, Praticista e Professora de Ciência Cristã e Gerente de Redação dos Arautos publicados regularmente em quatorze idiomas, e Ana Paula Carrubba, Gerente de Redação de O Arauto da Ciência Cristã, conversaram com Maria Zélia Campelo Lopes e Carla Carrubba sobre a forma como oraram pela situação na região serrana fluminense, muito prejudicada por fortes chuvas e deslizamentos de terra. Zélia é Praticista da Ciência Cristã no Rio de Janeiro e Carla é Promotora de Justiça, atualmente servindo como Coordenadora de Saúde das Promotorias de Tutela Coletiva do Rio de Janeiro. Apresentamos aqui excertos de uma produção em audio gravada para o site de O Arauto (www.arautocienciacrista.com).
Leide Lessa: As tragédias que aconteceram no Rio de Janeiro tocaram muitas pessoas em todo o Brasil, inclusive em outras partes do mundo. É preciso enviar a todas elas uma mensagem de consolo, e que assegure que Deus é Amor e nunca causa nenhum desastre.
Zélia, com quais ideias você tem orado desde que ouviu as notícias sobre os desmoronamentos na região serrana do Rio de Janeiro? Como você começou a orar para as pessoas que vivem naquelas cidades?
Maria Zélia Campelo Lopes: Assim que tomei conhecimento da tragédia, pedi a Deus que me mostrasse como orar diante de uma situação tão difícil, pois sei que Ele sempre nós dá as ideias que acalmam, abençoam e trazem consolo. Então, senti-me inspirada a ler os Salmos 46 e 127, bem como outros trechos da Bíblia e de Ciência e Saúde.
LL: Como esses salmos a inspiraram?
MZCL: O Salmo 46 começa assim: "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam. Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo" (Salmos 46:1-4). Para mim, a parte que menciona o rio que alegra a cidade de Deus representa os anjos, ideias divinas que nos vêm por meio de inspiração, e nos dão força, coragem e determinação para manter a esperança e ajudar o próximo.
Em nossa oração, podemos incluir todas as pessoas e saber que podem receber as ideias de Deus para seguir adiante, e para encontrar novas oportunidades de abençoar.
LL: Sem dúvida, todos podem sentir essas mensagens constantes que Deus nos manda, porque Ele é Amor e o Pai-Mãe de todos. Qual foi a inspiração que você teve com a leitura do salmo 127?
MZCL: Esse salmo diz que é preciso reconstruir e seguir adiante. Orar e saber que esses anjos, essas inspirações divinas, apagam o luto, consolam, confortam, dão força e orientação para recomeçar, para reconstruir.
Foi constatado que muitas casas caíram porque foram construídas em locais não apropriados. Mas, em minhas orações, pude reconhecer que Deus é capaz de curar esses desvios de conduta que levam as pessoas a se arriscarem a habitar em lugares perigosos. Todos podem ser levados a construir sobre a rocha, e essa rocha é o Cristo, "a verdadeira ideia do poder espiritual" (ver Ciência e Saúde, p. 235). Essa compreensão, estabelecida sobre o sólido fundamento do Princípio divino, protege todas as pessoas e as leva a reconstruir seus lares em locais seguros.
O amor de Deus se derrama para cada um em chuvas de bênçãos e não em chuvas que prejudicam e matam. Nós temos a autoridade dada por Deus para anular esses conceitos errados e curar, pois a expressão divina só se manifesta no bem.
LL: Realmente, Zélia, Deus não envia chuvas destruidoras, somente chuvas de bênçãos. Enquanto você falava, lembrei-me de um ponto que foi muito importante para mim durante minhas orações, o de que Deus, como a Mente suprema, a única fonte de inteligência, dá sabedoria aos Seus filhos. Portanto, todos podem construir sobre a rocha, a rocha Cristo, conforme você mencionou, mas também edificar suas casas em lugares seguros.
MZCL: Sim, Leide, e esse entendimento faz com que desapareçam da consciência humana desvios de conduta que colaboram para os desastres, como a corrupção. Nossas orações podem levar todos a perceberem que não se pode colocar pessoas em risco em troca de qualquer promessa ou propina. Essa não é a verdade sobre os filhos de Deus, nem ontem, nem hoje, nem amanhã.
LL: De fato, os filhos de Deus, criados à Sua imagem e semelhança, são honestos e não vulneráveis à corrupção.
Carla, com certeza você também tem orado muito sobre essa situação, principalmente porque a região serrana do Rio de Janeiro lhe deve ser muito querida, pelo fato de você ter trabalhado na cidade de Nova Friburgo durante três anos com questões que envolvem o meio ambiente. Contenos como você tem orado desde que começou a ouvir as notícias sobre os deslizamentos?
Carla Carrubba: Essas notícias foram muito impactantes para todos nós no Ministério Público, no Judiciário, na Defensoria Pública, e para todos aqueles ligados diretamente às demandas que surgiam. Os acontecimentos surpreenderam não apenas o pessoal que trabalha na justiça, mas também os governantes do Município, do Estado e da União.
