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Alguns esclarecimentos sobre relações matrimoniais

Da edição de outubro de 1981 dO Arauto da Ciência Cristã


Nos últimos anos, foram publicados nos periódicos da Ciência Cristã vários artigos com relação à necessidade de se vencer diversas formas de sensualidade: adultério, homossexualidade, fornicação. As lições bíblicas No Livrete trimestral da Ciência Cristã. salientam, continuamente, a importância de nos libertarmos da escravidão, física e mental, à imoralidade em todas as suas formas.

O que dizer, porém, de relações sexuais normais, sob a proteção do pacto matrimonial? É compatível que um indivíduo, desejoso de ser Cientista Cristão ativo, tenha relações sexuais com seu cônjuge? É possível ser estudante bem sucedido de Ciência Cristã, que ensina a identidade espiritual do homem como filho de Deus, enquanto se continua a manter relações sexuais maritais? Essas questões podem ser levantadas por alguém que pensa em se casar, bem como por pessoa casada que esteja crescendo em sua compreensão de que a Vida é Deus, nunca sob condições carnais nem delas resultante. Essas pessoas talvez também perguntem: “Serei capaz de curar-me, e a outros, se ainda não superei esse aspecto específico da experiência humana?”

A fim de responder tais questões, precisamos, antes de mais nada, ver que não é errado casar-se. Num sentido absoluto, Deus é Espírito e Sua criação, inclusive o homem, é totalmente espiritual. De acordo com esse ponto de vista estritamente espiritual, tudo o que participa da crença de que a vida esteja na matéria e se compõe dos prazeres e dores dos sentidos físicos, desvirtua a realidade. Ora, os seres humanos superam as crenças de vida na matéria apenas de modo gradual. Descobrir que o Espírito, Deus, é Tudo, é um processo paulatino em que as pretensões da carne desaparecem só à medida que nos imbuímos da compreensão do Amor e da Vida divinos.

A Sra. Eddy tinha mentalidade altamente espiritualizada que lhe permitiu reconhecer que o verdadeiro status do homem, como idéia de Deus, está totalmente alheio ao sentido material de vida. Porém, ela também percebeu o atual nível de pensamento da humanidade. Assim, em resposta à pergunta: “Está o casamento mais próximo do correto do que o celibato?” escreveu: “O conhecimento humano inculca o conceito de que esteja, no entanto a Ciência indica que não está. Mas é impossível forçar a conscientização do ser científico antes que este seja compreendido, e crer de outra maneira impediria a demonstração científica.”Miscellaneous Writings, p. 288.

Os grandes personagens bíblicos também reconheciam a necessidade de se encarar com honestidade a condição humana. S. Paulo escreveu à igreja em Corinto, segundo a Revised Standard Version: “Se alguém pensa que não está tratando com decoro sua noiva, se suas paixões são fortes, e tem de ser, que faça o que deseja: que se casem — não é pecado.” 1 Cor. 7:36.

E Cristo Jesus, que de modo tão completo compreendeu sua inteireza como a expressão do Pai-Mãe Deus, disse: “Por isso deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mulher], e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” Marcos 10:7—9.

Essas declarações contidas na Bíblia indicam que casar não é pecado. Por outro lado, um celibato genuíno, proveniente de domínio demonstrado, pode ser um passo em direção à verdadeira espiritualidade. Contudo, esse ideal só se realiza por meio de um amor abnegado e de expressão cristã da verdadeira pureza. A pessoa que sente fortes impulsos sexuais e está considerando se deve se casar, precisa fazer uma análise honesta tanto de si mesma, quanto das exigências do casamento. Sem dúvida, de um ponto de vista cristão, deve haver a compreensão de que o casamento não é uma licença para autocomplacência, mas um compromisso de se zelar, de forma altruísta, por outrem; de um companheirismo vitalício e de um trabalho conjunto voltado para Deus. Aceitando isso, a pessoa talvez sinta que a estrutura moral do casamento seja o melhor meio para se demonstrar autocontrole.

Quer a pessoa se case, quer não, ou qualquer que seja o acordo matrimonial entre dois consortes, o crescimento espiritual é indispensável. Tal crescimento evidencia-se na expressão de mais pureza, mais amor abnegado, uma consciência maior de que a paciência e a moderação acompanham o domínio espiritual. O casamento, com suas exigências de altruísmo e afeto, pode ser um meio excelente para que se concretize esse viver abnegado. A consecução de um casamento bom e salutar pode ser um modo disciplinado de se vencer a preocupação com sexo. Quando o afeto recíproco e a consideração com a felicidade do outro motivam tanto o homem como a mulher, o elemento cristão do verdadeiro amor está permeando o casamento. Isso eleva mentalmente ambos os cônjuges, de modo gradual e inevitável, até que, mais cedo ou mais tarde, o desejo sexual é substituído pela satisfação espiritual. O amor real entre os cônjuges será permanente se todo o processo for o resultado de crescimento espiritual e não de vontade humana.

Para outra pessoa, no entanto, cumprir com uma obrigação sexual para com seu parceiro pode ser por demais desafiador e, talvez, seja melhor que não se case. Para a maioria das pessoas, é normal um certo grau de atividade sexual, no casamento. Por isso seria cruel, para o indivíduo que não deseja um relacionamento sexual, casar-se com alguém que ainda o deseje. Se não houver um acordo mútuo nessas questões íntimas, não haverá genuína felicidade em crescerem juntos espiritualmente. “O casamento deveria significar uma união de corações”Ciência e Saúde, p. 64., diz-nos a Sra. Eddy em Ciência e Saúde.

