Poderíamos dizer que Jesus prefigurou e suplantou em desempenho as maravilhas tecnológicas de hoje.
Mesmo com a impressionante modernidade do século XXI, as capacidades tecnológicas não podem competir com o registro que Jesus deixou de acessos instantâneos ao conhecimento necessário, da interatividade a distância, e de uma incessante e criativa fonte de resoluções de problemas. Respectivamente, por exemplo, discerniu a história pessoal de uma mulher que ele acabara de conhecer em uma fonte de água em Samaria, curou o filho de um homem sem estar frente a frente com o menino e alimentou milhares de pessoas com apenas um punhado de pães e peixes.
Qual era seu segredo? Jesus expressava o Cristo, a conexão constante e consciente que todos temos com a Mente divina, Deus. Como o Mestre disse: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30). Qual é a natureza de tal conectividade crística? Ela tem de estar em toda parte ao mesmo tempo, prover todo o conhecimento necessário e estar instantaneamente acessível 24 horas por dia, todos os dias.
Algumas pessoas talvez digam que isso soa como a Internet! Exceto que a Mente divina é o Espírito infinito, todo o bem, enquanto que a Rede Mundial (Web: World Wide Web ou Internet), convenientemente assim chamada, inclui atrações materiais que podem enredar as pessoas. Entretanto, a conectividade tecnológica e a Mente não são mutuamente exclusivas, uma não precisa excluir a outra. A tecnologia é uma ferramenta que é útil, mas, algumas vezes, pode nos desencaminhar ou confundir. Encontrar o equilíbrio entre ficar o tempo todo conectado na tecnologia e saber quando dar um tempo dela é imperativo no mundo moderno. Como todas as coisas temporais, porém, nossa interação com os recursos tecnológicos pode ser guiada por Deus, ao invés de ser apenas uma simples expressão de preferência humana. Pode ser divinamente dosada (se estivermos imersos nela em demasia) e divinamente orientada (se estivermos hesitantes em usá-la).
Ao invés de se isolar em Atenas, o Apóstolo Paulo foi a público pregar o cristianismo
Como podemos alcançar o equilíbrio? A seguir, algumas ideias que ajudaram a ponderar minha interação com a conectividade ininterrupta dos dias de hoje:
• Se, pelo uso da Internet não sobrar tempo para uma comunhão tranquila, ela está exigindo demais.
Um tempo a sós com Deus é precioso para nós como o era para Jesus. Apesar das inúmeras demandas sobre seu tempo, ele buscava isolar-se e subir a algum monte para sentir sua união com o Pai. Preservar um espaço tranquilo e tempo apropriados para a comunhão espiritual é parte vital no discipulado cristão, que não pode ser sacrificada pelo corre-corre das obrigações e oportunidades diárias, quer se esteja online ou off-line. Se nosso tempo conectado está excluindo nosso momento de nutrir a consciência com nossa união com Deus, provavelmente deveríamos reavaliar nossas prioridades. A competência para desempenhar muitas tarefas é uma grande habilidade, mas Deus exige um tempo diário da nossa atenção, sem distrações. Isso é para o nosso próprio bem, não para o dEle!
Como todas as coisas temporais, nossa interação com os recursos tecnológicos pode ser guiada por Deus, ao invés de ser apenas uma simples expressão de preferência humana.
• A oração leva à ação, e os campos de ação atuais incluem o ciberespaço
Seria possível que se manter em quietude por muito tempo possa excluir ações apropriadas que deveríamos tomar, incluindo interações on-line? Certamente que é importante ficar atento às confirmações e orientações de Deus, a fim de alcançarmos os mesmos resultados de Jesus, mas ele descia dos montes a fim de ficar disponível para a multidão que necessitava de cura.
O Apóstolo Paulo seguiu o precedente de Jesus. Em vez de se isolar em Atenas, enquanto esperava pela chegada de dois companheiros, ele foi a público pregar o cristianismo. Apresentava corajosamente seu testemunho nas sinagogas, expunha suas ideias nos mercados movimentados, compartilhava seus pensamentos com filósofos e respondia às perguntas minuciosas do Conselho no Areópago (ver Atos 17).
Podemos ficar atentos para saber se esse compartilhar deve incluir o uso de meios tecnológicos, além de interações face a face
Quem era o público de Paulo? A Bíblia o descreve como "atenienses e estrangeiros", que eram pessoas que "...não cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas novidades" (Atos 17:21), e com quem Paulo interagia. Isso soa como muitos dos blogueiros de hoje, Twitteiros e espectadores do Youtube, e representa muito o diálogo entre os mais de 500 milhões de usuários do Facebook. Mas, se Paulo ainda estivesse presente hoje, seria difícil imaginá-lo não conectado a essa conversa global, explorando meios sociais de comunicação em busca do seu potencial, como uma ferramenta para aqueles "prontos a compartilhar, desejosos de comunicar" (ver 1 Timóteo 6:18, conforme a Bíblia King James).
Cada pensador espiritual pode, em humilde oração, dar testemunho da realidade eterna e universal, como sendo aplicável onde as comunicações parecem vir por meio de uma infraestrutura digital complexa e desenvolvida.
• As boas notícias sobre o cristianismo científico precisam ser encontradas on-line também.