No início, as pessoas estavam muito perdidas, sem saber como ajudar, porque a tragédia teve uma complexidade muito grande. Por isso, o momento inicial foi de desespero, pois ninguém estava muito bem estruturado para lidar com um problema dessa dimensão. Então, pensei, o que fazer? Comecei a orar para Deus me dar inspiração para eu poder desempenhar bem o meu papel e conseguir efetivamente ajudar de alguma forma.
LL: Como você orou diante dessas circunstâncias?
CC: Em momentos como esses, as pessoas começam a se questionar por que Deus envia uma chuva tão forte! Mas a Ciência Cristã ensina que Deus não tem nada a ver com desastres, mortes e tragédias; Ele não é um Deus castigador, mas sim um Deus de amor, de esperança e de bênçãos.
A Ciência Cristã ensina que Deus não tem nada a ver com desastres, mortes e tragédias; Ele não é um Deus castigador, mas sim um Deus de amor, de esperança e de bênçãos.
O que todos precisamos é orar para a questão da mudança climática no mundo. Os desastres naturais que ocorreram recentemente no Brasil e na Austrália são, infelizmente, frutos da própria ação do homem no meio ambiente.
LL: Explique melhor como a Ciência Cristã a ajudou a entender a posição de Deus diante dessas situações.
CC: Precisei ficar muito firme ao visitar os locais afetados, pois, com medo das mudanças climáticas e dos desastres da natureza, muitos de meus amigos questionaram: "Para que a construção de um futuro, o que será das próximas gerações, para que perpetuá-las"?
Apoiei-me bastante na história de Noé para seguir em frente e fazer meu trabalho de uma maneira muito mais firme.
LL: Conte-nos brevemente a história de Noé e que inspiração você teve com ela.
CC: Primeiramente li este versículo bíblico: "Disse o SENHOR a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração" (Gênesis 7:1). Depois, sentime inspirada ao ler a definição de "arca" em Ciência e Saúde, a qual diz em parte: "...a compreensão do Espírito, que destrói a crença na matéria. ... Deus e o homem coexistentes e eternos; a Ciência, que está mostrando que as realidades espirituais de todas as coisas são criadas por Ele e existem para sempre" (p. 581).
Então, ao continuar a ler a história de Noé na Bíblia, deparei-me com estes versículos: "Lembrou-se Deus de Noé e de todos os animais selváticos e de todos os animais domésticos que com ele estavam na arca; Deus fez soprar um vento sobre a terra, e baixaram as águas. ... Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra. ... Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós e entre todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações (Gênesis v. 8:1, v. 9:1, 12).
Essas ideias me acalmaram muito, pois percebi que aquele não era um momento para questionamentos, mas para fortalecer a aliança com Deus. Por analogia, compreendi que "entrar na arca" é uma oportunidade para todos aqueles que foram diretamente atingidos e para os que os estão apoiando, até mesmo para os governantes, de fortalecer a aliança com Deus.
LL: Sem dúvida, porque quando fortalecemos essa aliança com Deus, sentimos a energia divina. Sentimos a força capaz de nos levar adiante e de não olhar para trás. Na Bíblia há aquele exemplo da esposa de Ló que sabia que sua cidade querida seria destruída, mas ao olhar para trás virou uma estátua de sal (ver Gênesis 19:26). Por isso, é importante que olhemos para frente e sigamos adiante; fortalecer a aliança com Deus nos dá forças para reconstruir.
CC: Sim, e também nos protege. A história de Noé comprova isso. Desde o início, ele fez tudo o que Deus lhe ordenou. Ele foi protegido do dilúvio porque era justo diante de Deus, o que, para mim, comprova que nossa verdadeira proteção vem do fortalecimento de nossa aliança com Ele.
LL: Todos foram protegidos, Noé, sua família e os animais. À medida que fortalecemos nosso relacionamento com Deus, entendemos melhor a Deus e quem somos como Sua criação, nós e todos aqueles a quem amamos somos protegidos.
CC: Para completar, também encontrei inspiração neste versículo: "Porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra" (Gênesis 9:13). Percebi que Deus não disse que iria fazer uma aliança somente com Noé, mas com a terra, ou seja, com todas as pessoas.
Creio que neste momento os Cientistas Cristãos têm o papel de se colocar no topo da montanha para iluminar quem está em volta. A fé que cultivamos abençoa as pessoas.
LL: Ana Paula, como você tem orado a respeito dessa situação no Rio de Janeiro? Quais ideias inspiradoras vieram para você?
