A empresa do meu marido vinha passando por dificuldades havia algum tempo e estava, naquele momento, enfrentando sérios problemas financeiros. As dívidas estavam se acumulando. Vendemos um terreno para pagar impostos em atraso e evitar o fechamento, mas isso não era o suficiente para a empresa continuar funcionando. Ainda estávamos com muitos pagamentos de impostos pendentes e, nessa situação, não conseguíamos obter a certidão negativa de tributos de que precisávamos para comprar um novo veículo para as entregas. O veículo que tínhamos estava velho e quebrava com frequência, causando atrasos na entrega dos nossos produtos e mais perda de receita. Nossa concorrência estava se aproveitando dessa situação, cobrando preços mais baixos que os nossos e conquistando nossos clientes; também havia alguns comentários desagradáveis e acusações maldosas contra nós. Além disso, nossos fornecedores estavam querendo aumentar os preços e, como nossos pagamentos estavam atrasados, eles acabavam encerrando nossas contas.
Nossa situação econômica estava se deteriorando a cada dia. Parecia que nada poderia nos salvar da falência.
Então, nossa empresa ficou inativa durante três meses, quando a pandemia eclodiu, e estávamos correndo o risco de perder nossa casa.
Quando as coisas começaram a parecer desesperadoras, pedimos ajuda a um praticista da Ciência Cristã e, algum tempo depois, começamos a sentir o efeito de suas orações. Houve muitos momentos de revelação, mas meu marido e eu acabamos percebendo que precisávamos parar com toda preocupação, planejamento e esforços humanos para controlar os eventos (que pouco ajudavam na resolução dos problemas) e começar a orar. Todos os dias afirmávamos a totalidade de Deus e nos esforçávamos para reconhecer que o Princípio divino, não a vontade humana, é que estava governando cada aspecto do nosso negócio. Com humildade, ouvimos — ouvimos de fato — o “cicio tranquilo e suave” de Deus.
Naquele período, eu era a Primeira Leitora de nossa igreja. Certo domingo, durante o culto, a frase “Seja feita a Tua vontade” não parava de vir ao meu pensamento. Essa é uma afirmação contida na Oração do Senhor, a oração que Cristo Jesus ensinou aos seus discípulos. É um dos pontos principais das orações das congregações nos cultos dominicais em todas as Igrejas de Cristo, Cientista.
Foi somente depois do culto que tive a oportunidade de pensar mais profundamente sobre o que realmente significa deixar que a vontade de Deus seja feita. A mente humana sempre sugere que precisamos “fazer algo” — agir de alguma forma — para nos desvencilharmos de um problema. Mas essa ação, quando for baseada na voluntariedade ou no raciocínio humano, pode ser mal orientada. A vontade humana nos obriga a obter resultados, e nos faria resistir ao máximo àquilo que não queremos fazer, e que poderia, com efeito, ser o melhor caminho. A Descobridora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A força de vontade é apenas um produto da crença e essa crença comete depredações contra a harmonia” (p. 490). O termo “depredação” é definido como um ato de roubo ou pilhagem. Ocorreu-me que eu e meu marido estávamos, de fato, roubando nossa harmonia ao insistir para que os assuntos do dia a dia relacionados aos nossos negócios fossem conduzidos à nossa maneira. Foi preciso humildade para frear o esforço humano, toda a pressão e as exigências, e deixar que a vontade de Deus fosse feita, confiando em que nosso negócio se desdobraria de acordo com a Mente divina.
À medida que eu orava, entendia que a empresa era verdadeiramente uma ideia de Deus e estava sob o controle harmonioso da Mente. Também reconheci que ela refletia a atividade ininterrupta e a completude da Vida divina, a honestidade da Verdade, a integridade do Princípio, a cooperação do Amor. Não há vácuos no reino de Deus e não existem buracos a serem preenchidos, pois o Amor divino preenche todo o espaço. E não pode haver concorrência ou pressão por uma melhor posição, quando todos têm aquilo de que necessitam, e se movem de acordo com a orientação de Deus.