Se alguém decide não se casar (e esta deve ser uma decisão totalmente particular, feita com profunda humildade, apoiada na orientação de Deus), deve reconhecer que isto significa uma decisão moral de não ter nenhum tipo de relações sexuais. Homossexualidade, lesbianismo e amor livre não são substitutos do casamento. Envolvem perversões e refutam tudo o que o casamento representa. O indivíduo solteiro que mantém padrões morais cristãos ou que se casa de acordo com a autoridade bíblica, está se coadunando com leis morais e espirituais que fortalecem, não apenas a si próprio, mas a toda a sociedade.

Há na Bíblia uma declaração que nos ajuda a tomar uma decisão sábia quanto a se devemos ou não casar. Lemos em 1 João: “Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus.” 1 João 3:21. Precisamos aprender a ouvir o que o nosso coração nos diz e a não comparar o nosso progresso com o de outros. Sempre que vivemos honestamente de acordo com os ensinamentos de Cristo Jesus e da Ciência Cristã, temos o apoio de Deus e esse Amor divino conosco é o que nos habilita a curar.

Relações sexuais entre marido e mulher, sob as provisões morais e legais do casamento, são, geralmente, consideradas normais. Não precisamos sentir-nos indignos de ajudar outros por meio de tratamento da Ciência Cristã, devido a tais relações. Todo sentimento de culpa pode ser obliterado quando nossos motivos são cristãos e quando estamos vivendo honestamente dentro da proteção da moralidade cristã. A pessoa que pede nossa ajuda metafísica não está se volvendo ao nosso eu humano para obter cura, mas está reconhecendo nossa percepção espiritual — aquilo que sabemos da totalidade da Verdade — e não o que ainda não demonstramos. É nossa confiança em Deus, nosso amor pelo bem, nossa compreensão e domínio espirituais o que deixa entrar a luz sanadora. Quando um Cientista Cristão possui a percepção real de que Deus, a Verdade, realiza a obra, então sua vida pessoal, se moralmente honesta e verdadeiramente cristã, não impedirá curas rápidas e eficazes, tanto para si como para outros. Podemos esperar, também, que, à medida que nossos pensamentos e ações assumem pontos de vista cada vez mais elevados, nosso trabalho de cura se torne instantâneo.

Os cônjuges podem libertar-se do sentimento de culpa quanto a relações íntimas com seu parceiro. Talvez devamos preocupar-nos menos com esse aspecto do casamento, mas ter mais autodisciplina com relação a ele. O indivíduo casado, que estudou Ciência Cristã em profundidade por vários anos, talvez sinta o desejo de libertar-se de qualquer obrigação sexual. Talvez sinta que essa obrigação atrapalha seu crescimento espiritual. Porém, simplesmente evitar a atividade sexual no casamento não significa, necessariamente, que estejamos demonstrando em nossa vida um maior grau do caráter cristão. Pode ser que exatamente o oposto aconteça, pois talvez signifique que não estamos sendo tão amáveis e gentis como costumávamos ser. Cristo Jesus disse: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” 4:20. Uma demonstração genuína de superar a necessidade de relações sexuais deveria ajudar ambos os parceiros a sentirem-se satisfeitos sem elas.

Se honestamente desejamos crescer em nossa percepção da identidade incorpórea do homem como o reflexo do Pai-Mãe Deus, podemos dar alguns passos na direção certa, agora. Podemos estudar a Bíblia e Ciência e Saúde mais meticulosamente, a fim de obter uma compreensão prática da unidade do homem com Deus, como Sua expressão completa. Podemos ser mais pacientes com as necessidades aparentes, tanto nossas quanto de outros. E podemos resistir, mentalmente, à avalancha de sexualismo que está sendo despejado no mundo de hoje. É contraditório dizer que desejamos viver vidas puras e espiritualmente livres e apoiar filmes e programas de televisão voltados para o sexo, ou ler livros e revistas sensuais. Nossas ações tornam nossos motivos hipócritas.

Os casais talvez também tenham de resistir à tentação predominante de que serão felizes apenas se se abandonarem a graus cada vez maiores de gratificação sensual. Viver a Ciência Cristã desvia-nos de procurar gratificação e felicidade na matéria. A Ciência está aqui para ajudar-nos a vencer o impulso sensual, não para satisfazer as exigências da mente mortal por crescente sensualidade. A medida que aprendemos a disciplinar nossos pensamentos com a verdade de que o homem já está satisfeito porque está, para sempre, unido ao Amor divino, a sensualidade autocomplacente começará a desaparecer de nossa vida. A influência das tendências mundanas exerce menos atração, quando compreendemos que a verdadeira felicidade está no crescimento espiritual.

Regozijemo-nos com o fato de que nosso Deus é Amor. Exige-se de nós apenas aquilo que podemos fazer honestamente, hoje. Porém, temos de viver de acordo com nosso mais elevado sentido do que é correto e esforçar-nos por obter a moralidade que sustenta um viver ainda mais espiritual. À medida que os indivíduos, que aderiram à Ciência Cristã, mantiverem um ponto de vista verdadeiramente cristão em seu modo de pensar e de viver com relação às questões sexuais, seus pensamentos e exemplos pessoais ajudarão a elevar o mundo dos escuros abismos do sensualismo. A felicidade e alegria de nos reconhecermos como filho livre, puro e individual de Deus está à disposição de todos. Enquanto isso, podemos ser gratos pelo progresso que obtemos e confiar que nosso desejo de espiritualidade será, um dia, demonstrado por completo. Como a Sra. Eddy o promete: “O desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações.”Ciência e Saúde, p. 1.

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