração, despertando-nos para a nossa conexão permanente com Deus, pela qual a lei do Amor opera para prover segurança. Além disso, mesmo que não reconheçamos a Deus como supremo em nossa vida, o poder divino ainda opera sem ser visto ou mesmo sem ser compreendido.
Podemos provar esse poder divino ao nos volver a Deus em um momento de necessidade, em vez de confiarmos meramente em recursos humanos. Há alguns anos, fui salva de um estupro ao confiar nessa lei do Amor divino para me manter a salvo.
Um conhecido foi até meu apartamento para bater um papo. Na hora de ir embora, ele repentinamente trancou e bloqueou a porta, agarrando-me violentamente. Ele era um ex-jogador de futebol americano e eu fiquei instantaneamente presa e fisicamente incapaz de reagir. Naquele momento, volvi meu pensamento completamente a Deus em oração.
Descobrira que volver o pensamento a Deus é como fazer um giro mental de 180 graus. Podemos esperar por uma orientação espiritual sem precisar olhar para trás para examinar os detalhes da situação. Embora ainda enfrentasse fisicamente um forte agressor, afastei-me dele mentalmente e voltei-me para Deus, o Amor divino. Eu me desliguei do que aquele homem dizia e fazia. Não estava ignorando o perigo, mas buscava um poder além do meu próprio para neutralizar e destruir o mal.
Foi natural que eu orasse por ajuda porque havia recebido de Deus orientação, proteçāo e cura desde a infância. Quando tinha dez anos, volver-me a Deus com muita sinceridade e obediência me salvou de um sequestro em um cinema. Também, no final dos anos 60, minha mãe e eu havíamos orado por proteçāo, ao sair do centro da cidade de Dayton, no estado de Ohio, onde estourara um violento conflito racial que passou de roldão ao nosso redor. Também fora curada dos efeitos de uma picada de abelha, de catapora e de outras doenças da infância, ao recorrer a Deus, o Amor divino sempre presente. Não precisava me convencer de que Deus existia; como também não duvidava de que Deus me amava, porque sentia Sua presença. A frase bíblica "Deus é amor" tinha sido adequadamente comprovada na atuaçāo do cuidado divino ao longo de toda minha vida (ver 1 João 4:8). Portanto, eu já estava convencida de que o Amor estava presente e era muito mais poderoso do que a força de um jogador de futebol.
Imediatamente elevei meu pensamento na certeza da ajuda instantânea do supremo poder que já estava ali presente e que recebi de forma imediata. Veio-me à mente uma ideia inspirada. Foi um atributo bíblico para Deus, o qual estivera estudando e me esforçando para compreender melhor: Tudo-em-tudo.
O Apóstolo Paulo usou esse termo na Bíblia (ver 1 Coríntios 15:28). Também, Mary Baker Eddy, uma notável sanadora, teólogo do Século XIX e Fundadora desta revista, o reiterou como um nome para Deus em Ciência e Saúde. Ela escreveu isto, ao descrever Deus e a criação: "Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo" (p. 468).
Ao estudar as referências de Paulo e tudo o que Mary Baker Eddy escreveu sobre esse termo para Deus, Tudo-em-tudo, passei a compreendê-lo como sendo uma descrição inspirada de Deus como Amor todo-abrangente. O Todo-Deus, Amor infinito, inclui e abrange a totalidade da criação, inclusive homens e mulheres.
Quando a frase "Deus é Tudo-em-tudo" me veio ao pensamento, a revelação e o discernimento espiritual obtidos com a minha pesquisa vieram junto. Senti que Deus estava comigo e sabia que estava a salvo nos braços do Amor. Nesse exato momento, percebi que esse Amor divino também estava presente com aquele homem, envolvendo-o e mantendo-o a salvo de causar qualquer dano. Essa simples revelaçāo e convicção constituíram minha oração.
A segurança nāo está reservada apenas para aqueles que se consideram espiritualizados. A segurança, como lei do Amor divino, está disponível a todos, de forma absoluta. Para aqueles que talvez não tenham vivenciado o amor e o poder sanador de Deus, ainda é possível seguir estes três marcos para se obter segurança:
1) Reconhecer a supremacia de Deus, o Amor, sobre a terra.
2) Volver-se a Deus.
3) Compreender algo sobre Deus e nossa relação com Ele.
Eu não estivera rogando a Deus para me libertar, mas estava recebendo uma mensagem inspirada que mudou minha visão sobre a situação e que, consequentemente, mudou o pensamento daquele homem também. Alguns minutos após ter começado aquela agressão, ele saiu rapidamente sem me fazer mal. Não tive nenhum medo de que ele voltasse. Nunca mais o vi. Entretanto, soube mais tarde que ele havia sido demitido naquele dia e que havia usado drogas e álcool antes de ir ao meu apartamento. Compreendi que Deus não apenas havia me protegido, mas também salvara aquele homem de fazer algo pelo qual mais tarde se arrependeria.
Jesus ensinou seus seguidores como orar, e essa abordagem pode ser aplicada em momentos de perigo. Em seu Sermão do Monte (ver Mateus 6), ele nos instruiu a entrar no quarto da oração, ou seja, no nosso pensamento interior silencioso. Ali fechamos a porta, silenciamos a informação que vem dos cinco sentidos, e ouvimos a inspiração que vem da percepção espiritual. Isso não é tanto um exercício intelectual quanto uma disciplina espiritual. Treinar nossos pensamentos mais íntimos a buscar o senso espiritual, ao invés de lutar contra a torrente de informações oriundas do cenário humano, pode exigir prática, mas o resultado nos capacita a reconhecer e utilizar a lei do Amor para proteçāo e cura.
