Pensamos, às vezes, que na vida nossas necessidades primárias sejam materiais — a necessidade de encontrarmos alívio para uma dor, de nos libertarmos de uma doença, a necessidade de nos alimentarmos, de conseguir meios de transportes, de companhia. O fato, porém, é que, a não ser que procuremos essas coisas no Espírito, poderemos excluir de nossas vidas aquelas coisas pelas quais clamamos. Cristo Jesus disse: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino [o reino de Deus] e a sua justiça.” A seguir Jesus indicou os frutos que resultam dessa busca, nas seguintes palavras: “E todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mateus 6:33;
Quando nos achamos doentes ou sentimos dor, devemos, certamente, trabalhar para obter cura e conforto. Como preliminar para se adquirir um estado normal de bem-estar, não se deve condenar a oração que visa obter libertação física. A Sr.a Eddy escreve em Ciência e Saúde: “O desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações.”Ciência e Saúde, p. 1;
Os estudantes de Ciência Cristã, em sua fase inicial de crescimento, tendem muitas vezes, a confundir a demonstração da Verdade com os frutos humanos dessa demonstração. Na Ciência Cristã não demonstramos coisas materiais, porém demonstramos a realidade e as regras do ser divino. Tornamos realidade em pensamentos, palavras e ações, os fatos espirituais do ser que compreendemos. Como o matemático, não só compreendemos a regra, mas empregamos essa regra para resolver um problema na demonstração de seu princípio. A regra permanece absoluta e perfeita enquanto está sendo aplicada ao problema em questão.
Suponhamos que alguém se defronte com uma situação difícil na vida. Não lhe seria suficiente orar para haver uma modificação em sua vida exterior. Se estiver interessado apenas nos sinais e maravilhas, que atitude mental estará presente, pela qual possa a verdade espiritual atuar com eficácia?
Até que o pensamento ceda à realidade espiritual, ainda que só levemente, como poderá o poder benéfico de Deus obter algum modo apropriado pelo qual mostrar sua eficácia?
Certa vez caí e machuquei gravemente o tornozelo. A dor foi tão intensa que de início a única coisa que pude pensar, foi em como me livrar daquele desconforto. Mas uma verdade que muito ajudou, veio-me ao pensamento. Naquele instante, eu estava olhando para meu pé. Repentinamente tornou-se-me claro que, uma vez que o homem é espiritual e não material, eu não poderia, em meu verdadeiro ser, sofrer dor material. Essa dor era apenas uma ilusão mental. Assim como o sapato que eu calçava não tinha sensação, assim também meu pé não tinha sensação. A dor cessou instantaneamente e não voltou. Toda evidência do ferimento desapareceu em alguns dias.
Se estamos procurando a cura, seja do que for, é apropriado — e até mesmo essencial — considerarmos que Jesus requeria que buscássemos em primeiro lugar uma compreensão acerca de Deus e de Seu reino. Se não o fizermos, a cura será protelada até que o pensamento esteja pronto para crescer em compreensão espiritual. No meu caso, antes que a dor cessasse, tive de me tornar consciente de uma verdade espiritual e aplicá-la, em vez de concentrar meus pensamentos em um corpo físico, ou em obter conforto meramente físico.
O pensamento, porém, nunca estará preparado para o crescimento espiritual, enquanto não desejarmos ardentemente esse crescimento — enquanto não estivermos dispostos a aceitar a verdade que será o antídoto da crença errônea que causou o desconforto. E isso é mais do que mero consentimento em palavras. É um consentimento genuíno e de coração, que fazemos à verdade, o qual se sente, mesmo que apenas fracamente, na consciência daquele que deseja receber auxílio. Para haver a cura, esse sentimento precisa, porém, crescer e ser nutrido.
Aquilo de que verdadeiramente necessitamos não é mera saúde física, mas sim saúde espiritual, ou a consciência da realidade. Esta saúde é um fato espiritual acerca de Deus, um estado do céu sempre à mão, e que se expressa inteiramente no homem. Aquele que necessita cura deve atender ao conselho da Sr.a Eddy: “Precisamos perscrutar profundamente o realismo, em vez de aceitar apenas o sentido exterior das coisas.”ibid., p. 129.
Aqueles que olham apenas para o que é normal, externa e fisicamente, e buscam tal coisa, tendem a interferir um tanto na cura. A realidade espiritual é um fato permanente. Inclui saúde perfeita e eterna, um estado puro e santo do homem como semelhança de Deus. Será que aqueles que necessitam de cura, estão receptivos à compreensão espiritual e a estão expressando — será que estão se esforçando para obter um conhecimento claro de qual é o seu verdadeiro estado, como imagem e semelhança de Deus? Se assim for, não só ficarão curados do estado errôneo, mas ainda se elevarão muito mais, mentalmente.
Por mais legítimos que sejam nossos desejos, deixemos que a aspiração por uma vida humana melhor, ou por corpos mais sadios, ceda à benéfica fome espiritual de compreensão demonstrável do ser real. Estas coisas que serão acrescentadas aparecerão, também, à medida que nossos pensamentos aceitarem o Cristo que cura, isto é, a Verdade.
