Na ocasião em que meu marido começou a fazer um curso de mestrado, nosso filho contava três meses de idade. Sentia-me feliz por ser quem trabalharia para sustentar a casa pelos dois anos seguintes, enquanto meu marido prosseguia em seus estudos. No entanto, não estava muito disposta a deixar outra pessoa tomar conta de nosso filho durante o que eu considerava um período crucial de aprendizado em sua vida. Entrementes, deixávamos a criança com uma ama-seca durante o dia e eu trabalhava no centro da cidade.
Por três meses desejei saber como desempenhar melhor meu papel de mãe e conhecer o que era o melhor para a criança. Raciocinei dos dois lados da questão. De um lado, eu via os méritos em abrir mão de um falso conceito de responsabilidade que me fazia sentir se minha obrigação estar presente para que a criança recebesse, de fato, cuidados de mãe. De outro lado, desejava dizer não aos temores e barreiras que me impediam de estar em casa com nosso filho. Orava para me dispor a aceitar qualquer coisa que melhor servisse a Deus.
Considerei meus motivos para querer trabalhar em casa, e indaguei-me quais os talentos que eu tinha para oferecer aos outros. Devido às minhas habilidades como secretária, pensei em fazer trabalhos de dati-lografia. Com certeza havia estudantes na universidade que meu marido freqüentava que necessitavam serviços de datilografia. Cada pensamento construtivo e virtuoso era contrabalançado pelo ceticismo. Seria possível confiar nesse tipo de trabalho, e quão realista estaria eu sendo de verdade a respeito de minhas responsabilidades financeiras?
Quero deixar claro que eu não sabia de fato o que fazer. Tudo o que sabia era que tinha igualmente responsabilidades com relação ao nosso filho e aos nossos credores. Queria que minha vida como mãe e como assalariada demonstrasse meu amor a Deus. No livro Ciência e Saúde a Sra. Eddy diz (p. 1): “O desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações.” Permanecer em meu trabalho no escritório seria errado se eu de fato mostrasse falta de confiança em Deus, mas uma inovação nos meus arranjos de trabalho mostrariam meu amor a Deus só se tivessem caráter altruísta. A avaliação honesta de minhas atitudes proporcionou-me um retrato mais fiel de mim mesma. Comparei esse retrato com o meu desejo de amar mais a Deus, e desta forma pude ver onde estavam as falhas. Isto ajudou-me a decidir qual a atividade que melhor me levaria na direção que eu desejava ir.
Comecei a sentir que cuidar eu mesma do nenê e fazer trabalhos de datilografia em casa era o meio mais altruísta dos dois e, assim, eu serviria melhor a Deus. Contudo, dia a dia, levei esta convicção ao altar mental e a depus ali, analisando os motivos que me impeliam a fazê-lo. Eu desejava sacrificar a convicção para a qual eu me inclinava se estivesse chamando de altruístico algo que, na verdade, seria em proveito próprio apenas.
Com essa mistura de convicção e sacrifício em minha oração diária a respeito do caso, pus à prova a idéia e anunciei que me dispunha a datilografar à noite e nos fins de semana. Muito em breve, o trabalho de meio-período estava rendendo uma quantia de dinheiro igual ao meu salário líquido como secretária. Senti que minhas orações purificadoras de convicção e sacrifício impeliam-me para frente e não impediam a novel atividade comerical. Foi então que me demiti do emprego no escritório.
Respostas às perguntas sobre como ser mãe e como trabalhar fora do lar ao mesmo tempo foram obtidas do mesmo modo como formei meu negócio. Embora houvesse muitos dias em que eu tinha de datilografar durante catorze horas, nunca senti que o nenê estivesse descontente ou carecesse de amor. Às vezes ele brincava durante muito tempo sozinho. Na medida em que foi crescendo, no entanto, tive de aprender a datilografar em meio a interrupções constantes. Os enganos que cometi como mãe e ao trabalhar com outros foram, outra vez, razão para auto-exame. Quão interessada estava eu em servir a Deus? Estava suficientemente interessada a ponto de mudar de decisões egoísticas para decisões altruísticas? Suficientemente interessada a ponto de indagarme o que era egoísmo?
Havia grande felicidade em nossa família. Era um desafio calcular como limpar a casa, lavar a roupa, cozinhar e comunicar-me com a família em pouco tempo. Foi então que descobri que eu podia esfregar o chão enquanto assava uma pizza, ou que meu marido e eu podíamos dobrar fraldas enquanto falávamos a respeito de nossas atividades diárias. Um viver de inovações é divertido.
“Fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor. 10:31). O êxito financeiro provou-me que há muita procura de serviço altruístico. Três meses após haver começado meu negócio no lar, contratei outra mulher para ajudar-me com a datilografia. Ao fim de nove meses, minha renda era seis vezes maior do que a que eu tinha quando começara.
A resposta para alguém ser capaz de pagar as contas enquanto permanece no lar, cuidando de um filho pequeno, não é iniciar um serviço de datilografia em casa; antes, a responsabilidade de cada mãe para com sua família — quer no campo educativo quer no financeiro — é desempenhada de maneira satisfatória quando o trabalho é motivado pelo desejo de servir a Deus. Quando temos esse intento no coração, vamos a Ele em busca da resposta única às nossas necessidades. Então a singularidade modelada em nosso viver diz menos respeito à autorealização e mais ao amor orientador de Deus e a nossa própria disposição de colocá-Lo em primeiro lugar em nosso viver.
Wayzata, Minessota, E.U.A.
