Durante os últimos anos, passei muito tempo fazendo um exame de consciência e orando com o objetivo de estar melhor preparada espiritualmente para sanar. Além disso, a disposição sincera de purificar meu próprio pensamento, ajudou-me a pôr a descoberto e corrigir algo que vinha me incomodando há décadas.
Certa manhã, enquanto orava, senti-me pronta para abrir meu coração a Deus. Achava que nada poderia interferir nesse desejo profundo de purificar a mim mesma, bem como minha visão sobre o homem, a fim de que pudesse seguir as pegadas de Jesus e curar como ele o fazia. Em seguida, algo surpreendente aconteceu. Enfim, chegara a hora de refletir sobre uma questão que estava enterrada no fundo da minha mente.
Era algo do qual não tinha nenhum orgulho e sobre o qual achava difícil criar coragem ou iniciativa para orar. Além disso, havia se tornado um hábito e, portanto, era tentador simplesmente me entregar a esse hábito.
Durante mais de 30 anos, acreditara que eu tinha uma mente "suja", pois me preocupava em demasia com sexo. Gradualmente, aprendi a controlar minhas ações, mas não achava que podia dominar meus pensamentos. Sentia como se houvesse uma daquelas máquinas de tocar música que, com um simples toque, inundava meu pensamento com fantasias sexuais, sempre que quisesse e onde quer que estivesse. Parecia-me lógico que todos tivéssemos fraquezas, portanto, me acomodei com a ideia de que essa quase-obsessão com sexo era minha fraqueza.
A semente da sugestão mental havia sido plantada em meu pensamento inocente
Uma vez que começara a me definir assim ainda muito jovem, essa maneira de pensar projetava uma sombra sobre todos os relacionamentos românticos que tinha. Quando solteira, era impulsiva e precipitava situações íntimas que surpreendiam tanto a mim mesma quanto a pessoa com quem estivesse. Esse comportamento era inconsistente com meus esforços para crescer espiritualmente.
Por conseguinte, essa maneira de pensar se estendeu para minha vida de casada. Embora fosse fiel ao meu marido, atinha-me teimosamente àquela definição de mim mesma como impulsiva e egoísta no que se referia a sexo. Quando surgiam problemas, eu simplesmente vivia com esse tormento mental porque achava que merecia isso.
Não temos de aceitar pensamentos como sendo nossos, a não ser que sejam puros, centrados em Deus e fundamentados no amor e no respeito mútuo pelos outros.
Que mentira! Apenas um desvio do bom e sólido raciocínio espiritual. Chegara o momento de enfrentar minha hora da verdade.
Enquanto orava sobre isso, repentinamente percebi que meu pensamento navegava pelo passado com uma precisão impressionante.
Dessa vez, porém, não fiquei com medo de examinar minhas lembranças, porque sentia Deus me ajudando a desarmar uma armadilha mental. O cenário era o jardim de infância, onde vi alguns amiguinhos que estavam comigo folheando uma coleção de revistas pornográficas, que havíamos encontrado sob a pia em um banheiro público. Encabulados, demos algumas risadinhas diante das fotos e, em seguida, nos apressamos para sair antes que alguém pudesse nos encontrar ali. Entretanto, a semente da sugestão mental havia sido plantada em meu pensamento inocente, ou seja, a ideia de que homens e mulheres eram criaturas sexuais maliciosas que fariam qualquer coisa por prazer.
Se descobrimos que as coisas estão fora de controle, não precisamos temer um processo de correção
Aquelas imagens passaram a ser minhas próprias fantasias. Em seguida, passei a ser sexualmente ativa em uma idade precoce. Por saber que isso não era normal, fiquei ainda mais reservada e insegura sobre como poderia, de alguma maneira, conseguir um senso de paz com relação a esse assunto.
Agora, assistindo mentalmente a essa cena de novo, tive uma repentina e impactante percepção: aqueles pensamentos tenebrosos não eram meus. Eles haviam sido apresentados a mim e eu me confundi imaginando que fossem meus próprios pensamentos. Que coisa surpreendente! Não temos de aceitar pensamentos como sendo nossos, a não ser que sejam puros, centrados em Deus e fundamentados no amor e no respeito mútuo pelos outros. Nós refletimos espontaneamente humildade, honestidade e coragem provenientes de Deus, quando expressamos amor.
Naturalmente, romance e intimidade têm seu lugar em relacionamentos e as relações sexuais podem realmente ser uma oportunidade de se demonstrar compromisso e generosidade para com um parceiro no matrimónio. Se descobrirmos que as coisas estão fora de controle, não precisamos temer um processo de correção. Isso tem mais a ver com a descoberta de que são falsas conclusões, ou mentiras, a respeito da criação de Deus.
