Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

Ver um ao outro com novos olhos

Da edição de maio de 2011 dO Arauto da Ciência Cristã


Pode parecer que a outra pessoa precise mudar, mas uma perspectiva espiritual inspirada coloca o relacionamento e ambos os cônjuges sob uma visão clara.

Meu marido e eu estamos casados há mais de 35 anos e qualquer pessoa casada diz que, inevitavelmente, sempre haverá altos e baixos durante os anos de vida juntos. Quando Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, foi questionada sobre o que ela pensava sobre o casamento, ela respondeu, em parte: "Que é algo muitas vezes conveniente, às vezes agradável e, ocasionalmente, uma relação de amor" (Miscellaneous Writings 1883-1896, p. 52). Como isso é verdadeiro!

Estávamos casados há apenas dois anos, quando comecei a ficar ressentida por aquilo que entendia ser sua falta de consideração por mim. Parecia que ele ignorava continuamente minhas necessidades, colocando sempre as dele em primeiro lugar. Assim, passei a me sentir negligenciada e subestimada.

Certo dia, em um momento de desespero, liguei para uma Praticista da Ciência Cristã, alguém com quem nunca havia falado antes, e lhe pedi ajuda pela oração. Quando ela atendeu, eu estava arrasada, soluçando de forma incontrolável. É claro que ela não tinha ideia de quem estava do outro lado da linha, mas começou a falar comigo tão gentilmente sobre a amor de Deus que, em poucos minutos, consegui me controlar. Então, expliquei-lhe a razão pela qual havia ligado. Não me lembro exatamente do que eu disse, mas tenho certeza de que contei a ela o quão egoísta e insensível meu marido era. Ela concordou em orar por mim e, quando desliguei o telefone, estava me sentindo um pouco melhor.

Naquela noite, meu marido fez algo incomum, ofereceu-se para fazer uma xícara de chá para mim. Ele nunca havia feito nada parecido antes. Portanto, encarei isso como um sinal de que a oração da praticista estava trazendo resultados. Pensei: "Bem, isso é bom, ele já está mudando."

No dia seguinte, ele fez novamente uma ou duas coisas muito atenciosas e fiquei animada com o progresso. Pensei: "Ele está captando a mensagem."

No terceiro dia, meu marido, que sabia que eu estava orando com a praticista, disse-me: "Não sei o que a praticista está fazendo por você, mas continue porque você está muito mais amável!"

Minha reação foi instantânea e falei: "Não! Você é que está muito mais amável!" "Não!", disse ele, "você é que está mais gentil". Nós realmente argumentamos por alguns minutos sobre quem estava agindo com mais amorosidade.

A praticista não estivera orando para "mudar" meu marido, mas para que alcançássemos uma visão mais elevada, mais espiritualizada de um pelo outro.

Que tolice! Enquanto trocávamos essas ideias, amigavelmente, sorrindo um para o outro, percebi que nutrira um conceito de oração totalmente errado. A praticista não estivera orando para "mudar" meu marido, mas para que alcançássemos uma visão mais elevada, mais espiritualizada de um pelo outro. Embora não me lembre como orei na ocasião, sei que tive um profundo desejo por uma solução. Não queria continuar me sentindo mal a respeito de nosso relacionamento; desejava estar bem e ter um casamento feliz. Em Ciência e Saúde, li que o "...desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações" (p. 1). Como se trata da união de duas pessoas com experiências de vida diferentes, é provável que um casamento esteja sempre se moldando ou sendo moldado, o que significa que a sugestão de estagnação é falsa, e que a oração é parte vital para mantê-lo revitalizado e novo.

Ao longo dos anos descobri que, como parte de um casal, é preciso estar atento ás sutilezas de pontos de vista materiais com relação à idade. Da mesma forma que uma pessoa pode sentir os efeitos da idade, também o casamento é suscetível a esses desgastes. Não há nada de errado com a rotina, quando ela proporciona um tranquilo senso de ordem e permanência, mas sentir-se presa a uma rotina, leva a uma sensação de apatia e falta de inspiração, até mesmo de alegria. Pode ocorrer de circunstâncias nos tirarem do marasmo com um grande impacto. Nessas ocasiões, lutamos para reencontrar o equilíbrio. Mas, quer seja um solavanco brusco, ou um profundo desejo de tirar a nós mesmos e ao nosso cônjuge de um incômodo marasmo, podemos valorizar o fato de que estamos sendo chamados para uma visão mais elevada, proporcionando ao nosso pensamento um horizonte mais amplo, em que a individualidade e a unidade andem juntas. Ciência e Saúde mostra os efeitos dessa espiritualização do pensamento: "A Ciência Cristã desmantela o reino do mal, e promove no mais alto grau, a afeição e a virtude nas famílias, e, portanto, na comunidade" (pp. 102-103). O Dicionário de Referência do Estudante (The Student's Reference Dictionary) informa que o senso radical de virtude "é a força que provém do esforço, da tensão e da extensão." Nas situações em que os membros da família parecem ter opiniões, necessidades ou desejos contrários, podemos orar para ver que a virtude está estabelecida. Esse esforço e tesão aparentes, que surgem como opiniões ou objetivos divergentes, podem, em realidade, ser um processo de fortalecimento, por meio do qual o relacionamento fica mais fortemente unido do que antes. Mas, para alcançarmos esse relacionamento com um vínculo mais forte, devemos manter nosso pensamento focado no homem e na mulher como reflexos do Espírito.

