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Original para a Internet

O sopro de Deus

Da edição de junho de 2021 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 25 de março de 2021.


Era o segundo dia de uma quarentena obrigatória devido a uma crise no sistema de saúde, desencadeada pela disseminação de um vírus. Havia já algumas semanas eu havia dado prioridade a orar para acalmar o medo e a preocupação em tantos corações. Foi então que, enquanto organizava minha escrivaninha, encontrei um pedaço de papel com estas palavras: “O espírito das mentiras está circulando por aí. Visto que a Verdade falou alto, o erro, correndo de um lado para outro na terra, está gritando para se fazer ouvir acima da voz da Verdade”. Essa declaração está no livro Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896 (pp. 266–267) de Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã. Fiquei impressionada com as palavras “o espírito das mentiras está circulando por aí”. O que poderia ser o “espírito das mentiras” correndo de um lado para outro, ou circulando no pensamento da humanidade nos dias de hoje? Para compreender essas palavras, é essencial uma profunda e cuidadosa busca pelo espírito da Verdade, o antídoto contra “o espírito das mentiras”, e é necessário que busquemos também saber como é que isso tem relação com a própria vida do homem.    

A palavra espírito, usada na Bíblia, é muitas vezes traduzida da palavra ruwach, conforme aparece no primeiro capítulo do Gênesis, e pode significar vento, ou sopro (Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible [A Completa Concordância Bíblica de Strong]). Cada dia da criação começa com o que “Deus disse”. No sexto dia também disse Deus: “…Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança…” (versículo 26). Aprendemos assim que o homem foi criado pela Palavra de Deus. E a Bíblia diz ainda que: “…ele falou, e tudo se fez…” (Salmos 33:9). 

É difícil falar sem respirar; quase sempre tomamos fôlego antes de falar. Assim, o sopro, ou o Espírito que criou o homem, estava presente quando Deus falou. O relato do primeiro capítulo do Gênesis declara que: “…o Espírito de Deus pairava por sobre as águas”. Aliás, o espírito de Deus, que criou o homem à Sua semelhança, estava presente quando a “…terra estava sem forma e vazia…”, revelando assim a existência eterna do homem com o Espírito, o sopro da Vida. 

Mas, e quanto a Adão e Eva? Essa história é literalmente outra, e é onde entra o espírito das mentiras. Embora o segundo capítulo do Gênesis comece com a declaração bastante clara de que: “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra, e todos os seus exércitos” (versículo 1), à medida que continuamos lendo, um criador e um relato diferente são introduzidos: “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (versículo 7). 

Nesse texto, a palavra original em hebraico é naphach, que significa soprar, emitir um sopro. A Concordância de Strong também indica que a palavra naphach aparece em outros trechos da Bíblia, significando “expirar” e “dar o último suspiro”. Isso me fez lembrar da interpretação espiritual que Mary Baker Eddy apresenta de um trecho de 1 Coríntios: “Assim como, em Adão [o erro], todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo [a Verdade]” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 545). A criação de Adão é um gritante contraste com o primeiro relato da criação. E o profeta Isaías nos aconselha: “Afastai-vos, pois, do homem cujo fôlego está no seu nariz. Pois em que é ele estimado?” (Isaías 2:22).  

A compreensão desses ensinamentos bíblicos resultou em uma cura imediata de um problema respiratório. Eu havia passado bastante tempo cuidando de uma pessoa da família. Era estressante, mas, por meio do estudo da Bíblia e das obras de Mary Baker Eddy, eu me sentia apoiada e me mantinha inspirada. Uma manhã, acordei tossindo demais. Fiquei terrivelmente assustada, pois estava com uma enorme dificuldade para respirar. Lembrei-me de algo que Mary Baker Eddy incluiu no capítulo “Desmascarado o magnetismo animal”, em seu livro Ciência e Saúde. Ela menciona o resultado apresentado em um relatório de uma comissão especial designada para pesquisar a veracidade do magnetismo animal, ou seja, o hipnotismo. Ela escreve que a comissão concluiu que: “…não há prova da existência do fluido magnético animal; que os efeitos violentos, que se observam na exibição pública do magnetismo, são devidos a manipulações, ou à excitação da imaginação e às impressões produzidas sobre os sentidos…” (pp. 100–101). 

Enfrentei o medo intenso causado pela falta de ar, reconhecendo e compreendendo que eu não iria ser manipulada por aqueles sintomas. Pensei na declaração citada no parágrafo acima, e parei para identificar e analisar cada sugestão: 1. Manipulação (eu estava encurvada, tossindo); 2. Excitação da imaginação (eu estava pensando: como peguei isso?); e 3. Sem dúvida, meus sentidos estavam impressionados! Liguei para uma praticista da Ciência Cristã, para que me desse apoio por meio da oração. Quase imediatamente me senti mais calma, e silenciosamente comecei a pensar nestas palavras: “E Deus disse”. Então ponderei que Deus, o Espírito, me criou pela Sua Palavra, e dei-me conta de que o Cristo, a Verdade, estava me sustentando. Em poucos minutos o pavor causado pela falta de ar diminuiu, e a tosse desapareceu. 