Entretanto, apesar dessas revelações, descobri-me racionalizando sobre o assunto desta forma:
"Se eu tenho uma mente suja, então significa que isso está enraizado em quem eu sou, em minha identidade; portanto, é incurável. Caso encerrado".
Ora, no fundo, sabia que isso não era verdade. Da minha prática da Ciência Cristã, havia adquirido confiança de que não havia nenhum caso incurável, não resolvível. Tinha visto e vivenciado tantas curas e, ainda assim, aqui estava eu, raciocinando a partir de uma falsa premissa, ou seja, da ideia de que estava encurralada nessa visão desprezível a respeito de quem eu era.
Nós somos os filhos puros e retos de Deus, tão inocentes como Ele nos criou. O mundo precisa de nós para compreender esse fato e agir de acordo com ele.
O fato é que o mal não faz parte da criação original, perfeitamente espiritual de Deus
A clara lembrança do momento em que encontrei aquelas revistas quando criança, ajudou-me a descobrir alguma bagagem mental que carregava, pois era como se houvesse um começo muito bem definido para a história. Mas também podia perceber agora que eu não tinha de atribuir uma causa específica. Deus é a Causa una e única. Quer me lembrasse ou não de como havia começado a nutrir pensamentos obsessivos, não precisava dar ouvidos à "serpente" mentirosa, o símbolo do mal, conforme apresentado no segundo capítulo do Gênesis.
No primeiro capítulo, o homem é apresentado como sendo criado perfeito, à "imagem e semelhança" de Deus. Entretanto, o segundo capítulo oferece um flagrante contraste ao relato da perfeição espiritual. As afirmações da serpente são mentiras que não se originam nem em Deus nem no homem. Dessa maneira, os maus pensamentos são apenas sugestões mentais, que batem à porta pedindo entrada e credibilidade. Talvez nos sintamos responsáveis por eles porque nos descobrimos pensando neles. Talvez até mesmo lhes obedeçamos e aí está uma exigência saudável para que nos arrependamos. Mas tudo isso não deixa de ser uma mentira deslavada!
Minhas orações continuaram assim: "O fato de você talvez ter acreditado em uma mentira, não a torna uma pessoa má, irredimível. Não importa por quanto tempo uma ilusão tenha se prolongado, ela cessa no momento em que você a descobre e a destrói, corrigindo seus pensamentos e ações. Não existe nenhum erro irreversível".
Nós somos os filhos puros e retos de Deus, tão inocentes como Ele nos criou. O mundo precisa de nós para compreender esse fato e agir de acordo com ele. Somos livres para servir a Deus e amar a nós mesmos e aos nossos semelhantes como Jesus prometeu: "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8:32).
À medida que compartilhava minha experiência com outros, ficava cada vez mais fácil falar sobre ela
Enfrentar algo que durante muito tempo evitamos pode soar como uma experiência penosa. Entretanto, estou feliz em dizer que o resultado final é gratificante. No meu caso, a verdade me ajudou a ver a mim mesma como a filha reta de Deus, capaz de examinar, com autoridade espiritual, cada pensamento que me ocorre. Agora sei que somente os pensamentos puros, equilibrados, pertencem à minha consciência e estou resolvida a manter isso dessa maneira. Minha convivência com meu esposo é mais sincera e altruísta do que nunca e isso realmente torna nosso relacionamento mais íntimo também.
Em meu trabalho atual, como Praticista da Ciência Cristã, busco ficar alerta e ser rápida em rejeitar as sugestões mentais que mutilariam o senso de saúde, autoestima ou justiça de qualquer pessoa. Oro com as outras pessoas para ajudá-las a descobrir seu senso de pureza, de inocência e de perdão para si mesmas e para os outros, uma vez que seria injusto que qualquer pessoa ficasse ruminando interminavelmente sobre seus instintos ou mesmo ficasse presa a eles, o que frequentemente leva a ações que desmoralizam os relacionamentos e as famílias. em minhas orações diárias, afirmo que nós obedientemente reluzimos a luz da Verdade sobre essas mentiras e que a inocência original do homem é revelada. Não deveríamos hesitar em reluzir essa mesma luz da Verdade sobre nós mesmos.
À medida que compartilhava minha experiência com outros, ficava cada vez mais fácil conversar sobre ela, porque percebia a natureza impessoal do mal. Uma das maiores bênçãos tem sido ajudar os outros a lidar com situações semelhantes, por meio da Ciência Cristã. Gosto muito desta citação de Ciência e Saúde: "Assiste ao homem o direito moral de anular uma sentença injusta, sentença que jamais foi imposta pela autoridade divina" (p. 381).
Foi um grande alívio ficar livre dessa obsessão. Somos os filhos preciosos de Deus e, por conseguinte, somos essenciais à expressão completa de Deus. Sou muito grata por saber que somos eternamente amados e que nada pode ocultar essa realidade de nenhum de nós.
 
    