Cada uma das ideias de Deus é completa e nunca precisa pegar emprestada a luz de outra ideia para brilhar. Deus é a fonte do bem para todos; Ele é o único fornecedor, e nos fornece o bem em abundância. Todos os nossos clientes estavam se beneficiando da constância dessa fonte divina, que estava provendo uma cadeia de suprimentos infinita e ininterrupta. A Bíblia diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1:17). O que esse versículo nos diz é que o Amor divino proporciona o bem a todos, direta e igualmente, e não o nega a ninguém. Eu sabia que cada um dos nossos fornecedores era governado por essa lei divina e podia reconhecer a evidência da continuidade do bem.
Percebi que nossa estabilidade financeira não dependia de nenhuma circunstância humana, mas, sim, do reconhecimento desses fatos espirituais. Os obstáculos mentais diários — as ideias que impregnavam o meu pensamento, e que sugeriam que nosso negócio não era bom o suficiente, que a economia do país estava piorando, e assim por diante — foram superados por meio da oração diária. Descobri que a palavra “ingrain” em inglês [traduzida ao português como “impregnar”] originalmente significava tingir um tecido permanentemente, como se costumava fazer durante o período do império romano, com o corante obtido da cochonilha, que não saía nunca do tecido. Recusei-me a deixar que o medo e a dúvida ficassem impregnados em meu pensamento. Lembrei-me da experiência de Pedro, que saiu da prisão caminhando livremente apesar de ter sido acorrentado entre dois guardas (Atos 12). Pedro não sabia como Deus iria salvá-lo, e nós precisamos orar com a mesma fé que o salvou.
Algum tempo depois, as providências a serem tomadas foram surgindo e as coisas começaram a mudar. Um a um, nossos clientes voltaram a fazer negócios conosco. Conseguimos pagar nossos impostos e, após a emissão da certidão negativa de tributos, compramos um veículo novo. Tudo isso ocorreu durante o período de rígidas medidas de isolamento social. Nossos concorrentes também nos procuraram pedindo ajuda e a hostilidade que havíamos sentido daquele setor dissipou-se por completo, deixando uma relação de trabalho harmoniosa que continua até hoje. Também conseguimos comprar um segundo veículo, dobrando nossa capacidade de entrega, além de contratar outro funcionário para ajudar com a súbita chegada de novos clientes.
No ano passado, nossa província de Cuazulo-Natal foi atingida por condições climáticas extremas e inundações, e o nosso depósito de suprimentos ficou completamente destruído. Parecia que nenhum suprimento chegaria à área costeira onde estávamos, e os fornecedores não tinham ideia de quando ou mesmo se voltariam a comercializar seus produtos.
Surpreendentemente, recebemos um telefonema de alguém que eu jamais poderia imaginar: nosso concorrente. Ele disse que poderíamos comprar dele os produtos de que precisávamos, pois o fornecedor dele não havia sido afetado. Nós nos sentimos imensamente abençoados! O apóstolo Paulo encorajou esse espírito de desprendimento do ego e generosidade, quando disse aos Coríntios: “Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade, suprindo a vossa abundância, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim, haja igualdade” (2 Coríntios 8:13, 14).
Continuei a orar para reconhecer que nada poderia ser acrescentado nem tirado do fluxo contínuo do bem, e logo depois nossos fornecedores voltaram às atividades para a surpresa de todos.
Relato essa experiência na esperança de que ela sirva de encorajamento para aqueles que estejam enfrentando dificuldades financeiras neste período de desafio econômico, pois ela ilustra o cuidado de Deus por todos os Seus filhos. Temos apenas de abandonar a vontade humana e confiar em que a vontade de Deus para nós é boa — e então deixar que a Sua vontade seja feita.
