Você se considera construtor de uma civilização? A história de amanhã ainda não foi escrita; se ela dirá que em nossa época a civilização progrediu ou regrediu depende de nós.
Hoje a função da família pode ser particularmente significativa. Conquanto tenha havido historicamente casos em que o casamento foi posto de lado, a família regular, composta de mãe, pai e filhos, vale-se da lei cristã em seu preceito moral para o casamento. Enquanto a progênie continua a resultar do relacionamento de dois indivíduos, o relacionamento familiar legítimo é importante na edificação da civilização. Claro está que se cabe à família realizar esse propósito, é preciso que ela esteja solidamente alicerçada, e que seus membros, solidários entre si, se edifiquem reciprocamente e não se destruam.
Se alguém vive dentro da estrutura de uma família regular composta de pais e filhos ou vive fora dela, sua atitude e orações, que dizem respeito à harmonia e ao progresso da família, são de vital importância. Para tornar a família um bloco edificador da civilização, precisamos começar com a visão mais elevada e mais abrangente de família — a visão espiritual. Também precisamos estar dispostos a trabalhar por um relacionamento familiar mais puro, exatamente ali onde nos encontramos. E qual é a visão espiritual de família? Não será aquela da paternidade e maternidade de Deus, “de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra” Efésios 3:15;? Um recente artigo de jornal, intitulado “A família — viva e ativa”, observa: “Só 13 por cento da população vive fora do vínculo familiar — padres e freiras, pessoas que moram em pensões e comunas, cidadãos idosos solteiros e jovens adultos que vivem a sós.” Chicago Tribune, 24 de julho de 1979;
A grande maioria, então, pelo menos nos Estados Unidos, vive dentro “do vínculo familiar”. Por mais animador que isso possa soar a uma nação que conhece bem o grito desesperado de que a família está desfeita, quase todos têm uma experiência de primeira mão de que “os laços de família” merecem ser purificados e fortalecidos.
Uma visão mais espiritual daquilo que nos liga uns aos outros faz-se necessária. Pode-se dizer que a visão mais clara desse elo sobre a terra está contida nas inspiradas palavras de S. Paulo aos romanos referentes à Igreja cristã: “Conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros.” Romanos 12:5;
Assim, também, todos os membros da família podem aprender a ser “membros uns dos outros”, quer a família em que se encontrem seja uma família construída em torno do casamento, de uma atividade comercial, quer se trate de uma família comunitária, ou da família toda composta pela humanidade.
Essencial para se conservar a união em quaisquer dos segmentos da família composta pela humanidade é conseguir a compreensão espiritual de que o homem é a idéia de Deus. A Sra. Eddy escreve: “O homem, como idéia ou imagem e semelhança do Deus infinito, é uma idéia composta, complexa, ou a semelhança do infinito um, ou do um infinito, cuja imagem é o reflexo de tudo o que é real e eterno em identidade infinita.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 239;
Embora a família regular composta de pai, mãe e filhos requeira a principal atenção, a devoção a ela não é incompatível com a devoção aos que vivem fora dela, isto é, os grupos semelhantes a famílias. Esses interesses, bem atendidos, podem favorecer não só os indivíduos como também suas “famílias”.
Reconhecer o verdadeiro vínculo de união que há entre nós e cada um dos outros indivíduos e agir de maneira útil e envolvente, associada com os relacionamentos e responsabilidades de família, é uma resposta ao amor-próprio narcisista que tanto caracterizou a década dos setenta. Demonstrações de nossa unidade espiritual talvez tenham implicações variáveis para o vínculo familiar. É interessante notar que a querida afirmação das Escrituras: “Deus faz com que o solitário more em família” vem seguida, no mesmo versículo, de “tira os cativos para a prosperidade” Salmos 68:6;.
Pode haver ocasiões em que a permanência de um membro no vínculo familiar não promova o tipo certo de solidariedade familiar. Muitas vezes essa ocasião é uma hora de desalento, com certeza uma hora de desapontamento — quando parceiros de casamento se separam; quando pais não mais conseguem sustentar filhos ou filhas sem serem obrigados a sustentar o vício em drogas ou um caso criminal; quando a dominação dos pais ou os laços de família e as tradições são tão rígidos que um membro da família fica ameaçado de perder sua identidade, por ter de participar de ações e tomar atitudes contra sua própria ética.
Talvez haja lágrimas até mesmo quando o ato que liberta o indivíduo de um vínculo familiar em especial não signifique fuga do cativeiro mas um passo legítimo de progresso. Ambas as decisões nas relações humanas são abençoadas se houver uma visão espiritual mais ampla da família do homem.
Essa visão mais ampla, embora purificadora, exige também ação para que dia a dia seja cultivada a solidariedade familiar ali mesmo onde nos encontramos.
Acaso não haverá ao alcance da boa vontade de cada um de nós, agora mesmo, a oportunidade de incrementar os interesses e partilhar as responsabilidades de um membro do grupo que consideramos nossa família? Na medida em que os interesses e as responsabilidades se fundem, os objetivos que possam ter sido tangenciais ou mesmo contrários começam a se realinhar e a se juntar.
A coesão resultante na família, quer de natureza biológica quer outra qualquer, não só serve à humanidade e ajuda a ancorar a civilização contra o declínio; também serve a Deus.
Conquanto seja axiomático que servir a um só Deus aproxima a humanidade toda, é igualmente verdadeiro que nossa aproximação baseada na pureza de afetos serve melhor ao nosso Deus. “O cimento de uma humanidade mais elevada unirá todos os interesses na única divindade” Ciência e Saúde, p. 571., escreve nossa Líder, a Sra. Eddy, no livro-texto da Ciência Cristã.
Para muitos, esta meta tem trazido cura, capacitando-os a fazer os sacrifícios exigidos para purificar e cultivar a solidariedade na família — seja qual for o segmento familiar — mesmo antes de se experimentar a doce recompensa da união.
