Sentia-me fisicamente fora de ritmo. Alguns chamariam isso de arritmia cardíaca. Independentemente do que fosse, estava afetando meu nível de energia. Eu tinha dificuldade até para ler um livro de histórias para minha netinha, que estava me visitando junto com o pai e os irmãos. Sentia-me ainda mais ansiosa porque queria muito que todos se divertissem.
Por várias semanas, antes dessa ocasião, eu tivera bastante cuidado em abordar os problemas em oração, à medida que iam surgindo, e me voltara imediatamente para a Verdade espiritual. Por isso, eu não iria deixar esse problema para depois.
Naquela noite, retirei-me um pouco, para ficar sozinha e orar da maneira como havia aprendido na Ciência Cristã. Prestei muita atenção — sem pensar em nenhum problema em especial — ao que meu Pai-Mãe, Deus, o Espírito infinito, estava me dizendo. Logo ficou claro que eu precisava orar para despertar, em vez de tentar consertar o problema com a oração. Precisava acordar da visão limitada de mim mesma, de que eu era vulnerável e estava envelhecendo, para reconhecer meu verdadeiro existir como ideia espiritual ilimitada. O homem não está preso à matéria. Nem agora, nem nunca. É natural estarmos despertos para o Espírito e vivenciarmos seus efeitos vivificantes. Eu podia despertar desse problema, assim como posso despertar de um sonho noturno.
O que me veio à mente, depois disso, foi a palavra ritmo junto com esta clara mensagem: você precisa ter um senso melhor de ritmo, isto é, o senso espiritual de ritmo.
Mary Baker Eddy escreveu sobre o ritmo do Espírito: “Quanto mais deveríamos procurar captar as ideias espirituais de Deus, em vez de nos deter nos objetos dos sentidos! Para discernir o ritmo do Espírito e para ser santo, o pensamento tem de ser puramente espiritual” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 510).
Mas o que é exatamente o ritmo do Espírito?
A Sra. Eddy escreve: “A Mente imortal é Deus, o bem imortal; no qual as Escrituras dizem que: ‘vivemos, e nos movemos, e existimos’. Portanto essa Mente não está sujeita a crescimento, mudança ou diminuição, mas sim é a inteligência divina, o Princípio, de todo o verdadeiro existir; que mantém o homem para sempre no ciclo cadenciado do desdobramento da suprema felicidade, como testemunha viva e ideia perpétua do bem inesgotável” (Escritos Diversos 1883–1896, pp. 82–83).
Que maravilha, sermos mantidos neste lugar: no ciclo cadenciado do desdobramento da suprema felicidade! Não somos uma mera ideia fortuita de Deus, o bem, mas sim[SMS1] Sua ideia perpétua e inesgotável. Isso vale para cada um de nós. Os ritmos materiais, tais como pulsos elétricos ou contrações musculares, não são capazes de impulsionar ou manter uma ideia espiritual do bem. Não podem afetar a identidade espiritual do homem, assim como um ímã não tem efeito sobre o ouro puro. Vivemos sincronizados com o ritmo do Amor divino, Deus, não com as crenças materiais.
Ao orar dessa maneira, comecei a ver que qualquer ritmo “fora do compasso” não é ritmo, porque nada pode interferir no Espírito. E a harmonia em cada um de nós enquanto homem, a ideia de Deus, “… não pode ser invadida, assim como é impossível invadir o ritmo do universo …” (Mary Baker Eddy, Retrospecção e Introspecção, p. 61).
O ritmo do Amor nunca perde o compasso. Nunca é desarmonioso nem está desalinhado. Move-se pela graça que faz com que todo movimento natural avance, e com que a cadência do universo seja progressiva. Além disso, a Verdade, outro sinônimo de Deus, está perpetuamente se fazendo conhecer; é o próprio ritmo do pensamento. E quando a humildade abre caminho para ouvir e sentir esse ritmo, ele fica muito evidente. Ele se expressa por meio da Mente única e divina, não pela matéria e é visto na vida que não mede o tempo e na saúde perfeita, não na doença, no pecado ou na morte.
Esse ritmo do Espírito guia cada ação. Seu padrão espiritual vivificante nos energiza. É por isso que podemos viver sem pressa, sem fardo e sem nos preocupar com nada.
Ponderei sobre o fato de que o Amor ilimitado nunca se atrapalha, nem se antecipa. Nunca fica ansioso, nunca chega cedo demais nem tarde demais, nunca fica impedido nem é interrompido. O homem e o universo são governados pelo Princípio único, Deus, portanto, não podem estar fora de sincronia. Tampouco pode o Amor gerar sequências de maldade, fadiga ou problemas de saúde. O Amor tece constantemente suas boas ideias como um tecido unificado em vários ritmos harmoniosos.
Todas as ideias se movem dentro dos tons e realces espirituais, cada função perfeitamente ritmada. Além disso, o pulso calmo e constante do Espírito pode ser discernido até mesmo quando alguma crença descompassada parece estar em evidência. Na proporção em que o pensamento se torna mais espiritual, sentimos e expressamos uma harmonia mais perfeita em nosso dia a dia.
Com esses pensamentos confortantes e poderosos, eu adormeci em paz. Na manhã seguinte, o problema físico havia desaparecido. Não havia mais exaustão, apenas muitas histórias felizes e brincadeiras animadas.
O dia terminou com um dos meninos me pedindo ajuda para uma canção que estava compondo em seu novo teclado. Sugeri que ligássemos o metrônomo. Pedi-lhe, então, que ouvisse com atenção. Foi um momento muito elucidativo. Ele ouviu a batida compassada e reconheceu que ela está por trás de tudo, dando forma aos padrões rítmicos e às melodias que ele queria para sua canção. Isso orientará todos seus esforços musicais, pensei, assim como uma melhor compreensão da batida compassada do Espírito sempre guiará minha compreensão sobre a saúde e o bem-estar.
O restante daquela semana com a visita da família foi sem incidentes e alegre — com um ritmo animado, fruto do progresso espiritual.
Estou aprendendo a não tentar, com a oração metafísica, modificar, controlar ou consertar algum problema material, em vez disso, estou aprendendo a humildemente ouvir e despertar para o fato de que já estou em perfeita sincronia com o ritmo do Espírito, que é constante, alegre e está sempre presente.
Você também permanece no compasso sagrado do Espírito, no “ciclo cadenciado do desdobramento da suprema felicidade”.
