Enquanto eu crescia, o mundo era analógico.
Se alguém tivesse de expressar o conceito de analógico em termos filosóficos, imagino que a melhor maneira seria descrevê-lo como uma área cinzenta. Pense no branco de um lado e no preto do outro e, então, todo o espaço entre esses dois pontos seria de uma tonalidade cinzenta.
É dessa forma que muitas vezes vemos a vida e a verdade, não é? Com tons cinza. O Merriam Webster Dictionary (Dicionário Merriam Webster) define analógico como: "... dados [que] são representados por quantidades físicas continuamente variáveis". Por exemplo, se alguém tivesse de fazer um gráfico de dados, em uma aula de física ou matemática, o gráfico normalmente seria parecido com a visão lateral de uma montanha russa, com uma linha subindo e descendo em um movimento contínuo. "Analógico" significa altos e baixos e, como consequência, todos os valores compreendidos entre esses dois pontos. Os computadores mudaram tudo isso.
Quando os computadores foram desenvolvidos, inicialmente apareceu a pergunta: Será que a tecnologia elétrica subjacente será analógica ou digital? Todos nós sabemos que o digital venceu. Digital é a antítese do analógico. Expressado filosoficamente, isso quer dizer que ou é um valor definido ou não é, não há meio termo. É como um interruptor de luz: ou está ligado ou desligado. Nenhuma escala de valores, nenhuma área cinzenta. Um sistema digital é representado por dois números: um e zero. O "um" representa a presença de eletricidade, o "zero" a ausência de eletricidade. Em outras palavras, um é uma condição verdadeira, zero é uma condição falsa. Quão relevante é saber que uma falsidade seja representada por um zero!
A verdade dos ensinamentos de Cristo Jesus, e os ensinamentos da Ciência divina são também digitais. Em outras palavras, ou Deus é Tudo ou Ele é nada. Ou existe somente um Deus ou não existe nenhum deus. Deus é bom ou Ele não é. Essas declarações são verdadeiras ou não. Quando se trata da Verdade, não existe nenhuma área intermediária, nenhuma área cinzenta, nenhuma escala móvel.
Entretanto, quantas vezes procuramos por essa área cinzenta, buscando identificar nela a verdade que precisamos como alguma variação daquilo que a Bíblia ou Ciência e Saúde nos ensina?
Quando se trata da verdade, não existe nenhuma área intermediária, nenhuma área cinzenta, nenhuma escala móvel
Uma das primeiras lições ensinadas na Escola Dominical da Ciência Cristã são os Dez Mandamentos. O Primeiro Mandamento: "Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo 20:3) está profundamente desenvolvido no livro de Isaías, no qual o profeta escreve: "Eu sou o SENHOR, e não há outro; além de mim não há Deus" (Isaías 45:5). Mary Baker Eddy enfatizou este ensino em Ciência e Saúde, desta forma: "O Primeiro Mandamento é meu texto favorito. Demonstra a Ciência Cristã" (p. 340). Em outras palavras, demonstra a saúde, a santidade e a imortalidade do homem, exatamente aquilo que Cristo Jesus ensinava por meio de suas palavras e obras. O fundamento desse mandamento é a verdade da totalidade e unicidade de Deus. Não há ninguém além dEle. Essa declaração ou é verdadeira, ou não é.
O que então nos faria questionar ou duvidar da totalidade de Deus? A única maneira pela qual podemos discernir a verdade espiritual é por meio do sentido espiritual. Então, o que poderia nos fazer questionar ou duvidar dessa verdade nada mais é do que o sentido material, o exato oposto do sentido espiritual. Essa falsa mentalidade mortal está sempre reivindicando ser outro poder ou presença além de Deus. Ela sugere uma realidade de vida, substância e inteligência na matéria, a de que Deus não seja a única fonte de vida, substância e inteligência.
Mas os sentidos físicos e seu assim chamado testemunho constituem apenas aquilo que Jesus disse que eram: mentirosos e o pai dessas mentiras. A Sra. Eddy ensinou e demonstrou a falsidade do sentido material e seu testemunho, quando escreveu: "Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria". Por que isso? Na frase seguinte temos a resposta. Porque "Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo" (Ciência e Saúde, p. 468). Essas duas declarações da verdade são como a outra face da mesma moeda e andam de mãos dadas conforme demonstrado nesta declaração, no início do livro: "O 'homem de dores' foi quem melhor compreendeu a nulidade da vida e da inteligência materiais e a poderosa realidade de Deus, o bem, que inclui tudo" (p. 52).
A única maneira pela qual podemos discernir a verdade espiritual é por meio do sentido espiritual
A totalidade de Deus é a rocha sobre a qual temos e devemos construir. Essa verdade não inclui apenas o nada da vida, substância e inteligência materiais, mas também qualquer pretensão de que isso possa ser verdadeiro. Eddy revela esta verdade em Não e Sim: "A lei de Deus está em três palavras: 'Eu sou Tudo'; e essa lei perfeita está sempre presente para repreender qualquer pretensão de outra lei" (p. 30).
As Escrituras declaram que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus (ver o capítulo 1 do Gênesis). Ainda afirmam que: "Viu Deus que isso era bom", e isso é repetido sete vezes. Essa é uma declaração que nos ensina repetidas vezes que Deus é bom, consequentemente Sua criação deve ser boa, porque Ele não poderia criar algo que Ele não é, como também o bem não poderia criar o mal, ou a luz criar a escuridão. Portanto, Deus "viu", isto é, compreendeu que o homem era bom, porque Ele [Deus] é bom. A imagem ou o reflexo de algo não pode diferir nem um til do original. Por conseguinte, podemos dizer que o primeiro capítulo do Gênesis é o "um" dos nossos conceitos digitais, o verdadeiro. O segundo capítulo do Gênesis, onde o homem é declarado como sendo material, é o "zero" do nosso conceito digital, e é a declaração falsa ou inverídica sobre o homem. Essas declarações opostas acerca da criação, essas qualidades opostas, "...representam contrários, que não se acham juntos nem se assimilam" (Ciência e Saúde, p. 466).
Esse conceito digital de "uns" e "zeros", em outras palavras, o verdadeiro e o falso, ajudam-nos a ver que a Verdade simplesmente não tem áreas cinzentas, e não pode partilhar seu poder e presença com o erro, com algo que é falso ou inverídico. Esse conceito é literalmente como "a luz e as trevas, [que] não se podem misturar" (Ciência e Saúde, p. 186). Se Deus é Tudo e Ele é o bem, então o homem, Sua imagem e semelhança espiritual "não é decaído, mas reto, puro e livre..." (Ibidem, p. 171). Ele está livre do pecado, da doença e da morte, os quais são provenientes da desarmonia de todo tipo. Não existe nenhuma área intermediária.
É a Verdade digital? Sim, porque ela é sempre verdadeira!
 
    