Compreendi a importância de manter minha perspectiva sobre o homem centrada na identidade espiritual do homem e da mulher, como Deus os criou, ao invés de ter minha opinião fixa em um mortal defeituoso.

Durante alguns anos, meu marido e eu tínhamos nosso próprio negócio. A clientela era principalmente masculina e, muitas vezes, achava difícil conseguir a deferência deles como proprietária da loja. Eles faziam questão de esperar até que meu marido estivesse livre para atendê-los, ou faziam perguntas muito específicas sobre nosso produto e exigiam respostas com um nível de detalhamento que nem eu nem meu marido conhecíamos. Essa postura de alguns clientes parecia ser proposital, para que me sentisse incompetente. Certo dia, quando um cliente estava me causando muitas dificuldades e meu marido não se encontrava na loja, pensei: "Isso é próprio de um homem"! Significando, naturalmente, que eu julgava seu comportamento indelicado, rude e estúpido. Mas imediatamente um pensamento amoroso, como uma mensagem angelical, veio-me à mente: "Deixe de fora o artigo impessoal 'um' ". Então, pensei: "Isso não é próprio do homem". Instantaneamente, volvi meu pensamento para o homem criado por Deus e compreendi que precisava reconhecer a identidade espiritual daquele homem, e foi o que fiz. A venda transcorreu de forma harmoniosa, mas, o mais importante, Deus me enviou uma ideia correta, que permanece forte até hoje.

Esse episódio foi uma grande lição para mim, e consegui aplicála diretamente ao meu casamento. Compreendi a importância de manter minha perspectiva sobre o homem centrada na identidade espiritual do homem e da mulher, como Deus os criou, ao invés de ter minha opinião fixa em um mortal defeituoso. O ponto de vista humano resulta, muitas vezes, de alguma decepção. Desde essa ocasião, tenho passado muitas horas refletindo sobre a definição de homem, conforme consta de Ciência e Saúde. Uma parte diz que o homem é "...a idéia composta que expressa Deus e inclui todas as idéias corretas..." (p. 475). Essa descrição está alicerçada no primeiro capítulo do Gênesis, em que Deus diz que tudo o que Ele fez é bom. Pensemos nisso! Cada pessoa que encontramos, vista sob uma lente espiritual, inclui todas as ideias corretas. Sendo assim, fica claro que a natureza de cada marido e mulher, cada colega de trabalho e cada criança, inclui consideração, gentileza, pureza, ternura, amabilidade, sabedoria e receptividade às ideias corretas.

A vida é progresso e crescimento espiritual, e podemos confiar em nosso Pai-Mãe Deus, para nos revelar novas perspectivas.

Gosto do que o Apóstolo Paulo escreveu aos Colossenses, quando lhes garantiu que estava trabalhando por eles "para que o coração deles [fosse] confortado e vinculado juntamente em amor..." (Colossenses 2:2). A interpretação da Bíblia intitulada The Message (A Mensagem) traduz essas palavras como: "Quero vocês entrelaçados em uma tapeçaria de amor, em contato com tudo o que há para conhecer a Deus." É isso aí! Conhecer melhor a Deus é estabelecer fundamentos sólidos no casamento e em todos os relacionamentos. É nos esforçarmos continuamente para ver nosso cônjuge com novos olhos e eliminarmos sugestões sutis, que dizem que cometemos um erro e nos comprometemos com uma pessoa voluntariosa ou sem inspiração, e que possa nos impedir de sentir inspirados ou que possa limitar nossa capacidade de nos expressar da maneira que Deus, a Mente divina, planejou. Mesmo que tenha parecido assim durante muitos anos, Deus, a Vida, está sempre ativo. Hoje, podemos cultivar ideias sobre nosso casamento que são repletas de vigor e vitalidade. A vida é progresso e crescimento espiritual, e podemos confiar em nosso Pai-Mãe Deus, para nos revelar novas perspectivas.

Atualmente, nem meu marido nem eu desejamos dar a impressão de que representamos um modelo de casamento. Longe disso! Tem havido muitas lágrimas e irritação, dúvidas e infelicidade, mas também abraços e beijos. Ainda tentamos resolver certas coisas. De fato, escrever sobre isso foi um bom exercício para nós dois, uma vez que examinamos juntos esse assunto. Rimos várias vezes enquanto conversávamos sobre nosso casamento, e o humor tem sido definitivamente um ingrediente vital para nós. Nosso casamento sobrevive há muitos anos, não porque nos aferramos a ele com medo de mudança, mas porque sempre houve uma expectativa de progresso, renovação e restauração.

Serei eternamente grata àquela sábia praticista que contatei nos primeiros anos do nosso casamento. Ela não fez uma grande preleção ou disse que eu precisava mudar meu comportamento, mas obviamente incentivou a ambos, meu marido e eu, a ver um ao outro como ideias de Deus, vivendo juntos em harmonia. Essa sabedoria, tranquila e límpida, tem nos abençoado ao longo dos anos. Deus é muito bom, como também o homem e a mulher que Ele criou!

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / maio de 2011

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.