Lembro-me que minhas notas eram boas, o relacionamento com a maioria dos professores muito bom, mas sempre falei demais em sala de aula, o que atrapalhava os professores. Por isso, sempre me considerei um bom aluno, mas não um aluno exemplar.
Com o passar do tempo, melhorei meu comportamento em sala de aula, esforçando-me para colaborar e aprender, pois entendi que toda informação é útil, por mais inútil que a julguemos em um determinado momento. Todo texto sempre faz parte de um contexto.
Lembro-me de que, logo após ingressar em uma Faculdade Pública de Direito, estava na Biblioteca estudando para a prova de uma matéria bem complexa, quando senti um medo enorme de não me sair bem, por ter tido um desempenho muito abaixo do esperado na primeira avaliação. Não conseguia estudar. Por mais que lia, parecia que a matéria não entrava na minha cabeça. As palavras se embaralhavam na minha frente e comecei a ficar cada vez mais nervoso.
Então, liguei para minha mãe e ela me disse, como sempre fez com meus irmãos e comigo, que eu sou um filho muito amado de Deus, e que, por ser Sua imagem e semelhança, eu já sabia tudo, por refletir a sabedoria da Mente divina e por ter sido um aluno aplicado naquela matéria. Quando me veio novamente o medo, em seguida ouvi um anjo, que Mary Baker Eddy definiu como "pensamentos de Deus que vêm ao homem" (ver Ciência e Saúde, p. 581): "... Acalma-te, emudece!" (Marcos 4:39). Veio-me tão forte como a ordem que Jesus deu ao repreender a tempestade no mar.
Parei de estudar naquele momento e fui para um parque em busca de inspiração. Depois de orar e me sentir em paz, voltei e fiz a prova. Ao serem distribuídas as notas, vi que obtivera uma das melhores médias da classe naquela matéria. Essa experiência me trouxe um aprendizado enorme, confiança e uma nova visão de disciplina nos estudos.
Por que comecei este artigo dessa forma se a intenção é compartilhar minha experiência como professor? A resposta é pela simples razão de não me ver como professor sem antes me ver como aluno.
Antes de lecionar no ensino superior, fui professor da Escola Dominical na igreja filial da Ciência Cristã que frequento. Foi uma experiência maravilhosa e muito enriquecedora, pois ocorreu naturalmente, logo após ter deixado a Escola Dominical como aluno, ao completar 20 anos.
Foi dando aula para os jovens da Escola Dominical que percebi o quanto gostava de dar aulas, e como me fazia bem! Essas aulas me traziam crescimento e conhecimento, aliás, quando lecionamos na Escola Dominical ou em outros lugares, aprendemos muito mais do que ensinamos.
Após ter concluído a faculdade e uma extensão universitária, ainda cursava meu primeiro curso de pós-graduação quando fui aceito como professor assistente na cadeira de prática tributária, na Faculdade de Direito na qual havia me formado.
No início, enfrentei uma resistência muito grande por parte de alguns alunos, pois eu era mais novo do que muitos deles. Recordo-me de que alguns alunos se preparavam para as aulas e traziam dezenas de questionamentos para testar meus conhecimentos. Embora essa prática aparentemente fosse para me desafiar, resultou em um ótimo nível de desempenho das aulas, pois os alunos estudavam a matéria com antecedência. Eu sempre ficava grato por responder às questões com respeito e precisão.
Pude comprovar esta máxima atribuída a William Shakespeare: "é mais fácil obter o que deseja com um sorriso do que à ponta da espada" e também o que Mary Baker Eddy diz no Manual dA Igreja "a resposta branda desvia o furor" (p. 41). Fui agindo dessa maneira, sempre com muita felicidade e boa vontade.
Ajudava os alunos nos problemas que surgiam e, com isso, o interesse deles aumentava. Em poucos meses, praticamente não havia ausência nas aulas. Eles também passaram a se interessar genuinamente pelo assunto, o Direito Tributário, e a participar de forma espontânea das aulas.
Os resultados foram notáveis; a turma teve sucesso no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), e não houve reprovação dos alunos que optaram por Direito Tributário na segunda fase do exame, o que me trouxe muita alegria e gratidão.
Com o passar dos anos, as aulas se tornaram cada vez mais leves, pois gosto do que faço e me dedico muito a isso, respeitando muito meus alunos e sendo humilde para reconhecer que estamos sempre crescendo.
Ninguém ensina a ninguém, todos aprendemos juntos nas aulas e saímos de lá transformados, pois o professor não é nada sem o aluno e esse não é nada sem o professor. São figuras complementares, como face e contra face da mesma moeda. Na verdade, estamos sempre aprendendo em conjunto, pois refletimos a sabedoria da Mente divina.
Sempre tive uma relação muito boa com meus alunos, dando-lhes atenção e sendo, sempre, muito exigente com relação ao esforço e à evolução de cada um, pois, para mim, não faz sentido lecionar se não houver um comprometimento mútuo do professor e do aluno no aprendizado e melhora de cada um. É uma questão simples de dedicação, conquista e amor ao próximo.
Algumas vezes, confesso, essa forma de ensinar o Direito trouxe interpretações equivocadas por parte de alguns alunos.
Enfrentei várias situações difíceis, inclusive de assédio dos alunos, tanto das garotas quanto dos rapazes, mas mantive meu pensamento elevado e conectado a Deus, pois, conforme ouvi repetidas vezes na igreja, "o pensamento dá origem ao seu ato e seu ato diz quem você é".
Sempre respeitei a todos, sabendo e afirmando que Deus se expressa em todos os lugares e momentos; cada um é o filho amado de Deus, e expressa somente virtudes em seus atos, como um raio solar que inclui todas as qualidades do sol. Manter meus "pensamentos firmes nas coisas duradouras, boas e verdadeiras" (ver Ciência e Saúde, p. 261) fez com que elas se concretizassem mais rapidamente na minha vida. Foi assim na docência também.
O amor pelo ensino fez com que eu nunca me afastasse dos bancos escolares, sempre buscando conhecimento e atualização em todos os cursos que fiz, desde o curso de graduação, até os de pós-graduação e outros de extensão.
Não há como separar o Luís Eduardo aluno do Luís Eduardo professor, pois ensinar é aprender. Sinto-me realizado em tudo o que faço, porque o faço com amor, entusiasmo e intensidade. Em minhas orações diárias, reconheço que manter essa postura mental me coloca em conexão com a Vida divina, que reflito continuamente. Por essa razão, vivo plenamente feliz.
 
    