Poderíamos argumentar que o empenho inabalável de Paulo o tornava um tipo único. No entanto, todos têm um propósito espiritual, uma razão sagrada para existir. Jesus deixou claro este propósito: Amar a Deus com todo o coração, alma, mente e força, e amar o próximo como a si mesmo (ver Marcos 12:30-31). Para aqueles que vivenciaram o potencial de cura da Ciência Cristã, é parte natural desse amor fraternal compartilhar com os outros as boas notícias que os abençoaram. À medida que nos esforçarmos para honrar o chamado de Jesus "de graça dai" do que recebemos gratuitamente (ver Mateus 10:8), podemos ouvir se esse compartilhar deve incluir a utilização de meios tecnológicos, além de interações face a face.
Em particular, aqueles que valorizam a Ciência Cristã devem saber que existem outros que se sentem impelidos a desacreditar do cristianismo em geral, e/ou a Ciência Cristã especificamente, e que usam frequentemente a tecnologia para promover ainda mais seus objetivos. Por que não deveria essa mesma tecnologia ampliar também "...tão grande nuvem de testemunhas..." (Hebreus 12:1) que existe para falar com eficácia da oração cientificamente cristã que cura?
Estou "conectado" pelas razões corretas?
Se nossas orações nos levam a desempenhar um papel na tecnologia de hoje, possibilitando uma conversação global, é útil considerar a razão pela qual Paulo se envolveu em um diálogo com o público de sua época. Ele não estava ali para autopromoção ou autorrealização, mas porque "...o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade" (Atos 17:16). Ele se torturava ao ver as pessoas mal orientadas sobre a natureza de Deus e cegas ao amor que Ele tem por elas. Paulo queria muito que elas enxergassem o valor de se concentrar em "coisas novas", e isso incluía uma compreensão do cristianismo primitivo que torna possível que o "Deus desconhecido", seja conhecido.
Por que a tecnologia não pode ser uma das formas de atender a essa demanda?
Por que não poderia o interesse entre os "atenienses e estrangeiros" antenados de hoje incluir igualmente a notícia da restauração do cristianismo primitivo, explanada em Ciência e Saúde, com sua praticidade comprovada por seus leitores? O livro inclui a avaliação de Mary Baker Eddy, de que "Milhões de mentalidades sem preconceitos—que com simplicidade procuram a Verdade, viandantes fatigados, sedentos no deserto—aguardam, atentos, o repouso e o refrigério. Dá-lhes um copo de água fresca em nome de Cristo, e nunca receies as conseqüências" (p. 570). Por que a tecnologia não pode ser uma das formas de atender a essa demanda?
• A natureza mista do discurso da Internet não tem de nos tirar do rumo.
Uma razão pela qual a tecnologia talvez seja considerada inadequada para um propósito sagrado é a natureza, às vezes descortês, de seu discurso, especialmente no que diz respeito à religião. No entanto, algumas tiradas não deveriam necessariamente nos surpreender. Na verdade, Mary Baker Eddy descreveu a recepção da Verdade desta maneira: "Que importa se o velho dragão lançar um novo dilúvio para afogar a idéia-Cristo?" (Ciência e Saúde, p. 570). Entretanto, ela também falou sobre essa versão enfática daquilo que a Bíblia chama de mente carnal, o ódio materialista da Verdade, o qual "...não poderá abafar tua voz com o seu rugido, nem afundar novamente o mundo nas águas profundas do caos e da antiga noite" (Ibidem, p. 570).
Toda verdadeira comunicação independe da matéria
Uma forma de o "dragão" tentar abafar a voz instruída para enfatizar a verdade é intimidando-a ao silêncio. Isso é verdade tanto em espaços comunitários, perto de nossas casas, como também na comunidade eletrônica conectada em todos os cantos do globo. Não é confortável ser submetido a alguns diálogos digitais muito rudes que podem ocorrer, mas provavelmente também não deve ter sido para Paulo no Areópago. Isso não deteve seu amor, nem pode deter o amor que manifesta a voz da Verdade hoje.
• Tenho um papel a desempenhar?
Este trecho de Ciência e Saúde declara: "A intercomunicação se faz sempre de Deus para Sua idéia, o homem" (p. 284). Toda verdadeira comunicação então independe da matéria, e é a Mente divina manifestando com exatidão o que precisamos saber, diretamente a cada um de nós. Cada pensador espiritual pode, em humilde oração, dar testemunho dessa realidade eterna e universal, como sendo aplicável onde as comunicações parecem vir por meio de uma infraestrutura digital complexa e desenvolvida.
Como Jesus e o Apóstolo Paulo, nossa união consciente com o Amor é a melhor coisa que temos a oferecer. Isso é verdadeiro, quer transmitamos o amor crístico, pessoalmente ou pela Internet, via celular, ou pelo Skype, quer fazendo amizade com um vizinho em nossa rua ou fazendo um amigo no Facebook, sussurrando uma verdade espiritual ao ouvido de alguém ou enviando-a por e-mail, abraçando um amigo ou enviando-lhe uma mensagem de texto. Mediante nossa união com a Mente, que tudo sabe, temos a intuição espiritual para discernir se o tempo que usamos a Internet é suficiente ou não. Pela nossa obediência à orientação que o Amor nos indica em cada situação, a cura acontecerá.
 
    
