Na literatura em geral, inclusive na Bíblia, os rios são expressivos símbolos de comunicação, proteção, suprimento e purificação. Através do Jardim do Éden, como o descreve o segundo capítulo do Gênesis, corria uma corrente que se dividia em quatro rios. No final do Apocalipse, quando o céu é representado pela consciência espiritual, simbolizada na cidade de Deus, os quatro rios tornam-se uma só poderosa corrente, que emana do trono de Deus em pureza e perfeição, que sustenta a vida e produz um ambiente de santidade propício à cura.
No Glossário de Ciência e Saúde a Sra. Eddy assim inicia sua definição de “rio”: “canal do pensamento.” Ciência e Saúde, p. 593; E, além disso, alude ao tipo de força-pensamento representada pelos quatros rios mencionados no Gênesis: Pisom, Giom, Tigre e Eufrates. De todos eles, o Pisom oferece esclarecimento específico ao Cientista Cristão que procura compreender, por meio da oração, como ajudar a curar o mundo de fealdade, depravação e privações. A Bíblia diz sobre o Pisom: “O que rodeia a terra de Havilá, onde há ouro. O ouro dessa terra é bom.” Gênesis 2:11, 12; E Ciência e Saúde interpreta-o como “o amor ao bem e ao belo, e a imortalidade destes” Ciência e Saúde, p. 593;.
Enquanto eu pensava neste rio e em seu significado para mim, vi que Deus, a Alma, expressa a bondade e a beleza como elementos da natureza do homem. O Amor divino está refletido no amor do homem ao bem. O homem imortal não é nascido da matéria, não está sujeito a nascimento, tempo, espaço ou destruição. O bom e o belo na constituição do homem — o ouro — não estão sujeitos a acidentes de nascimento, a formações de genes ou cromossomos; não dependem da personalidade, do meio ambiente nem da educação. A beleza pode ser vista como elemento da automanifestação de Deus no homem. O bem é um elemento eterno inerente à essência da Vida divina, que cria e envolve a todos nós.
Nosso desejo natural e força motriz incluem “amor ao bem e ao belo”. Deus acalenta o bem. Nada pode realmente remover a atração do bem espiritual. Essa atração não pode ser entorpecida, obstruída, poluída nem invertida; é dinâmica espiritual auto-afirmativa! Como um rio — específico em localização e função, se já foi ou não deçoberto — o amor ao bem é um traço imortal da identidade de cada pessoa: e está aí para ser descoberto e apreciado por meio da atividade da compreensão espiritual científica. Entrever esse fato, em vez de perceber a fealdade e o vazio da crença mortal, é obter uma perspectiva mais espiritual.
Que força sanadora para se manter em ação na perspectiva consciente: o verdadeiro discernimento de que o homem na Ciência, em vez de ser alguma mentalidade imperfeita à parte da Mente, na realidade vive no Espírito, Deus, cercado pelo amor imortal do bem inestimável! Esse discernimento purifica a corrente do pensamento geral. O Cientista Cristão, sabendo que cada pessoa tem sua individualidade derivada do Pai, pode ajudar a trazer à tona a presença do discernimento espiritual em cada pessoa que encontra. O toque de nosso pensamento traz cura se estiver cheio de amor e verdade, pondo em ação as águas vivas do Pisom.
Por exemplo, muitos de nós ocasionalmente observamos uma aparente falta de educação: a propriedade de um vizinho é negligenciada, alguém tem falta de asseio, um colega é vulgar, motoristas são rudes, prédios são danificados, cidades e campo tornam-se depositórios de lixo, há vandalismo. Que fazemos? Reagimos com irritação? Indiferença? Desanimamos diante de tanta brutalidade? Então como seremos melhores do que o sacerdote e o levita descritos na parábola de Cristo Jesus, que passaram de largo diante de uma cena brutal? ver Lucas 10:30-37; Se podemos ser enganados e levados a aceitar como real para qualquer pessoa a ausência do bem, não teremos então reconhecido essa carência em nossa própria consciência?
Na Ciência não podemos nos afastar simplesmente de qualquer sugestão de que a totalidade do Amor signifique algo menos do que Sua onipresença, aqui e agora. Podemos saber que os elementos espirituais da Mente inteligente e infinita, exemplificados pelas águas do Pisom, estão ativos na consciência de cada indivíduo. Podemos permitir a nós mesmos sermos transparência à presença do bem para que este se imponha irresistivelmente no caso em questão.
Vivemos num universo mental, onde formas de pensamento são vistas como coisas. Se a cena diante de nós não corporifica as qualidades de Deus, não tem entidade nem Princípio que a sustente. Sendo uma espécie de erro, está sujeita ao pensamento capacitado pela Verdade. A mentalidade humana inspirada pela Ciência Cristã é um bom samaritano. Essa consciência pode fazer muito para purificar, embelezar e iluminar permanentemente a humanidade, pois focaliza a verdade e traz à luz fatos espirituais por onde quer que ande.
À medida que o nosso pensamento move-se ao ritmo do Pisom, estaremos menos sujeitos às correntes contrárias da crença mortal: a turbulência da malícia, da dúvida, do medo; o veneno dos mexericos e do sentido pessoal; as ondas do falso egoísmo que adulteram a ação mental correta. Os próprios infinitésimos do nosso pensamento passarão por um batismo espiritual que será purificado dos elementos corrosivos por este “amor ao bem e ao belo”. Os resultados aparecerão em maior pureza e paz de forma e função, numa crescente capacidade de ser o agente natural de Deus em favor da verdade que liberta.
Quando nos defrontamos com as discórdias do mundo, podemos soltar as correntes do Pisom. Podemos saber que a infinita sabedoria de Deus está formando condições corretas universal e especificamente, sempre se comunicando conscientemente, sem restrição de tempo, lugar ou pessoa. Em vez de qualquer desesperança ou desamparo, onde quer que apareçam a turbulência, a injustiça, a depravação, ali as belas formas da Mente infinita estão na verdade estabelecidas e revelando-se como a verdadeira identidade do homem. Nessa luz cristã, todos são auxiliados a perceber idéias mais elevadas, corresponder a motivos melhores e acalentar afetos mais elevados.
Ciência e Saúde diz: “As correntes calmas e fortes da verdadeira espiritualidade, cujas manifestações são a saúde, a pureza e a imolação do próprio eu, têm de aprofundar a experiência humana, até que se veja que as crenças da existência material não passam de insolente imposição, e que o pecado, a doença e a morte cedem o lugar, para sempre, à demonstração científica do Espírito divino e ao homem de Deus, homem este espiritual e perfeito.” Ciência e Saúde, p. 99; À medida que sentimos estas correntes com mais segurança graças à oração, ao estudo e à prática, tornamo-nos mais desejosos de cessar de argumentar a nosso respeito e com relação a outros. Seremos menos perturbados pela ilusória aparência do erro e mais cientificamente exatos em nosso conhecimento de que o bem é a única lei em nossa experiência. O Salmista escreveu: “Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus.” Salmos 46:4.
Compreendendo que nossa capacidade de viver e amar o bem é imortal, tornar-nos-emos menos temerosos das limitações inerentes a um solitário sentido pessoal. Estaremos menos sujeitos a reagir emocionalmente à ilusão de fealdade. E saberemos que a vitalidade do bem flui de Deus e para Deus, na eterna realização do ciclo da Vida. Nenhuma forma de vida jamais pode estar fora de Deus.
