Cristo Jesus ensinou e demonstrou a perfeição plena do homem. Sua ascensão provou de modo conclusivo que o homem é a ilibada expressão de Deus.
Alcançar esta demonstração final de perfeição requer crescimento espiritual profundo. Jesus esperava que cada um de nós superasse a mortalidade assim como ele a superou. Conquanto suas ações, até mesmo toda a sua vida, forneçam provas da suprema Ciência do ser, também nos dão um exemplo poderoso do que hoje em dia significa ser genuinamente moral. A vida de Jesus, de fato, ilustra a moralidade que é indispensável à demonstração da pura espiritualidade.
O Cristo revela a natureza rematada da existência, o relacionamento eterno e inalterável do homem com Deus, a Alma imortal. O Cristo, porém, faz mais do que encaminhar a humanidade para a realidade suprema; promove qualidades morais tais como a castidade, a virtude, a integridade, atributos esses que estabelecem uma estrutura estável para vencerem-se as limitações materiais. Às vezes, quando alguém quer se conduzir moralmente, mas cedeu ao que parece ser uma tentação inexorável, talvez lhe seja necessário compreender melhor a ação do Cristo; reconhecer-lhe a influência irresistível para o bem. O Cristo fortalece, sustenta e compele o pensar moral, a ação moral.
O progresso espiritual individual e coletivo são ambos acelerados pela nossa capacidade de discernir e, então, de agir de acordo com as diretrizes do Cristo. O que se oporia ao nosso progresso no reconhecimento pleno da perfeição do homem? A Bíblia define admiravelmente esse adversário: “O pendor da carne é inimizade contra Deus.” Romanos 8:7. Essa assim chamada mente carnal, essa suposta inteligência antagônica, alheia a Deus, desafiaria nossa percepção moral, nossa capacidade de distinguir entre o que promove progresso espiritual e o que procura desferir-lhe golpes mortais.
S. Paulo descreveu sua luta com a mente carnal: “Não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.” 7:19. A mente carnal, com sua hostilidade contra a retidão, bem pode ser comparada a um assassino. Mataria nossa bondade e retidão. Mas a Ciência divina dá-nos uma defesa infalível. Mostra como reconhecer a falta de poder, a irrealidade total de tudo o que pretende ser dessemelhante de Deus. Mary Baker Eddy, a primeira e a mais perspicaz professora de Ciência Cristã nesta época, pede aos que instruem alunos na Verdade divina que instilem neles um senso de moral e ética. Juntamente com outros requisitos ela pede com insistência: “Além disso, o professor deve preparar seus alunos cabalmente para se defenderem contra o pecado e se protegerem contra os ataques do pretenso assassino mental, que tenta matar moral e fisicamente.”Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 445.
Algumas vezes supomos que pensamentos imorais se originem em nós, que eles nos pertençam. Mas eles pertencem ao pendor carnal impessoal, nunca à Mente divina, e nunca ao homem que reflete essa Mente. Um impulso de ser desonesto, de enganar, furtar, por exemplo, é um impulso aprisionador. Não se origina na Alma, a fonte de toda liberdade moral. Esse impulso errôneo provém do assassino, a mente carnal. Se pudesse, ele haveria de destruir nossa integridade.
Essa mente carnal pretende invadir-nos a clareza moral nublando o reconhecimento das normas explícitas e implícitas contidas nos Dez Mandamentos e a bênção libertadora que recebemos ao nos pautarmos pelo Sermão do Monte. O pendor para as coisas mundanas tentaria privar-nos da vitalidade moral animando-nos a dar ênfase ao sensualismo, incitando-nos à infidelidade, promovendo atos e relações sexuais inteiramente alheios aos propósitos naturais e normais de procriação.
Quando nossa capacidade de pensar e agir moralmente está comprometida, diminui a nossa utilidade à Causa da Ciência Cristã. Talvez suponhamos que determinado impulso errado seja motivado pelo corpo, mas a matéria não pensa. E, pensar a partir de uma base material sem ser influenciado pelo divino, não é inteligente. O alvo do assassino moral é mais sutil do que simplesmente oferecer uma tentação; ameaça a supressão gradual da capacidade de percebermos por nós mesmos, e de ajudarmos nosso semelhante a descobrir, a presença de Deus, o Tudo-em-tudo do ser.
Cristo Jesus compreendia como defender-se. Quando a mente carnal o tentou a usar seu poder de maneira imoral, isto é, de modo impróprio ou não ético (por exemplo, para ganhar honras mundanas) Jesus negou poder ao assassino; destruiu-lhe a suposta capacidade de o alcançar, interpondo distância, distância infinita, entre uma falsa e errônea influência e a expressão, por parte do homem, da Alma isenta de pecado. Ver Mateus 4:8—11. Poderíamos dizer que as ações de Jesus convidam a parafrasear a diretriz pertinente contida na Bíblia: “Resisti ao diabo [ao assassino mental], e ele [este] fugirá de vós.” Tiago 4:7.
Jesus alinhava-se completamente com o Cristo. E esse Cristo, a Verdade, o capacitava a ver que Deus era a sua Mente, a sua Alma. Este mesmo Cristo, revelando a Ciência da totalidade de Deus, é nossa defesa na época atual. Mostra-nos que há uma Mente só, e que esta Mente traz à luz na consciência as únicas idéias que o homem pode ter; mostra-nos que a Mente é Alma e que a Alma nos dá os únicos impulsos que podemos sentir. Esses pensamentos e impulsos são divinos, belos, inocentes.
Jesus foi capaz de provar que o assassino era destituído de poder, porque compreendia não haver mente genuína, nem alma pessoal, em oposição a Deus. Podemos resistir aos esforços da assim chamada mente carnal para sufocar nossa virtude: deixando o Cristo revelar mais de Deus, compreendendo que a consciência divina é o único Ego, perpetuamente puro.
Compreender que Deus é a nossa Mente, a nossa Alma, ajuda-nos a perceber que os únicos pensamentos capazes de nos alcançar são os pensamentos de Deus, inteligentes e puros. Saber que a Mente divina é a própria Alma imortal nos capacita a apreciar a pureza e a beleza de pensamentos verdadeiros, isentos de pecado.
A Alma infinita nunca inclui o pendor carnal. Toda a consciência é pura, divina. A Alma sustenta nossa capacidade de preservar intatas as sensibilidades morais. Na proporção em que compreendemos a natureza da Mente, a Alma, somos capazes de resistir à emboscada mental que pretenderia operar no suposto reino da mentalidade mortal. Não sentiremos impulsos irresistíveis de pensar mal ou de fazer o mal. Sentiremos a supremacia da pureza da Alma.
Não matarás.
Não adulterarás.
Não furtarás.
Não dirás falso testemunho
contra o teu próximo.
Êxodo 20:13–16