A lei espiritual do Amor não apenas protege e salva do ataque do mal, como também pode prevenir problemas. Ela nos resgata de situações terríveis e pode agir como um sistema de alerta antecipado. Ironicamente, tais experiências se tornam um tipo de não-evento. Uma vez que nada de mal acontece, existem pouquíssimas evidências para se confirmar a "não-ocorrência" do mal. Entretanto, a pessoa que está orando, utilizando conscientemente a lei do Amor, pode perceber o efeito preventivo.
Durante a Guerra do Vietnā, uma multidão enfurecida de estudantes universitários passou de repente por mim enquanto eu caminhava pela rua. Eles pretendiam ocupar a rua principal da comunidade. Em um ataque anterior, vitrinas haviam sido quebradas e lojas depredadas. Assim que aquela multidão enfurecida passou de roldão por mim, retornei ao meu dormitório para orar.
Enquanto orava por paz e segurança, ponderei sobre a palavra original em hebraico para paz: shalom. Essa palavra é rica no seu significado espiritual. A definição inclui: "paz, integridade, inteireza, segurança, bem-estar, saúde". Ao invés de esperar que algo ruim acontecesse lá fora, comecei a reconhecer que cada pessoa envolvida na manifestação já estava intacta e a salvo no Amor divino que estava presente ali, e que a lei de segurança já estava governando os manifestantes, a polícia e os edifícios. Orei até sentir uma convicção firme de que todos eram filhos de Deus, protegidos da frustração e capacitados a fazer somente o bem.
Mais tarde descobri que a manifestação fora dissolvida pacificamente. Nenhum dos estudantes sofreu dano ou foi preso, como também nenhuma propriedade foi depredada. Tenho certeza de que eu não fui a única pessoa a orar naquela tarde para que a paz fosse preservada. Contudo, pelo fato de estar orando, pude conscientizar-me de quão poderoso o Amor divino pode ser na prevenção da violência.
Nunca é tarde demais para orar. Nunca é tarde demais para reconhecer a Deus como supremo e capaz de trazer cura e segurança à nossa vida e à vida de nossos entes queridos. Nunca é tarde demais para pôr fim ao sofrimento. Podemos tomar uma atitude mental neste exato momento para neutralizar os efeitos do mal fortuito ou de acidentes inesperados. De fato, não é justo para nós mesmos ou para outros permitir que os maus pensamentos continuem a supurar, envenenando nosso pensamento e nossa vida. Precisamos neutralizar essa influência com a Verdade e o Amor divinos.
Descobri que a maneira de fazer isso é por meio do Cristo. O Cristo é a expressão do Amor divino. É a mensagem que vem de Deus para curar e salvar a humanidade. O Cristo não é tanto a pessoa quanto a natureza divina expressa e incorporada pelo Jesus pessoal. Embora Jesus tenha ascendido, o Cristo está ainda presente para renovar, restaurar e salvar. Seja o que for que tenha acontecido em nossa vida, podemos ser salvos do sofrimento e nos permitir sentir o consolo e o cuidado de Deus.
Abandonar o passado é também essencial a fim de avançarmos para o presente. Isso não significa ignorar um problema, mas sim nos permitir pensar de forma diferente. A disposição de parar de relembrar um acontecimento ajudará a sermos receptivos à solução.
Um clérigo, que conheci há alguns anos, sentia-se sobrecarregado por todos os desafios que estava enfrentando. Ele estava passando por uma crise de fé e achava que Deus o havia abandonado. Certo dia, enquanto conversávamos sobre isso, eu lhe disse: "Mas você realmente ouviu a voz de Deus falando com você e Ele o salvou". Disse isso não porque eu soubesse de alguma coisa sobre suas experiências do passado, mas devido à minha profunda convicção da ação do Amor divino. Ele ficou em silêncio. Então, contou-me algo que lhe havia acontecido quando era soldado, lutando no Vietnã. Ele foi acordado certa noite por um pensamento que lhe dizia para sair do beliche e se afastar do dormitório do quartel. Saiu, pensando que fosse um comandante que lhe dera a ordem e um foguete caiu exatamente onde ele estivera dormindo. Ele foi salvo e saiu ileso, e ninguém no quartel perdeu a vida.
Relatar para mim sua própria experiência do amor protetor de Deus mudou sua maneira de pensar e fez com que a chama da renovação espiritual se acendesse onde o desânimo parecia mais forte. O Cristo, a atividade do bem, começou a regenerar sua fé. Ele encontrou emprego e conseguiu deixar para trás velhas mágoas e perceber a evidência da lei do Amor e da segurança agindo em sua vida.
Nos quinze anos que se passaram desde aquela época, não vi mais esse homem, mas seu exemplo ainda me inspira. Isso me lembra que não importa o que tenha ocorrido na vida das pessoas, cada uma delas já ouviu o Cristo, já foi salva pelo Amor. À medida que o Cristo desperta cada um de nós para reconhecer a supremacia do Amor divino e compreender algo da atividade de Deus em sua vida, a cura, o progresso e uma maior segurança são o resultado.
Deus está presente conosco neste momento. A lei do Amor está governando, guardando e guiando cada um de nós. Deus está sempre nos mantendo a salvo e podemos sentir a presença do Amor divino em nossa vida.