Ana Paula Carrubba: Neste momento, podemos elevar o pensamento a Deus em busca de respostas e olhar para a realidade divina. Apoiei-me bastante nesta afirmação de Ciência e Saúde: "Não existem vácuos" (p. 346). Para mim, isso significa que nunca houve um instante em que Deus não estivesse presente. Mesmo em meio a toda a calamidade, podemos nos volver a Deus e saber que na realidade divina Ele sempre esteve presente, em todos os lugares, desde o infinitésimo até o infinito. Essa compreensão traz consolo e segurança para recomeçar. Conversamos anteriormente sobre nossa aliança com Deus, e a onipresença divina também é uma prova da aliança inseparável que temos com Deus, o Amor infinito, que capacita aqueles que perderam seus entes queridos a superar a tristeza. Confiar nesse Amor, e saber que Deus está apoiando a todos, traz consolo e força para os que enfrentam o luto e os ajuda a reconstruir suas moradias e sua vida sobre um fundamento sólido, de sabedoria e esperança.
LL: É muito importante que realmente estejamos cientes e saibamos que é possível sentir o consolo, a paz e a força que vêm de Deus. Quanto mais nos conscientizarmos desse fato, mais estaremos ajudando as pessoas.
APC: Orei também com esta passagem de Ciência e Saúde: "A compreensão, por pouca que seja, do Todo-poder divino, destrói o medo e firma os pés na verdadeira vereda—a vereda que conduz à 'casa não feita por mãos, eterna, nos céus'" (p. 454). Após encontrar no dicionário este significado de vereda: "orientação de uma vida, de uma ação; rumo, direção, caminho", entendi como é bom saber que a menor compreensão que se tenha da onipotência de Deus firma nossos pés na verdadeira vereda, guia em direção a um caminho seguro, orienta nossa vida, as ações de todos aqueles que precisam recomeçar, todos os governantes a encontrarem as soluções corretas, e leva-nos a encontrar a "casa não feita por mãos, eterna, nos céus". Eu pensei bastante no significado de casa, que podemos entender como moradia, lar, reflexo das qualidades divinas. Podemos pensar nessas qualidades como amor, alegria, segurança, força, saúde. Essas qualidades divinas são nossas por reflexo e não são abaladas nem destruídas por nenhum acidente, nenhuma calamidade nem circunstâncias adversas. Essa compreensão estabelece a nossa moradia e a nossa vida em um fundamento seguro, e nos traz a verdadeira proteção.
LL: É importante que, ao orarmos, saibamos que a proteção de Deus se estende a todos e que todos podem senti-la, constantemente.
Zélia, sei que você teve uma família muito grande, mas perdeu alguns entes queridos. Você poderia contar como a Ciência Cristã a ajudou a superar o sentimento de perda?
MZCL: Em geral as famílias nordestinas aqui no Brasil são numerosas, e o eram mais ainda nos anos 30 e 40. Entretanto, fui perdendo um a um os meus irmãos, e depois perdi meus pais.
LL: Você teve vários irmãos?
MZCL: Muitos. Na verdade, meus pais tiveram vinte filhos, mas oito faleceram ainda pequenos; somente doze cresceram.
LL: Então, você conviveu com onze irmãos?
MZCL: Sim, e fui mergulhando em um estado mental muito triste e sombrio à medida que os fui perdendo. Eu estava sempre muito deprimida. Encontrar a Ciência Cristã foi como fazer uma luz brilhar na minha consciência, e em poucas semanas de estudo fiquei totalmente curada da sensação constante de luto. Depois, ainda perdi outros irmãos e no momento só tenho um irmão vivo. Mas nunca mais fiquei de luto ou alimentei profunda tristeza, porque compreendi que os anjos, os pensamentos de Deus que vêm ao homem para curar, alegrar e para abençoar, estão presentes na minha consciência. Fui muito abençoada com essas ideias que me libertaram da tristeza, e desejo que as pessoas que estejam sofrendo possam encontrar consolo no amor de Deus, assim como eu encontrei. Que possam recuperar a alegria porque a felicidade e a harmonia são qualidades inatas a todos nós. Cada um tem dentro de si a capacidade para desdobrá-las e expressá-las, porque somos todos filhos de Deus, é Ele que nos dá essas qualidades e não podemos deixar de expressá-las. Deus criou tudo muito bom. Precisamos encontrar esse bem ilimitado dentro de nós mesmos e recomeçar com o auxílio de Deus, o Amor, com as ideias boas que Ele envia a todos.
Oro para que todos possam perceber a onipresença e onipotência de Deus, independentemente de religião. O Amor divino alcança a todos, nos lugares mais remotos do globo, para abençoar, curar e estabelecer a harmonia a todos os Seus filhos amados.
LL: Zélia é interessante que você realmente se curou dos sentimentos de perda e depressão, e hoje se dedica a orar por outras pessoas como Praticista da Ciência Cristã. É muito bom que você esteja disponível para ajudar as pessoas, por meio da oração, a encontrar paz, tranquilidade, esperança e força em Deus.
MZCL: O primeiro desejo que tive quando comecei a me sentir melhor com o estudo da Ciência Cristã foi o de retribuir todo o bem que estava recebendo. Por isso, assim que pude, comecei a me dedicar à prática, e faço, com muita alegria, o bem que está ao alcance do meu pensamento.
LL: Zélia, Carla e Ana Paula, muito obrigada por compartilharem suas ideias.
 
    
