O período de gestação de minha segunda filha ocorreu sob forte crise matrimonial, pois meu marido me comunicou que gostaria de se separar quando nossa filha nascesse, como de fato ocorreu.
O período de gravidez geralmente deixa a mulher muito sensível, e a desarmonia no casamento gerava em mim forte angústia e insegurança, porque sabia que após o nascimento do bebê viria o processo de divórcio.
Naquele momento de ansiedade, minha irmã me ofereceu o telefone de uma Praticista da Ciência Cristã. Eu conhecia a Ciência Cristã fazia pouco tempo, mas decidi contar com o apoio espiritual de uma praticista durante o período de gravidez e no momento do parto, para que tudo transcorresse com harmonia.
A praticista me pediu para refletir com a seguinte passagem de Ciência e Saúde: "Para assistir convenientemente o nascimento da nova criatura, ou a idéia divina, é preciso separar o pensamento mortal de suas concepções materiais, de tal maneira que o nascimento se faça com naturalidade e segurança. ... Uma idéia espiritual não contém um só elemento do erro, e essa verdade remove convenientemente tudo quanto é nocivo. A nova idéia, concebida pela Verdade e o Amor e deles nascida, está envolta em roupas brancas. Seu começo será humilde, seu crescimento vigoroso, e sua maturidade imperecível. Quando ocorre esse novo nascimento, a criança que nasce na Ciência Cristã, nasce do Espírito, nasce de Deus, e não pode mais causar sofrimento à mãe. Disso depreendemos que a Verdade está presente e realizou sua obra perfeita" (p. 463). Compreendi que a criança que eu carregava era uma ideia de Deus, um fruto do Amor divino, da Vida, da Verdade. Agarrar-me a essa passagem e confiar na oração da praticista me ajudaram a atravessar o período de gestação com um pouco mais de tranquilidade e segurança.
No dia do nascimento, o trabalho de parto demorou doze horas. Eu não tinha as contrações necessárias e recebi medicação para induzi-las. Quando a criança nasceu, fui deixada sozinha na sala de parto.
Eu não ouvia o nenê chorar, apenas um barulho de mangueira, como se fosse de ar comprimido. Alguns minutos depois, ouvi o choro da criança. Quando o médico a trouxe para mim tinha uma aparência arroxeada. Perguntei o que havia acontecido e ele me disse para não ficar preocupada, porque na manhã seguinte tudo estaria bem. Realmente, no dia seguinte o bebê apresentava uma aparência melhor. Fiquei sabendo que havia nascido com o cordão umbilical enrolado no pescoço, causando-lhe asfixia; o barulho de mangueira que eu ouvira na noite anterior vinha de um aparelho utilizado para ativar a circulação e a oxigenação no cérebro.
No Brasil, a vacinação é obrigatória para todas as crianças, e para matriculá-las na escola, o cartão de vacinas precisa acompanhar o registro de nascimento. Assim, apesar de estudar a Ciência Cristã e tratar de minha saúde e da de minhas filhas pela Ciência Cristã, às vezes fazia visitas a um pediatra. Em uma dessas visitas, quando minha filha tinha um ano e meio, o médico me perguntou como havia sido seu parto. Quando lhe relatei as complicações, ele questionou se a menina tivera um desenvolvimento normal e se havia começado a andar e a falar na idade correta. Minhas respostas a todas as perguntas foram afirmativas. No final da consulta, ele olhou para minha filha e concluiu que de fato não haviam ficado sequelas.
Não refleti muito sobre esse assunto até mais recentemente, quando pude avaliar, na minha atividade profissional, o que significaram as perguntas daquele pediatra. Em 2009, trabalhei em uma escola infantil que recebe crianças com necessidades especiais em um programa de inclusão, para que possam se desenvolver melhor, aprimorar o relacionamento com outras pessoas e, dessa forma, amenizar o preconceito que possam sofrer por serem consideradas "diferentes".
Nessa escola tive contato com dois alunos que apresentavam alguns problemas bem visíveis, como a dificuldade de andar, de falar e de aprendizado. Um deles não conseguia sustentar a cabeça e se locomovia em cadeira de rodas. Conversando com outras professoras, elas me informaram que essas disfunções haviam sido provocadas pela falta de oxigenação no cérebro no momento do parto, devido ao cordão umbilical estar enrolado no pescoço daquelas crianças.
No dia seguinte ao diálogo com as professoras, fui almoçar com minha filha, hoje com 32 anos. Eu olhava para ela e agradecia por tanta graça e bênção que recebemos pelo estudo da Ciência Cristã e por ter aprendido que a proteção de Deus pode ser vivenciada. Naquele momento, lembrei-me também deste hino, que expressa toda a minha gratidão:
"Oh! quando a graça vemos,
De Deus, ao mundo vir,
Fluindo em bens supremos,
A todos, sem medir,
Podemos nós negar-Lhe
Tributo de louvor,
E não cantar em hinos
As bênçãos desse Amor?
Ser grato é riqueza,
Pobreza é queixa alvar;
São provas a tristezas,
Mas bênçãos vêm nos dar.
A vida é luz e ouro
Que Deus tornou veraz;
Ser grato é tesouro,
Felicidade traz.
(Hinário da Ciência Cristã, 250).
Nessa mesma ocasião, veio-me à mente esta passagem bíblica: "...eu te cingirei, ainda que não me conheces" (Isaías 45:5). Percebi que, apesar de não ter um conhecimento tão profundo de Deus na época do nascimento de minha filha, Ele já estava nos cingindo.
O fato de minha filha nunca ter apresentado nenhuma sequela atribuo às orações que fazia com a praticista durante a gravidez, pois certamente prepararam meu pensamento para o parto. A postura mental espiritualizada também me ajudou muito nos momentos seguintes ao nascimento da criança; encontrei na Ciência Cristã a segurança e o apoio que buscava. A confiança no cuidado divino abriu as portas para que a saúde de minha filha se manifestasse naturalmente e me deu forças para criar sozinha tanto a ela quanto à minha filha mais velha.