Algum tempo depois dessa cura, encontrei esta definição da palavra tosse em um dicionário: “esforço violento dos pulmões para expulsar alguma substância ofensiva…” (American Dictionary of the English Language [Dicionário da língua inglesa], de Noah Webster, 1828). Pensei no que havia acontecido, ou seja, que eu havia eliminado uma falsa crença de que eu era material e mortal, como Adão, e substituído esse falso senso com a Palavra de Deus, que declara o homem feito à imagem e semelhança de Deus. O falso senso não podia violar ou usurpar minha identidade de filha de Deus. O medo de não conseguir respirar fora expulso pela tranquila compreensão de que minha respiração vinha de Deus, o Espírito, e que portanto era espiritual e eterna, não física, não material, e eu jamais poderia ser despojada dessa respiração. Essa compreensão espiritual do que Deus cria havia eliminado a falsa crença de que o homem fosse criado do pó da terra, em vez do Espírito. 

O Evangelho segundo o relato de João diz que, após a crucificação e ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos, mostrou-lhes seus ferimentos, respirou sobre os alunos, e disse-lhes: “…Recebei o Espírito Santo” (20:22). No Glossário de Ciência e Saúde, o Espírito Santo é definido como “A Ciência divina; o revelar-se da Vida, da Verdade e do Amor, que são eternos” (p. 588, itálicos acrescentados). Estaria Jesus mostrando aos discípulos que a vida do homem, a respiração ou fôlego do homem, é espiritual, eterna, e independente do corpo, não sujeita a condições corporais, nem à morte? Essa revelação pode ter sido o que inspirou o autor daquele Evangelho a escrever que o Cristo era o Verbo, a Palavra, o espírito de Deus, “no princípio”, quando Deus criou o homem, inclusive você e eu, à semelhança do Espírito, a Vida divina imortal. A respiração do homem, nossa própria existência, é espiritual e inviolável e jamais pode ser interrompida ou infringida. 

Ao mesmo tempo em que todos podemos orar, apoiando os que trabalham na área de saúde e outros que dão o melhor de si para servir à humanidade por meio do trabalho que fazem, agora pode ser também o momento para os Cientistas Cristãos buscarem, por meio de suas orações, uma compreensão mais profunda da garantia e certeza a respeito da respiração do homem como a imagem e semelhança de Deus. Quando oramos, podemos reconhecer e declarar continuamente que o homem, cada um de nós, foi criado pelo Espírito; que esse homem não está limitado a depender de uma máquina para respirar. O sopro da Vida, Deus, o Espírito, está com o homem, e essa verdade ressuscitadora é imediata. Deus criou o homem e a mulher por Sua Palavra. Podemos reconhecer e declarar essa verdade quando oramos pela humanidade inteira. Jesus demonstrou que sua existência não mudara após a morte, quando respirou sobre seus discípulos, e, portanto, o homem também não pode ser despojado da respiração. 

Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy define Jesus como “O mais alto conceito humano e corpóreo da ideia divina, que repreende e destrói o erro e traz à luz a imortalidade do homem” (p. 589). E ela define o Cristo como “A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado” (p. 583). Jesus nos disse para ir a todo o mundo e curar, e também que faríamos obras maiores do que as realizadas por ele. Todos podemos mostrar que a Palavra de Deus, vivida e demonstrada por Jesus, ainda está presente, vindo à carne (a cada um de nós), da mesma forma que Jesus veio a seus discípulos após a ressurreição e respirou sobre eles, ensinando que a vida é imutável em Deus, independentemente das condições e circunstâncias. 

Quando ouvimos os noticiários, que às vezes vêm impregnados de medo, dediquemos um momento para incluir em nossas orações a ideia de que o Cristo, a Palavra de Deus, está sempre presente junto à humanidade inteira. Declaremos que ninguém pode ser despojado de sua verdadeira respiração espiritual, a Palavra. Apoiemos nossos companheiros de jornada, homens e mulheres, por meio de nossas orações, declarando e reconhecendo que Deus, o Espírito, criou todos os indivíduos à Sua imagem e semelhança, e os está sustentando, pois somos Seus amados filhos e filhas. E que reconheçamos que essa verdade é o ar, o sopro, a respiração deles, exatamente onde eles estão, exatamente agora, e sempre. 

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