Sou professora universitária e desde criança gosto muito de estudar e exercitar o que aprendo. Sinto, contudo, que a escola mais importante que já frequentei foi a Escola Dominical da Ciência Cristã. Nela, os professores me ensinaram que todo ensino deve ser praticado, senão, como se diz, "a letra é morta."
Os professores da Escola Dominical não ensinam com base nas suas formações técnicas, mas de acordo com a inspiração espiritual. Transmitem aos alunos a forma correta de agir perante a sociedade. Ao longo do tempo, observei os diferentes professores que tive nessa escola. Assim, concluí que mais do que conceitos, eles transmitem o que vivenciam no cotidiano. Convivendo com eles, descobri que suas experiências retratam suas palavras, e me espelho nesse método de ensino para o trabalho com meus alunos da faculdade.
No livro "A alegria de ensinar" o autor, Rubem Alves, afirma que as disciplinas que lecionamos devem ser taças cheias de alegria, e que o ensino deve ser um deleite para a alma. O professor, então, passa a ser o "pastor da alegria".
O livro mais importante para a educação dos cristãos, a Bíblia, cita Deus como o Pastor. Quando leio o início do primeiro versículo deste Salmo: "O Senhor é meu pastor...", mentalmente eu o completo: por isso, "nada me faltará" (Salmos 23:1). Inspiro-me nessa passagem em busca de ideias renovadas para as minhas aulas, reconhecendo que todas as qualidades necessárias para um professor no trato com seus alunos, tais como o conhecimento, a paciência, a espontaneidade, a agilidade mental e a alegria, são inerentes tanto ao professor como ao aluno.
Penso em Deus, a Mente, como professor, que a cada dia me ensina novas lições. Para ser boa aluna, devo praticar o que aprendi, pois assim estarei apta a receber mais conhecimento.
Há alguns anos, considerei que já havia adquirido um bom conteúdo acadêmico e profissional e percebi que podia externá-lo. Tinha o desejo de fazer algo para que esse aprendizado fosse útil e agregasse valor para as pessoas. Embora feliz como uma constante aprendiz, senti um impulso para fazer mais.
Enquanto orava, expressei esse desejo a Deus e busquei ouvir Sua orientação na redefinição de minha vida. A resposta foi muito rápida. Um ex-colega, que eu não via há anos, convidou-me para um encontro. Sendo ele professor, comentou sobre a possibilidade de eu iniciar nessa carreira. Dois dias depois, ele me chamou para fazer um teste. Fazia três anos que não se abriam vagas para professores naquela universidade, mas, exatamente naquele dia, elas foram abertas. Fui aprovada no teste e me tornei professora universitária.
Lembro-me de que me apoiei nesta passagem que Mary Baker Eddy escreveu no capítulo "A Oração" de seu livro Ciência e Saúde: "Pensamentos não proferidos não são desconhecidos para a Mente divina. O desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações" (p. 1). Para mim, essa experiência foi uma resposta à minha oração sincera e ao desejo de contribuir com a sociedade, expressando as qualidades divinas para abençoar um maior número de pessoas.
Em um dos livros que estudei, "Didática do Ensino Superior", o autor, Antonio Carlos Gil, lista 27 ítens que caracterizam o papel do professor, nos quais identifiquei qualidades e conceitos que eu já havia aprendido na Escola Dominical. Percebo o quão importante é o ensino espiritual na vida das pessoas e reconheço a importância da igreja da Ciência Cristã, pois oferece essa oportunidade à comunidade.
Chamou-me a atenção que alguns desses papéis remetem ao professor e ao aluno. Meu aprendizado para a vida e a formação de meu caráter vêm sendo modelados por dois professores de extrema sabedoria: Jesus Cristo e Mary Baker Eddy.
Jesus é um modelo de professor sem igual. Sua época não dispunha de infraestrutura educacional, suas salas de aula eram os montes, os templos, as estradas, as casas dos discípulos. Sem a tecnologia atual, sua didática constituía o conhecimento amplo dos livros sagrados, sua espiritualidade ímpar e seu interesse genuíno pelos "alunos". Não aplicava provas para medir o aprendizado deles, mas ciente de sua capacidade de aprender, dizia: "...seja feito conforme a tua fé" (Mateus 8:13). Comparo essa máxima com o meu trabalho; partilho o conhecimento acadêmico, e o aluno o emprega de acordo com sua receptividade e disposição.
Mary Baker Eddy é fonte de inspiração para mim, pela grande professora que foi e continua sendo por meio de seus livros. Para ensinar o método de cura que havia descoberto, fundou a Faculdade de Metafísica e estabeleceu sua Igreja em métodos de aprendizado espiritual: a Escola Dominical, o Curso Primário de Ciência Cristã e o Curso Normal. Criou um método de ensino individual valioso: o estudo da Lição Sermão, lida diretamente do Pastor dual e imparcial da Ciência Cristã, a Bíblia e o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. Também aprendo com as publicações da Sociedade Editora da Ciência Cristã, em especial com O Arauto.
Sempre oro para reconhecer que meus alunos possuem toda a capacidade, boa vontade e disposição mental para o aprendizado. Ajuda-me muito o hino 15 do Hinário da Ciência Cristã, o qual diz:
"Assim, o Mestre amado
O homem contemplou,
Na perfeição que Deus legou
A todo filho Seu."
Declaro que os estudantes são perfeitos e capazes, não apáticos ou mal-educados, mas filhos de Deus, possuidores de domínio, alegria, vivacidade e inteligência.
Também aprecio muito esta passagem de Ciência e Saúde: "Deus dotou o homem com direitos inalienáveis, entre os quais estão o governo de si mesmo, a razão e a consciência. O homem só é propriamente governado por si mesmo quando bem guiado e governado por seu Criador, a Verdade e o Amor divinos" (p. 106).
Assim, não receio mencionar Deus em sala de aula, pois é nEle que encontro energia para a profissão; digo que devemos ser gratos por Suas bênçãos. Incito-os a substituir modelos mentais ruins, tais como pensamentos de medo, desânimo e preguiça, por ideias novas que trazem disposição, alegria e determinação.
Ao final da aula, quando verbalizo meu pensamento e digo "fiquem com Deus", sei que desperto neles a consciência da proteção, pois reconhecem a presença divina em sua vida.
Sempre que oro o "Pai-nosso", percebo que somos irmãos, e sei que somos todos ensinados por Deus.
Na Bíblia, o Apóstolo Paulo, em carta aos Coríntios, escreveu: "Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não por tristeza ou necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria" (2 Coríntios 9:7). Assim, ministro minhas aulas com alegria, e é com regozijo que agradeço a Deus pela Escola Dominical que frequentei, pelos mestres que me ensinaram a ser o que hoje sou, ao meu professor de Ciência Cristã, a Mary Baker Eddy pela instituição de métodos de ensino espiritual, pelo exemplo de Cristo Jesus, o Mestre dos mestres, e por Deus o verdadeiro professor de cada homem, mulher e criança, transformadores do mundo, receptivos ao bem e capazes de amar.
 
    
